Saúde e condições de trabalho foram o tema da mesa desta sexta-feira 26 entre a Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa e a direção do banco, no âmbito da Campanha Nacional dos Bancários 2024. Os representantes dos empregados querem o fim das metas abusivas e do assédio moral no banco público, que adoecem a categoria.
“Todos nós aqui, de ambos os lados da mesa, sabemos que esses problemas são causados pelas ferramentas adoecedoras utilizadas pelo banco para fazer a gestão de pessoas e a cobrança abusiva de metas, além de falta de orientação da direção para gerir as equipes de forma de fato humanizada”, enfatizou diretor da Contraf-CUT e coordenador da CEE/Caixa, Rafael de Castro.
Levantamento realizado pelo Dieese aponta que entre os principais motivos de afastamentos acidentários (B91) dos empregados da Caixa, 75,4% são para tratamento de doenças mentais e comportamentais.
Segundo a Caixa, a taxa de absenteísmo na empresa pública é de 3,51%. Ao serem cobrados quanto ao impacto dos tratamentos destes colegas, inclusive no Saúde Caixa, os representantes do banco informaram que todos os empregados que tenham sido cobrados por tratamentos de doenças relacionadas ao trabalho (B91) devem entrar em contato com o banco para serem ressarcidos, pois os custos são de responsabilidade da empresa. Houve o compromisso em trazer estes dados para discussão em mesa específica do plano.
“A Caixa precisa olhar para todos os instrumentos de acompanhamento que possui e observá-los enquanto instrumentos adoecedores que são. O TDV (time de vendas), por exemplo, coloca os empregados para uma disputa individual adoecedora e constante. Precisam estar no time, mas não é um time, já que não é um trabalho de equipe, e ainda tem sido imprescindível estar nesse 'time' para a avaliação individual e promoções”, disse a representante da Fetec-CUT/SP, Vivian Sá.
Além dos instrumentos adoecedores, o coordenador da CEE/Caixa citou exemplos de práticas adoecedoras: cobrança pelo WhatsApp, Teams, ligações-ponte; e controle de hora em hora no meio e até depois do expediente. “É desvirtuamento completo da relação cliente empregado, onde o foco é o resultado do banco e não a necessidade do cliente que atendemos”, disse Rafael.
A Caixa se comprometeu em acabar com o feedback de caráter punitivo e utilizar o mecanismo apenas para contribuir com o desenvolvimento das empregadas e empregados.
Os empregados também lembraram que faz dois anos que toda a mídia divulgou as denúncias de assédio moral e sexual envolvendo o ex-presidente do banco, Pedro Guimarães, e que não houve punição para o principal denunciado. Cobraram solução para o caso, para evitar que as pessoas fiquem com receio de denunciar e ainda serem punidos por fazer a denúncia.
Políticas de prevenção
Os empregados também exigiram a melhoria do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), com mais credenciamento de profissionais e clínicas de saúde para a realização dos exames e também com políticas efetivas de prevenção.
Derruba o teto
A CEE também cobrou o fim do teto de 6,5% da folha de pagamentos para gastos da Caixa com a saúde dos empregados. Lembrou que o teto foi inserido no estatuto do banco por causa de uma leitura equivocada do CPC33, que limita os gastos das empresas de economia aberta com a saúde dos empregados. A representação sindical dos trabalhadores observou que, como a Caixa não possui ações na Bolsa de Valores, não teria a obrigação de se enquadrar ao CPC33, e a CEE cobra que a Caixa se empenha em ser excluída desta exigência contábil.
A Caixa se dispôs a realizar uma reunião do GT de Saúde para tratar de questões específicas que envolvem o Saúde Caixa, na terça-feira (30), ainda sem horário definido. E, a pedido dos empregados, divulgou a relação de nomes dos responsáveis pelas Gipes, que começam a funcionar a partir de 5 de agosto.
A representação dos empregados entregou ainda à Caixa um documento com propostas para o equacionamento do déficit do plano REG/Replan, da Funcef, e cobrou a instalação de um grupo tripartite entre a Contraf/CEE, a Caixa e a Funcef para negociar o equacionamento.
A representante da Fetec-CUT/SP, Vivian Sá, entregou um abaixo-assinado contra o fechamento da agência Praça do Forró, na Zona Leste de São Paulo, previsto em decorrência do processo de digitalização de agências pela Caixa.
Veja como foram as negociações anteriores com a Caixa
Rodada 1: Negociações específicas com a Caixa começaram
Rodada 2: Em negociação com a Caixa, empregados cobram cláusulas sobre o teletrabalho
Rodada 3: Empregados cobram maior compromisso da Caixa com igualdade e diversidade no banco