A ruidosa saída de Pedro Guimarães do comando da Caixa Econômica Federal após denúncias de assédio sexual expôs um problema frequente na estrutura de trabalho dos bancos: a violência organizacional, da qual o assédio sexual é apenas um dos sintomas.
Por esta razão, o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região disponibiliza a todos os bancários da sua base um canal formal, previsto e regulamentado pela Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), para denunciar de forma totalmente segura e sigilosa a prática de assédio moral.
O instrumento é uma conquista da categoria de 2010 e, em 2015, os bancos finalmente reconheceram que a pressão abusiva pode levar ao adoecimento dos trabalhadores. A Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) dos bancários passou então a contar com uma nova cláusula, cujo objetivo é melhorar as condições de trabalho nas agências e nos departamentos.
“O assédio sexual é só uma parte da violência organizacional, mas o assédio moral ocorre a todo o tempo e de forma muito mais disseminada. Durante o comando de Pedro Guimarães essas práticas pioraram bastante, mas não são exclusividade da sua gestão. Por isso é preciso que os bancários e bancárias tenham a coragem de denunciar, para que os assediadores não fiquem impunes.”
Tamara Siqueira, dirigente sindical e empregada da Caixa
Pesquisa da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), realizada entre novembro e dezembro de 2021, mostra que 6 em cada 10 entrevistados relatam ter sofrido assédio moral no ambiente de trabalho. A pesquisa foi feita com 3.034 trabalhadores do banco, tanto aposentados quanto da ativa. Entre os funcionários da ativa, 56% disseram ter sofrido esse tipo de assédio. Além disso, 70% dos entrevistados já testemunharam assédio moral em ambiente da Caixa.
O levantamento também mostra que 65% dos pesquisados conhecem algum colega passando por situação de sofrimento constante, como depressão, angústia ou pânico causados pelo ambiente de trabalho na Caixa.
“Esses dados evidenciam que o assédio moral é uma realidade, e as vítimas não podem ter medo de denunciar ao Sindicato, com a certeza de que a identidade da vítima será mantida no mais absoluto sigilo”, reforça Tamara.