Na terceira rodada de negociação da Campanha Nacional dos Bancários 2022, que debateu o tema “igualdade de oportunidades”, os representantes dos trabalhadores reivindicaram maior rigor na apuração de casos de assédio sexual, com total apoio às vítimas e punição aos assediadores; reivindicaram ainda maior participação de negras e negros e de PCDs nos bancos, com oportunidades melhores de acensão na carreira. A Fenaban se comprometeu a priorizar o combate ao assédio sexual, bem como as questões de igualdade de oportunidades, e afirmou ser a favor da igualdade de gênero no ambiente de trabalho.
As reivindicações para o combate ao assédio sexual são:
- Treinamento/informação, com campanhas de prevenção e combate ao assédio sexual no local de trabalho;
- Acolhimento e segurança para as vítimas, com estabilidade no emprego para a vítima;
- Apuração das denúncias por uma comissão bipartite, formada por sindicato e representantes do banco;
- Proteção e assistência às vítimas, com emissão de CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho);
- Punição rígida dos culpados, uma vez que a impunidade permite novas ocorrências.
A Fenaban se comprometeu em estudar as demandas e dar uma resposta nas próximas mesas de negociação.
“Destacamos as denúncias de assédio sexual contra o agora ex-presidente da Caixa, Pedro Guimarães, e também mencionamos outros relatos que chegam ao Sindicato. Também apresentamos dados de uma pesquisa recente da Think Eva e Linkedin sobre assédio sexual no mundo do trabalho. Com isso, ressaltamos para a Fenaban a necessidade urgente de ações para combater essa violência contra as mulheres. Não podemos tolerar que a cultura machista e misógina continue fazendo vítimas entre as trabalhadoras. Assédio é crime e deve ser devidamente apurado e punido, com total respeito e apoio às vítimas.”
Ivone Silva, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva, uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, que representa a categoria na mesa com a Fenaban
“A nossa avaliação é que foi uma negociação bem positiva, porque as reivindicações e dados apresentados pelo Comando foram bem recebidos pela Fenaban. Ressaltamos a necessidade de mudança de comportamento nos locais de trabalho, a importância da promoção da igualdade de oportunidades para todos, de termos mais negras e negros nos bancos, mais PCDs, com possibilidade reais de ascensão na carreira, e destacamos ainda o combate ao assédio moral”, relatou.
“Hoje foi um dia de vitórias para a categoria, tanto na mesa com os bancos, quanto no Congresso, onde conquistamos o compromisso de não votação do PL 1043 antes das eleições”, acrescentou. O PL 1043/2019 permite abertura das agências bancárias aos sábados e domingos.
A presidenta da Contraf/CUT e também coordenadora do Comando, Juvandia Moreira, lembrou que a categoria é referência no combate à violência contra a mulher, tendo conquistado os canais de apoio às vitimas, assinado com a Fenaban em 2020, e destacou que assédio sexual é crime e deve ser punido. “Crime tem que ser punido, aqueles que compactuam têm que responder por isso, e as vítimas têm que ser protegidas e acolhidas”, disse. “Sempre houve esse problema na categoria, mas se acentuou nos últimos anos, com o apoio do discurso do presidente da República, que é sexista, que é elitista, que é homofóbico. Acompanhamos casos absurdos, criminosos, de assédio no setor financeiro, e que temos que combater”, pontuou.
Assédio sexual nos ambientes de trabalho no Brasil
A pesquisa Think Eva e Linkedin ouviu 414 mulheres em todo o país, em 2020. Quase metade delas (47,12%) afirmou já ter sido vítima de assédio sexual no trabalho. Desse universo, a maioria são mulheres negras (52%) e mulheres que recebem entre dois e seis salários mínimos (49%). A pesquisa apontou ainda que uma em cada seis mulheres vítimas de assédio no Brasil pedem demissão e 35,5% afirmam viver sob constante medo.
Além do medo, as entrevistadas apontaram desânimo e cansaço (32%); diminuição da autoconfiança (30%); ansiedade e/ou depressão (28%); afastamento de colegas de trabalho (23%); diminuição da autoestima (22%).
As reações ao assédio para 50% delas foi contar para pessoas próximas, mas um percentual alto não fez nada (33%); 15% pediu demissão; 8% recorreram a canais de denúncia anônimos da empresa; 5% recorreram ao RH da empresa; 4% a grupos de apoio da empresa; 3% a grupos de apoio fora da empresa e 14% manifestaram outros tipos de reação.
Segundo as entrevistadas, as maiores barreiras para as denúncias foram: a crença na impunidade (78% disseram acreditar que nada aconteceria com o assediador); 64% apontaram o descaso (as pessoas diminuiriam a gravidade do ocorrido); para 64% foi o medo de serem expostas; para 60% a descrença (as pessoas não acreditariam); para 60% o medo da demissão; 41% acharam que as pessoas colocariam a culpa nelas; para 27% foi o falta de certeza de que foi assédio sexual; e 16% apontaram sentimento de que a culpa era delas.
Calendário de negociação
A próxima rodada de negociação com a Fenaban será no dia 22 de julho, sobre Cláusulas Sociais e Teletrabalho. Confira o calendário:
- Sexta-feira, 22 de julho: Cláusulas Sociais e Teletrabalho
- Quinta-feira, 28 de julho: Cláusulas Sociais e Segurança Bancária
- Segunda-feira, 1º de agosto: Saúde e Condições de Trabalho
- Quarta-feira, 3 de agosto: Cláusulas Econômicas
- Quinta-feira, 11 de agosto: Continuação das Cláusulas Econômicas
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Estamos na fase 3 da Campanha, assista ao vídeo: