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Chapéu
Campanha dos Bancários 2022

33º CNFBB debate garantia de renda e emprego dignos para jovens

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Os desafios para o acesso dos jovens ao trabalho e renda decentes foram o tema do encontro sobre juventude que finalizou o 33º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (33º CNFBB), nesta sexta-feira 10. O CNFBB é uma das etapas da Campanha Nacional dos Bancários 2022, que irá renovar a Convenção Coletiva de Trabalho e os acordos coletivos de trabalho específicos do Banco do Brasil e demais bancos.

Lucimara Malaquias, presidenta da UNI Américas Juventude e diretora executiva do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região, enfatizou que a população jovem é a que mais sofre com o desemprego, não só no Brasil. Segundo a dirigente, as taxas de desemprego daquela faixa etária, no mundo, são sempre acima das duas casas percentuais.

“Hoje, no Brasil, nós temos em torno de 31% dos jovens em situação de desocupação, nós temos a quarta maior taxa do mundo de desemprego, e isso é bastante significativo. Em abril, os dados do Caged apontam que foram geradas 100 mil vagas formais para jovens entre 16 e 24 anos. Quando você olha este dado isoladamente, pode até pensar que é positivo, mas quando olhamos o saldo de desocupados, nós estamos falando de 12 milhões, em todas as faixas etárias. E 100 mil vagas não é nada.”

Segundo Lucimara, existem dois grandes grupos de jovens: o periférico, cuja opção de trabalho é o iFood, o Uber, ou seja, o trabalho precário que não dá nenhuma garantia trabalhista e social; e o altamente capacitado, como os jovens inseridos na categoria bancária.

“Mas esse jovem foi educado na cultura da meritocracia, então nosso ticket, nossa PLR, nossa Convenção Coletiva de Trabalho, ele entende como benefícios graças a essa capacitação, graças a bater metas. Ele não tem uma identidade com a luta coletiva e social, e muito menos com o movimento sindical. E aí surge o nosso desafio, porque esse jovem não vai permanecer na categoria bancária ou em outras categorias que têm proteção social. Esse jovem vai ser empurrado para a ‘pejotização’, para a terceirização, e o Santander lançou agora um novo slogan, que o trabalhador vai ser ‘sócio do banco’, com salário fixo de R$ 1,5 mil e com uma carteira de 100 mil clientes. ‘E boa sorte para você. Você pode ficar milionário, só depende de você’.”

Paula Nunes, advogada e co-vereadora em São Paulo pela Bancada Feminista do PSOL, alertou que a políticas de cotas raciais nas universidades públicas vão passar por uma revisão este ano, e podem ser extintas.

“Quando a gente olha para a História do nosso país, que teve mais de 300 anos de escravidão e pouco mais de 130 anos de trabalho livre, nunca teve minimamente uma política de reparação garantida. E quando a gente fala sobre cotas raciais, a gente sempre brinca com o fato de que as cotas sempre existiram no Brasil, mas existiram para as pessoas brancas, existiriam para os filhos da elite, não para a classe trabalhadora, para as pessoas pobres, daí a importância de defender e valorizar as cotas raciais nas universidades federais e também aqui, nas estaduais paulistas, mas também de falar sobre a importância de lutar pela manutenção das cotas neste ano, que é um ano de tantos desafios”, disse a vereadora.

Valorização

Cristiana Paiva, professora, jovem agricultora familiar e secretária de Juventude da CUT Nacional, enfatizou que os sindicatos devem valorizar e garantir espaços para os jovens.

A dirigente apresentou dados que apontam uma pequena participação dos jovens em processos sindicais, em direções e cargos além da secretaria de juventude. “Jamais o jovem é cogitado para assumir uma presidência, uma secretaria geral ou algo do tipo. Sempre há a narrativa de que não temos experiências, mesmo que sejamos capazes.”

Segundo Cristiana, esta realidade desestimula os jovens, e não condiz com a experiência desta faixa etária que já está na luta sindical. “São poucos espaços ocupados por jovens, apesar de ser histórica a participação da juventude nos processos de mudança e na luta por direitos no Brasil”, pontuou.

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