Segundo a Organização Internacional do Trabalho haverá uma redução de 5% a 10% dos empregos no futuro, e pelo menos 60% dos postos de trabalho sofrerão alterações drásticas pela automação, que vem ganhando campo no setor financeiro do Brasil. Nos anos 80 havia cerca de um milhão de trabalhadores bancários no país. Atualmente são cerca de 400 mil.
A fim de debater essa realidade e encontrar soluções para o problema, o Comitê Executivo de Juventude UNI Américas se reuniu na República Dominicana, nos dias 20 e 21 de junho, para debater inovação tecnológica e as mudanças no futuro do mundo do trabalho.
O objetivo do encontro é a formação política de jovens dirigentes sindicais, intercâmbio, construção de narrativas e definições de pautas conjuntas. Representando a Contraf-CUT e o Brasil estiveram presentes Lucimara Malaquias, vice-presidente de juventude Uni Américas e Katlin Salles coordenadora da rede Uni juventude Brasil.
“O problema do desemprego hoje não é resultado exclusivo da inovação tecnológica, mas principalmente do modelo econômico e político vigente que canaliza majoritariamente os recursos disponíveis para uma parcela pequena das pessoas”, afirma Lucimara.
Além de representantes do Brasil, participaram do seminário dirigentes da República Dominicana, Chile, Argentina, Uruguai e Bahamas.
Para o movimento sindical é inegável que tecnologia trás benefícios importantes e necessários, mas é urgente debater quem se apropria de fato dessa tecnologia e quem controla o acesso a elas.
“O grande desafio é dar acesso aos mais pobres às mesmas tecnologias e recursos que os mais ricos. Certamente sem mobilização e marcos regulatórios internacionais, o futuro não será inclusivo para imensa parcela dos trabalhadores”, afirma Lucimara.
Segundo dados da ONU e da OIT, 53% da população mundial não tem acesso a internet , 90% não tem acesso ao ensino universitário, e atualmente há 190 milhões de desempregados. Do total de trabalhadores em plataformas digitais, 86% são jovens entre 18 e 29 anos e 75% dos trabalhadores temporários são jovens.
“Esses dados demonstram o tamanho da desigualdade no mundo e o tamanho do nosso desafio. A falta de alternativa empurra os jovens para empregos precários e dificulta seu planejamento de vida no longo prazo”, avalia Katlin Salles.
Atualmente há uma disputa de narrativas sobre o que é o trabalho temporário: um atrativo para os jovens por permitir jornadas flexíveis e locais físicos de trabalho diferentes dos tradicionais, como a residência própria, ou um café.
“Mas na verdade essa nova organização esconde um perigoso precedente nas relações de trabalho. Os benefícios são poucos perto dos prejuízos, como ausência de contratos e direitos trabalhistas”, enfatiza Lucimara.
Para a dirigente, a inserção dos trabalhadores no debate de alternativas para o novo mundo do trabalho é essencial. “E para isso precisamos reivindicar dos governos e das empresas para que os trabalhadores sejam considerados atores sociais relevantes e necessários na construção de propostas para enfrentamento às crises políticas, econômicas em curso no mundo.”