![Mesa de negociação entre CEE Caixa e banco; ao microfone está a dirigente Vívian Sá (foto: Contraf-CUT) Mesa de negociação entre CEE Caixa e banco; ao microfone está a dirigente Vívian Sá](/sites/default/files/styles/max_1300x1300/public/destaques/2024-07/caixa%20%287%29.jpg?itok=WRfeQIE0)
Saúde e condições de trabalho foram o tema da mesa desta sexta-feira 26 entre a Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa e a direção do banco, no âmbito da Campanha Nacional dos Bancários 2024. Os representantes dos empregados querem o fim das metas abusivas e do assédio moral no banco público, que adoecem a categoria.
Segundo levantamento do Dieese a partir de dados do INSS, quase 80% dos afastamentos dos empregados se dá por problemas psíquicos. “Não é possível que quase 76% dos casos de afastamentos para tratamento de saúde de empregados da Caixa, devido a questões relacionadas ao trabalho (B91), sejam por problemas mentais ou comportamentais”, destacou o diretor da Contraf-CUT e coordenador da CEE/Caixa, Rafael de Castro.
“E todos nós aqui, de ambos os lados da mesa, sabemos que esses problemas são causados pelas ferramentas adoecedoras utilizadas pelo banco para fazer a gestão de pessoas e a cobrança abusiva de metas, além de falta de orientação da direção para gerir as equipes de forma de fato humanizada”, completou.
O levantamento realizado pelo Dieese aponta ainda que, entre os principais motivos de afastamentos acidentários (B91) das empregadas e empregados da Caixa, 75,4% são para tratamento de doenças mentais e comportamentais; 12,8% por doenças osteomusculares e do tecido conjuntivo; 3,1% a fraturas; e 0,2% a problemas nervosos.
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Segundo a Caixa, a taxa de absenteísmo na empresa pública é de 3,51%. Os representantes do banco informaram ainda que todos os empregados que tenham sido cobrados por tratamentos de doenças relacionadas ao trabalho (B91) devem entrar em contato com o banco para serem ressarcidos, pois os custos são de responsabilidade da empresa.
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A representação dos empregados destacou que na consulta nacional aos bancários, entre abril de junho, cerca de 40% dos respondentes disseram ter ou já ter tido doenças mentais, como depressão. Eles destacaram ainda que o percentual de absenteísmo apresentada pelo banco (0,37% a cada mês de empregados licenciados por acidente de trabalho) representa, em números absolutos, mais de três centenas de empregados adoecidos pela empresa todo o mês, um número alto.
É preciso resolver
“A Caixa precisa olhar para todos os instrumentos de acompanhamento que possui e observá-los enquanto instrumentos adoecedores que são. O TDV (time de vendas), por exemplo, coloca indivíduos para disputar individualmente, o tempo todo, para estar no time, mas não são um time, já que não é um trabalho de equipe, e ainda tem sido imprescindível para a avaliação individual e promoções”, disse a representante da Fetec-CUT/SP, Vivian Sá.
Além dos instrumentos adoecedores, o coordenador da CEE/Caixa citou exemplos de práticas adoecedoras: cobrança pelo WhatsApp, Teams, ligações-ponte; e controle de hora em hora no meio e até depois do expediente. “É desvirtuamento completo da relação cliente empregado, onde o foco é o resultado do banco e não a necessidade do cliente que atendemos”, disse Rafael.
A Caixa se comprometeu a acabar com o feedback de caráter punitivo e utilizar o mecanismo apenas para contribuir com o desenvolvimento das empregadas e empregados.
Os empregados também lembraram que faz dois anos que toda a mídia divulgou as denúncias de assédio moral e sexual envolvendo o ex-presidente do banco, Pedro Guimarães, e que não houve punição para o principal denunciado. Cobraram solução para o caso para evitar que empregados e empregadas fique com receio de denunciar e ainda serem punidos por fazerem a denúncia.
Políticas de prevenção
Os empregados também exigiram a melhoria do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), com mais credenciamento de profissionais e clínicas de saúde para a realização dos exames e também com políticas efetivas de prevenção.
Derruba o teto
A CEE também cobrou o fim do teto de 6,5% da folha de pagamentos para gastos da Caixa com a saúde dos empregados. Lembraram que o teto foi inserido no estatuto do banco por causa de uma leitura equivocada do CPC33, que limita os gastos das empresas de economia aberta com a saúde dos empregados. A representação sindical dos trabalhadores observou que, como a Caixa não possui ações na Bolsa de Valores, não teria a obrigação de se enquadrar ao CPC33.
Segundo a CEE Caixa, foi uma conquista a manutenção do modelo 70/30 para o custeio do Saúde Caixa. Mas, por causa do teto de 6,5%, nos últimos anos a Caixa não tem arcado com os 70% dos custos que lhe caberia. Os representantes dos empregados reforçaram ser precisamos retirar o teto do estatuto do banco, para que ele arque, efetivamente, com os 70% dos custos com a saúde dos empregados.
Além disso, os empregados cobraram que todos os custos que a Caixa joga para o Saúde Caixa, que não seja efetivamente de saúde, sejam arcados pela Caixa, como os custos da escola inclusiva para filhos neurodivergentes de empregadas e empregados e aqueles gerados por doenças ocupacionais (B91).
A Caixa se dispôs a realizar uma reunião do GT de Saúde, para tratar de questões específicas que envolvem o Saúde Caixa na terça-feira (30), ainda sem horário definido e, a pedido dos empregados, divulgou a relação de nomes dos responsáveis pelas Gipes, que começam a funcionar a partir de 5 de agosto. Veja abaixo:
- Gipes Belém – Emelyn Azevedo
- Gipes BH – Ricardo Lopes Broto
- DF – Diogo Almeida
- Curitiba – Marcia Shizue
- São Paulo – Leandro José Correia
- Salvador – Claudia Mierlo
- Rio de Janeiro – Rodrigo Pereira
- Fortaleza em aberto
Outras reivindicações
A representação dos empregados entregou à Caixa um documento com propostas para o equacionamento do déficit do plano REG/Replan, da Funcef, e cobrou a instalação de um grupo tripartite entre a Contraf/CEE, a Caixa e a Funcef para negociar o equacionamento.
A representante da Fetec-CUT/SP, Vivian Sá, entregou um abaixo-assinado contra o fechamento da agência Praça do Forró, na Zona Leste de São Paulo, previsto em decorrência do processo de digitalização de agências pela Caixa.
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