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Sabesp vai tirar mais água do Cantareira

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Medida considerada “desesperada”, por estudioso, foi tomada para tentar amenizar crise de abastecimento; sistema já opera no volume morto e obras emergências para captação estão atrasadas
Imagem Destaque
São Paulo – A partir de sábado 1º a Sabesp poderá retirar mais água do Sistema Cantareira, que já opera no negativo, para abastecer cerca de 5,3 milhões de pessoas na Grande São Paulo. A autorização foi dada pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) e a Agência Nacional de Águas (ANA).

“É uma medida desesperada, porque as obras emergenciais para tentar contornar a crise não foram entregues pelo governo”, critica o estudioso em recursos hídricos Delmar Mates.

A principal obra anunciada contra a crise hídrica, a interligação dos sistemas Rio Grande e Alto Tietê, começou com cerca de três meses de atraso. Prevista para iniciar em fevereiro deste ano, a obra orçada em R$ 130 milhões deveria ter sido entregue parcialmente em maio, mas atrasou para sair do papel.

Mais água do Cantareira – A ANA e o DAEE aprovaram comunicado conjunto em que estabelecem o novo limite de vazão de retirada do Sistema Cantareira, na Estação Elevatória de Santa Inês, que vai valer até o final de agosto. Depois desse período, entre setembro e novembro, a retirada máxima permitida volta ao limite atual.

Com isso, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) poderá retirar 14,5 mil litros por segundo do manancial, que opera com 10,5% de capacidade negativa, ainda utilizando a primeira cota do volume morto. Atualmente, o limite é de 13,5 mil litros por segundo. Em janeiro de 2014, antes da crise de abastecimento de água em várias cidades do estado, a Sabesp captava 32 mil litros por segundo de água do Cantareira.

Por meio de nota, a Sabesp informou que a solicitação de aumento de retirada do sistema “visa a equilibrar a retirada do Alto Tietê”, que hoje está operando com 18,5% de sua capacidade. Segundo a companhia, a vazão afluente do Cantareira este ano foi melhor do que a verificada em 2014. Por isso, descarta a possibilidade de rodízio de água na Grande São Paulo este ano.

Para Stela Goldestein, diretora executiva da Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) Águas Claras do Rio Pinheiros, o que deve ser feito é exatamente o contrário.

Tem que trazer mais água para o sistema Cantareira, e para isso é essencial reflorestar e preservar os mananciais. Isso como medida de médio e logo prazo. Como medida de curto prazo, a única forma é manter os bônus para quem reduz, obrigar os grandes consumidores a gastarem menos água e acelerar obras de captação de água. Infelizmente não há outra saída.”


Rodolfo Wrolli – 31/7/2015
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