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Chapéu
Campanha dos Bancários 2022

Banco do Brasil: desigualdade de gênero e raça pauta 33º CNFBB

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A secretária-geral do Sindicato, Neiva Ribeiro, fala durante a mesa sibre dsigualdade de gênero e raça na renda e do trabalho, no 33º CNFBB


A desigualdade de gênero e raça entrou na pauta do 33º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (33º CNFBB), nesta sexta-feira 10. O CNFBB é uma das etapas da Campanha Nacional dos Bancários 2022, que irá renovar a Convenção Coletiva de Trabalho e os acordos coletivos de trabalho específicos do Banco do Brasil e demais bancos.

Neiva Ribeiro, secretária-geral do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região, falou sobre a importância de lutar pela ratificação convenção 190 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que combate o assédio e a violência no local de trabalho, e afirmou que a categoria bancária brasileira é uma das mais organizadas do mundo, tendo chegado a receber uma menção da mesma OIT por ter sido uma das primeiras a incluir pautas sobre desigualdade na mesa de negociação com os bancos.

“A gente ouvia que a mulher ganha menos porque tem filho, e isso é problema dela, não é problema dos bancos, ou da sociedade, ou do sindicato. A gente se organizou junto com o Dieese, levantou os dados e mostrou que a média salarial de um homem branco na categoria bancária hoje é de R$ 10.182, enquanto uma mulher negra ganha R$ 5.991. Levamos para a mesa de negociação que sim, tem desigualdade salarial de gênero, de raça, que as mulheres são a maioria na categoria, mas não estão nos cargos de poder.”

Neiva acrescentou que não será possível construir um Brasil sem desigualdade e desenvolvido, sem enfrentar as questões de desigualdade de gênero, de raça, de orientação sexual, e incluindo as pessoas com deficiência. “É uma tarefa nossa eleger mais mulheres, mais mulheres negras, mais pessoas LGBTQIA+, mais jovens para o Congresso Nacional”, complementou a Neiva.

Ana Cristina Rosa Garcia, ex-gerente executiva da área de gestão de pessoas do BB, falou sobre o programa pró-equidade de gênero e raça, da secretaria de política para as mulheres, instituído pelo Banco do Brasil em 2008.

“Cada empresa que se inscrevia tinha de levantar seus dados, e o BB, quando entrou para o programa, nem achou que tinha problema de gênero, porque nem tinha levantado esses dados e não sabia quantas mulheres tinha em cada cargo ou em cada nível hierárquico. E quando a gente levantou esses dados, isso escancarou a situação da desigualdade de gênero na empresa”, disse Ana Cristina.

“O programa se propôs a fazer uma mudança de cultura nesse tema de uma forma a cuidar desse tema. Resolver o problema de gênero, de raça, diversidade de forma simples não é possível. É um problema complexo. São centenas de anos de cultura que a gente tem de mudar”, acrescentou.

A dirigente sindical e bancária do Banco do Brasil, Fernanda Lopes, lembrou do projeto Basta! Não vão nos calar!, que combate a violência de gênero, e os assédios moral e sexual contra mulheres. Desde sua implantação, o programa atendeu 282 mulheres que sofrem violência de gênero, e foi responsável por 123 medidas protetivas. Nove sindicatos de bancários participam da iniciativa, dentre eles o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região.

O agendamento para atendimento pelo projeto Basta! Não vão nos calar! É realizado via Central de Atendimento, por chat, no telefone 3188-5200 e também via WhatsApp por meio do número 11 97325-7975 (Clique aqui para falar diretamente via WhatsApp)

A advogada, mestra em Direito Político e Econômico e Bacharel em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e diretora do Instituto Lula, Tamires Sampaio, enfatizou que as violência de gênero e de classe determinam a forma como as instituições funcionam, como as relações sociais são determinadas, e como a cultura faz com que exista uma naturalização da violência e dos processos de desigualdade.

“O Brasil foi marcado por mais de dois terços da nossa História pelo período de escravidão da população negra, e não é a toa que a gente percebe que, mesmo hoje, mais de 130 anos depois da abolição da escravidão, ainda existem marcadores de violência de desigualdade nas relações de trabalho”, afirmou.

A vereadora de São Paulo Juliana Cardoso (PT) lembrou que uma parte da sociedade está na miséria e na desilusão por conta da inação do governo atual. “Quando a gente fala deste governo, temos de falar que ele é inimigo das mulheres, inimigo da classe trabalhadora, da falta de perspectiva. E ele começa na desagregação através da educação, da assistência social, da entrega dos bancos públicos. É extremamente importante a gente pensar que uma mudança é possível.”

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