
A Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) apresentou os dados de uma pesquisa realizada nos bancos sobre a aplicação das cláusulas conquistadas na Campanha Nacional 2024 relacionadas à diversidade e igualdade de oportunidade nas instituições financeiras.
A exposição dos números referentes a empregados PCDs, LGBTQIA+ e mulheres foi feita durante a mesa de “Negociação Nacional Bancária sobre Diversidade, Inclusão e Pertencimento”, realizada na sede da Fenaban, na tarde desta sexta-feira 30.
Pessoas com deficiência (PCD)
Segundo o levantamento da Fenaban, existem 18.528 pessoas com deficiência no setor, representando 4,28% de toda a categoria.
Em relação ao cumprimento da Cláusula 116 da CCT, que concede abono de ausência aos PCDs para conserto ou reparo de próteses, o levantamento da Fenaban revelou 101 ocorrências de trabalhadores que se utilizaram desta cláusula.
“Desde que a Convenção Coletiva de Trabalho 2024-2026 foi assinada, a cláusula 116 já foi aplicada em 52 ocorrências entre setembro e dezembro, o que revela não só a importância desta conquista, como uma certa demanda reprimida para o reparo de próteses, o que pode ter como causa o medo dos bancários de pedirem para os seus gestores ausência do trabalho para este fim, que agora é garantido pela CCT”, ressalta Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, que representa os trabalhadores de bancos nas negociações com a Fenaban.

Licença-maternidade/licença-paternidade
- 84% dos bancos aderiram à conquista da ampliação da licença-maternidade de 120 para 180 dias e licença-paternidade de cinco para 20 dias;
- 6% afirmaram que irão aderir a essa extensão de direitos até o 1º semestre de 2026;
- 6% estão analisando e 4% não deram previsão;
- 100% dos bancos afirmaram conceder o mesmo tratamento às relações homoafetivas em relação às licenças-maternidade e paternidade.
- Destaque para o aumento de bancários e bancárias que acessaram este direito:
- Do total de 7.269 licenças-maternidade, 99,6% (7.240) foram de 180 dias;
- Do total de 6.770 licenças-paternidade, 99,4% (6.732) foram de 20 dias.
LGBTQIA+
- 97% dos bancos afirmaram aplicar o reconhecimento da relação homoafativa estável, aplicando as vantagens da CCT aos cônjuges no caso de casais homoafetivos;
- 71% disseram que têm indicações para que cônjuges/companheiros do mesmo sexo tenham acesso ao plano de saúde do companheiro bancário.
Declaração de repúdio de qualquer forma de discriminação contra pessoas LGBTQIA+:
- 71% já realizaram a declaração;
- 14% irão realizar ainda neste ano;
- 3% até 1º de semestre de 2026;
- 11% estão pendentes.
Declaração de apoio à igualdade, sem discriminação LGBTQIA+, com destaque às pessoas trans:
- 69% declararam;
- 11% irá declarar em 2025;
- 3% até 1º semestre de 2026;
- 17% estão pendentes sobre o tema.
Informações aos empregados sobre o reconhecimento e respeito ao grupo diverso de pessoas LGBTQIA+:
- 91% informaram;
- 6% irão informar ainda em 2025;
- 3% estão pendentes quanto a essa demanda.
Canais de apoio para questões ligadas aos temas LGBTQIA+:
- 86% dos bancos disponibilizam;
- 8% irão disponibilizar ainda neste ano;
- 3% até 1º semestre de 2026;
- 3% estão pendentes.
- Sendo que 94% desses canais são os mesmos das cláusulas de combate ao assédio moral, sexual e outras formas de violência.
População trans
- Segundo a Fenaban, o levantamento revelou a presença de 233 de pessoas trans no setor:
- 77% dos bancos que responderam à pesquisa disseram que possuem pessoas trans em seus quadros;
- 20% não ofereceram esses dados;
- 3% afirmaram não controlar essa informação
- 100% dos bancos afirmaram que estão assegurados os direitos do uso do pronome de auto identificação (nome social).
Disponibilização, pelos bancos, aos seus empregados, de informações sobre as iniciativas relativas à "diversidade, inclusão e pertencimento":
- 74% disponibilizaram;
- 14% vão disponibilizar ainda em 2025;
- 3% até 1º semestre de 2026;
- 9% estão pendentes.
A pesquisa foi entre novembro (fim da Campanha Nacional dos Bancários) e abril, com 35 bancos onde trabalham 90% da categoria.
“Os números revelados pela pesquisa da Fenaban evidenciam a importância para os bancários das cláusulas de diversidade conquistadas na última Campanha Nacional. Mostram também o quanto a nossa categoria está à frente na defesa dos direitos humanos, tão atacados no momento atual. Espero que a gente avance mais nessa discussão. Os bancários têm interesse nessa temática. Não basta só colocar pessoas PCDs, LGBT e negras nos bancos. As agências bancárias e departamentos têm de ser espaços onde o racismo, a violência de gênero e a LGBTfobia sejam intoleráveis. E nós vamos seguir lutando para obter avanços nesta pauta”, afirma Neiva.
4º Censo da Diversidade
Em conformidade com a cláusula 136 da Convenção Coletiva de Trabalho, o Comando Nacional dos Bancários cobrou a realização, até o final de 2026, de uma nova edição do Censo da Diversidade, Inclusão e Pertencimento do Setor Bancário.
Ficou definida a criação de um grupo de trabalho formado por bancários, Fenaban e Ceert – empresa contratada para a produção do censo –, a fim de elaborar as perguntas da pesquisa, que deverá ser feita com os trabalhadores até a terceira semana de setembro. Seu resultado deve ser divulgado em fevereiro de 2026.
Protocolo de conduta contra racismo e LGBTfobia
O Comando Nacional dos Bancários cobrou a implantação de um grupo de trabalho visando a elaboração de um protocolo de atuação em casos de racismo e LGBTfobia, tanto entre funcionários quanto de clientes contra funcionários.
“A formação precisa vir acompanhada da ação para coibir esses tipos de violência. Recebemos diversos casos de funcionários que sofreram racismo e os trabalhadores não souberam como reagir, porque não foram preparados. Então a nossa proposta é desenvolver um protocolo que acolha e que coíba esses crimes, para proteger a categoria”, ressaltou a coordenadora do Comando Nacional dos Bancários, Juvandia Moreira.
A Fenaban reconheceu a relevância da proposta. Mas alegou não estarem preparados para o seu debate na mesa desta sexta-feira 30, e pediram para a pauta retornar à discussão em um próximo encontro.
Sua opinião é muito importante, por isso, responda à Consulta Nacional 2025 para nos preparamos para os desafios de 2025.
