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Rotina de estresse, cobranças e adoecimento

Linha fina
Cotidiano dos bancários foi relatado em palestra para profissionais das mais diversas áreas; “metas e assédio moral fazem parte do dia a dia da categoria”, disse o secretário de Saúde da Contraf
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São Paulo – A situação é corriqueira para os bancários, mas quem está do lado de fora às vezes nem imagina como pode ser dura a realidade dos que trabalham em agências e concentrações bancárias. “Metas abusivas, cobranças constantes e assédio moral fazem parte da rotina dos trabalhadores do ramo financeiro e levam ao adoecimento e ao presenteísmo em níveis altíssimos na categoria”, disse o secretário de Saúde do Trabalhador da Contraf-CUT, Walcir Previtale. O dirigente participou de debate do III Congresso Internacional de Ciências do Trabalho, Meio Ambiente, Direito e Saúde, realizado pela Fundacentro, Alal (Associação Latinoamericana de Advogados Laboralistas) e Ministério Público do Trabalho (MPT), na manhã de quinta-feira 27. O evento, que reúne profissionais de diversas áreas, ocorre na Faculdade de Direito da USP e vai até sexta-feira 28 – poucos dias antes da segunda rodada de negociação da Campanha Nacional Unificada 2015, que nos dias 2 e 3 vai tratar das reivindicações de saúde e condições de trabalho dos bancários.

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Terceirizados – Walcir lembrou que a situação dos terceirizados do setor financeiro – estimados segundo ele em 1 milhão, o dobro do número de bancários no país – é ainda pior porque além de sofrerem a mesma pressão, ainda ganham salários menores (em média 70% menos que os bancários), têm jornadas maiores (pelo menos três horas e meia a mais por semana) e não usufruem dos direitos previstos na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria, como PLR, vales refeição e alimentação, licença-maternidade de seis meses. “Os bancos ampliam a terceirização porque assim economizam com mão de obra e ainda atacam a organização dos trabalhadores. Só a Caixa tinha 100.677 empregados e 51.553 terceirizados em 2014. E olha que é um banco público! Imaginem a quantidade de terceirizados dos bancos privados”, destacou.

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Remuneração variável – O dirigente sindical também abordou o crescimento da parcela da remuneração variável na renda dos bancários, segundo ele, reflexo do aumento das metas. “Em 2014, a remuneração variável chegou quase a 20% do que ganha o trabalhador. Isso não é apenas um reflexo das melhorias que conquistamos na PLR [Participação nos Lucros e Resultados] ao longo de nossas campanhas nacionais, mas principalmente do aumento dos programas próprios de remuneração variável dos bancos, que são determinados pelas metas. Ou seja, a renda do bancário tem cada vez mais dependido de ele bater a meta imposta pelo banco e para isso, o trabalhador não faz uma hora de almoço, não tira 30 dias de férias, não usufrui dos seis meses da licença-maternidade, enfim, não vive.”

Outro problema, segundo Walcir, é que o movimento sindical não tem qualquer intervenção sobre os programas próprios dos bancos. “Eles são impostos de cima para baixo, têm cálculos confusos que os trabalhadores não entendem, não têm critérios claros. E o que é pior: não são negociados na mesa com a Fenaban [federação dos bancos].”

Adoecimento – O secretário da Contraf citou dados da Previdência Social que indicam o grau de adoecimento na categoria: em 2014, o número de bancários afastados por doença foi de 18.671, entre esses, 4.589 por LER/Dort e 5,6 mil por transtornos mentais. “E se desse para contar os que tiveram o afastamento negado pela perícia ou os que vão trabalhar mesmo doentes [presenteísmo], esses números seriam muito maiores.”

Luta – O dirigente também destacou algumas conquistas do movimento sindical por melhorias nas condições de trabalho: “Temos um instrumento de combate ao assédio moral, conseguimos uma cláusula na CCT que impede a cobrança de metas por meios eletrônicos como mensagens de celular, whatsapp etc, e a proibição de divulgação de rankings de performance. Continuamos tentando arrancar mais conquistas a cada campanha nacional e realizando ações sindicais para exigir que os bancos respeitem essas regras. A luta é constante”, afirmou.

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Andréa Ponte Souza – 27/8/2015

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