A saída de Pedro Guimarães do comando da Caixa Econômica Federal após denúncias de assédio sexual não pode ser um ponto final para o episódio. As investigações devem prosseguir e, se confirmadas, devem levar à punição do ex-presidente do banco público. É o que afirma Maria Rita Serrano, representante eleita dos empregados no Conselho de Administração (CA) da empresa.
“A Caixa tem obrigação de abrir processo investigativo, porque tem denúncia no Ministério Público Federal. Essas denúncias precisam também ser apuradas internamente, porque a Caixa tem normas de governança que determinam investigações internas em casos como este. E se houver comprovação das denúncias, deve haver consequências. O papel do Conselho de Administração é levar essas denúncias para os órgãos de governança e para a Justiça, e o meu papel dentro do CA é o de fazer cumprir as regras do próprio banco, que é abrir processo e, caso confirmadas as denúncias, leva-las para a Justiça.”
Tamara Siqueira, dirigente sindical e bancária da Caixa, reforça a importância de casos de assédio sexual e moral serem denunciados. “É preciso que os bancários e bancárias tenham a coragem de denunciar, para que os assediadores não fiquem impunes e essas práticas sejam cada vez mais condenadas.”
O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região disponibiliza a todos os bancários da sua base um canal formal, previsto e regulamentado pela Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), para denunciar, de forma totalmente sigilosa, a prática de assédio moral.
Troca de comando da Caixa não mudará política do banco
A cotada para comandar a Caixa no lugar de Pedro Guimarães é Daniella Marques, secretária especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, e considerada braço direito do ministro Paulo Guedes (Economia). Formada em administração pela PUC do Rio de Janeiro, Marques foi sócia de Guedes na Bozano Investimentos.
A troca de comando, na opinião de Maria Rita Serrano, não representará nenhuma mudança para a gestão do banco público. “Não vai mudar nada porque o patrão continua sendo o governo federal, e a política deste governo é privatizar o banco, então será colocada no comando do banco público mais uma representante da mesma política”, avalia a representante eleita dos empregados no CA da Caixa.