São Paulo – Entidades estudantis promoveram uma manifestação contra as novas regras do passe livre estudantil, promovidas pelo prefeito de São Paulo, João Doria no dia 8. A reportagem é da Rede Brasil Atual. O ato foi em frente à sede do Executivo paulistano, no centro, e teve um tucano, símbolo do PSDB, seguido da frase “Tira o bico do meu passe livre”, como a imagem da manifestação, na tarde de quarta-feira 12.
A partir de 1º de agosto os embarques ficarão restritos a dois períodos de duas horas por dia, ao contrário da regra anterior, que permitia ao estudante da rede pública de ensino fundamental, médio e técnico, de comprovada baixa renda, além de beneficiários do Fies e do ProUni, a realização de até oito viagens diárias gratuitas no transporte público.
“As novas medidas adotadas são muito ruins e prejudicam grande parte dos usuários do programa”, afirmou a presidenta da União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE), Nayara Souza. Para ela, a restrição do passe livre em duas cotas de duas horas fará com que os estudantes que moram na periferia e precisam “atravessar” a cidade para chegar ao seu local de ensino não consigam utilizar o passe até o final do mês. “Vai faltar cotas para isso.”
Com 22 anos e estudante da Fatec de São José do Rio Preto, Nayara destacou que o sistema educacional vai além da sala de aula. “O estudante tem atividades extracurriculares para cumprir, estágios não-remunerados obrigatórios para conseguir se formar, e o passe livre deve servir para isso também.” A presidenta da UEE ainda ressaltou a necessidade dos estudantes terem acesso à cidade, o que inclui frequentar museus, bibliotecas, teatros e cinema. “A gente quer a revogação imediata das novas medidas do passe livre.”
Por ser a primeira manifestação estudantil contra a gestão de João Doria, Nayara Souza disse ser incerta a reação do prefeito, mas afirmou ter “boas expectativas.” A presidenta da UEE disse ainda que a entidade pretende se reunir com Doria para apresentar os prejuízos que os estudantes sofrerão com a nova regra do passe livre.
Pensamento semelhante tem a presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Marianna Dias, ao ressaltar não saber como o prefeito vai reagir. “A gente espera que ele tenha sensibilidade para ouvir as ruas, apesar da postura dele até hoje não ter sido essa”, afirmou, lembrando a recente falta de diálogo de Doria com os grafiteiros da cidade.
Marianna reforçou a ideia de que a diminuição no número de passagens impossibilitará os estudantes que moram mais longe de chegarem à sua escola ou universidade. “Nós queremos ter acesso à cidade. Nossa geração está preparada a dar respostas quando apertam nossos direitos. Gritaremos para que a gente possa ser ouvido. Nossa forma de diálogo também será as ruas”, afirmou. “Queremos mesmo que o movimento cresça e a população possa somar.”