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Prefeitura recebe moradores da Favela do Moinho

Linha fina
Após primeira reunião feita em dia de protesto, foi marcado outro encontro a fim de solucionar situação de aproximadamente 400 famílias
Imagem Destaque

São Paulo – Após uma manifestação em frente à Prefeitura Municipal de São Paulo, no Viaduto do Chá, no centro da capital, os moradores da Favela do Moinho conseguiram se reunir na noite de sexta 5 com o secretário municipal de Habitação, José Floriano de Azevedo Marques Neto, e agendaram uma nova reunião para a quinta-feira 11, na comunidade.

A Favela do Moinho, localizada embaixo do Viaduto Orlando Murgel e ao lado de uma linha férrea, foi atingida por dois grandes incêndios nos anos 2011 e 2012. Segundo os moradores, cerca de 400 famílias ainda vivem no local. No ano passado, durante a campanha eleitoral, o atual prefeito Fernando Haddad visitou o local e prometeu aos moradores que iria “trabalhar muito para regularizar a situação do terreno”.

“Eles não deram horário definitivo [para a reunião], mas a gente já teve um bom avanço que foi conversar e eles vão colocar água para a gente e melhorar [o local], fazendo uma canalização dos esgotos”, disse Alessandra Moja Cunha, uma das líderes comunitárias que participaram da reunião. Os moradores apresentaram uma lista em que pediram regularização fundiária do terreno; urbanização; água, luz, esgoto e coleta de lixo no local e equipamentos de combate a incêndio, entre outros

Os manifestantes disseram que, caso o acordo não seja cumprido, haverá um novo protesto na sexta-feira 12. “Queremos moradias, mas melhorando [as condições] lá, já dá para parecer uma moradia melhor”, disse Alessandra.

A reunião, no entanto, não satisfez o coordenador-geral da comunidade, Humberto José Marques Rocha. “Não [ficamos satisfeitos com a reunião de hoje]. Queremos a presença dele [secretário] e do Haddad [o prefeito Fernando Haddad] lá”, disse.

Protesto - Os manifestantes saíram do Viaduto Engenheiro Orlando Murgel, na região da Barra Funda, e seguiram em caminhada pela Avenida Rio Branco, passando pelo Largo do Paissandu e Viaduto do Chá, com destino à prefeitura municipal. A caminhada teve início por volta das 16h de sexta 5 e o grupo chegou à prefeitura por volta das 17h30.

Após o início dos debates com o secretário, os moradores que ficaram do lado de fora permaneceram cantando, gritando e projetando no prédio da Prefeitura vídeos da campanha eleitoral em que Haddad prometia que iria regularizar a situação..

“A gente não quer Bolsa Aluguel. Queremos moradias para a gente, de preferência por aqui mesmo”, disse Sandra Regina, mãe de Alessandra, que vive há 17 anos no local. “Queremos morar no centro. Dezoito anos é uma história. Temos uma história no centro. Queremos o terreno para morar. Aqui no centro temos escola, creche, mercado, hospital e tudo perto. Temos tudo ao redor”.

Maria Cristina dos Santos, que mora no Moinho há nove anos com seus quatro filhos, se emociona ao falar que tem medo de ser expulsa. “Temos medo de eles colocarem a gente para fora sem direito a nada”, falou à Agência Brasil. Maria Cristina diz que recusou a Bolsa Aluguel porque, segundo ela, não dá para viver no centro de São Paulo com o valor que é pago, de cerca de R$ 450, que foi oferecida pela prefeitura a alguns moradores para que deixassem de viver lá.

Por meio de nota, a Secretaria de Habitação informou que o processo de desocupação da Favela do Moinho teve início em 2012, logo após o incêndio que atingiu o local. Na época, 810 famílias foram cadastradas. Desse total, 50% recebem o auxílio-moradia e aguardam as unidades definitivas. Segundo a secretaria, não há ainda nada definido sobre o destino do local, cuja área pertence à União e é “100% cercada por trilhos, operados pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM)”.


Elaine Patricia Cruz, da Agência Brasil, com edição da Redação - 8/7/2013
 

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