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Chapéu
Após privatização

Demissões e precarização podem ocorrer na Cepisa

Linha fina
Representantes dos trabalhadores também apontam indícios de que leilão teria sido "jogo de cartas marcadas" para transferir estatal a grupo ligado ao empresário Jorge Paulo Lemann
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Foto: CUT/RS

Representantes dos empregados da Eletrobras e dos eletricitários piauienses consideram que a privatização da Companhia de Energia do Piauí (Cepisa) realizada na quinta-feira 26, vai resultar na demissão de trabalhadores e na precarização dos serviços de fornecimento de energia em áreas rurais e ribeirinhas afastadas dos principais centros de consumo. Eles também não acreditam que haverá redução no preço da tarifa de energia, como alegam o governo Temer e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). 

A reportagem é da Rede Brasil Atual.

Ainda haveria indícios, segundo eles, de que o leilão se deu com "cartas marcadas" para beneficiar a empresa Equatorial Energia, único grupo a apresentar proposta oficial durante o pregão que efetivou a venda da distribuidora estatal. A Equatorial, que já controla a Companhia Energética do Maranhão (Cemar), teria por trás um grupo de investimentos ligado ao bilionário Jorge Paulo Lemann, empresário mais rico do país e dono da AmBev.

"Temos um quadro com 2.080 trabalhadores. A gente sabe que, ao privatizar, vai haver redução no quadro de pessoal, com a consequente precarização dos serviços. Ninguém divulga qual será a efetiva redução na tarifa porque é mentira, não existe isso. Agora que privatizou, vai aumentar", afirma o presidente do Sindicato dos Urbanitários do Piauí (Sintepi), Jose Paulo Sampaio Machado.

"Interessa para essas empresas privadas levar energia apenas para os grandes centros onde têm indústrias. Os prejudicados serão as populações rurais e ribeirinhas, com a precarização dos serviços em regiões mais afastadas. Ao contrário do que estão dizendo, vai haver reajuste na energia com certeza", diz o diretor da Associação dos Empregados da Eletrobras (Aeel) Emanuel Torres.

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Os dois representantes chamam a atenção para a ausência de competidores no leilão, já que a Cepisa e a Companhia Energética de Alagoas (Ceal) são consideradas as melhores do conjunto das seis distribuidoras do norte e nordeste que o governo Temer ofereceu ao mercado.

"O próprio governo divulgou que a Cepisa estava entre as melhores, com quatro ou cinco interessadas. Na hora de abrir os envelopes, apareceu apenas uma", aponta Sampaio Machado. "Nós denunciávamos a Equatorial desde o ano passado, quando representantes da empresa não saíam de dentro da Eletrobras. A gente denunciava que estava havendo ali uma relação promíscua, um jogo de carta marcada", acrescenta Emanuel.

O diretor da Aeel acredita que ainda há tempo para fazer a disputa política, no Congresso Nacional, e jurídica para barrar a privatização das demais distribuidoras, e o presidente dos urbanitários piauienses diz que o sindicato também aposta na Justiça para tentar reverter a venda da Cepisa.

No dia 25, o presidente interino do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, discordou da urgência em pedido de liminar protocolado pelo Sintepi. "Perdemos na urgência da nossa argumentação, agora vamos para o mérito", diz Jose Paulo.

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