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Formação de mulheres na TI é fruto de luta coletiva

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Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato dos Bancários SP

O movimento sindical bancário comemora uma importante vitória: a formatura da primeira turma de 475 mulheres em cursos de capacitação na área de tecnologia, resultado direto das cláusulas 100 e 101 da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria, conquistadas na Campanha Nacional Unificada dos Bancários de 2024.

As cláusulas garantem a oferta de 3.000 bolsas de estudo para formação em programação, por meio da escola PrograMaria, e 100 bolsas para formação avançada de mulheres em tecnologia, em parceria com a escola Laboratória.

Mais do que acesso à formação, esses programas representam uma política concreta de inclusão social e combate à desigualdade de gênero, raça e território em um dos setores mais estratégicos da economia. As primeiras turmas começaram as aulas em março, com formato online e ao vivo, e já entregam resultados que apontam para uma verdadeira mudança estrutural.

Das 475 mulheres formadas até agora, 67% são pretas e pardas, 33% fazem parte da comunidade LGBTQIAPN+, 9,4% são pessoas trans, 29% são mães ou responsáveis, 40% vivem em zonas periféricas e 14,5% são pessoas com deficiência. A formação também teve alcance nacional, com 25% das alunas vindas dos estados do Nordeste, 5% da região Norte, 5% do Centro-Oeste, 7,5% do Sul e 57,5% da região Sudeste.

Esses dados se tornam ainda mais significativos diante do cenário atual do setor. Segundo a Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2025, apresentada durante a Febraban Tech 2025, os investimentos em tecnologia dos bancos brasileiros devem atingir R$ 47,8 bilhões em 2025, um crescimento de 13% em relação ao ano anterior. Ao mesmo tempo, apenas 31% dos profissionais que atuam em tecnologia bancária são mulheres, sendo ainda mais baixo o número de mulheres negras, trans ou com deficiência em posições de liderança. A mesma pesquisa mostra que o uso do mobile banking cresce aceleradamente, com 55 transações mensais por conta em média — um salto de quase 15% em relação a 2023. A inteligência artificial generativa também começa a alterar profundamente o funcionamento do setor e o perfil das vagas de trabalho.

Nesse contexto, garantir a inserção qualificada de mulheres em situação de vulnerabilidade na área da tecnologia não é apenas uma política de reparação social, mas uma estratégia fundamental para democratizar o acesso às novas profissões que estão sendo criadas.

Há muito a debater nesse tema da tecnologia e da inserção e manutenção dos trabalhadores no novo mundo do trabalho em transformação vertiginosa, mas essa conquista é sem dúvida um passo importante rumo a um futuro com mais mulheres na TI.

O Sindicato dos Bancários reforça que essas conquistas não são ações pontuais, mas fruto direto da mobilização da categoria e da força da negociação coletiva. É o movimento sindical ocupando o presente e moldando o futuro, com justiça social, inclusão e oportunidades reais para quem sempre esteve à margem.

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