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Site Vozes da Rua mostra realidade da Cracolância

Linha fina
Observatório visa coletar e dar visibilidade a informações e articular reações contra violências sofridas pela população em situação de rua
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São Paulo - O Vozes da Rua, um observatório de denúncias sobre drogas e direitos humanos, foi lançado no sábado 22,  na Praça Júlio Prestes, centro da capital paulista. Seu objetivo é coletar e dar visibilidade a informações, principalmente sobre a região da Cracolância, e articular reações contra violências sofridas pela população em situação de rua, que, muitas vezes, são vítimas do próprio estado.

> Clique aqui para conhecer o Vozes da Rua

“Para mudar a realidade, a primeira coisa é conseguir olhar para ela, ver como ela é, para assim poder transformá-la”, disse Roberta Costa, que trabalha na promoção da redução de danos sociais e à saúde associados ao uso de drogas, pelo Centro de Convivência É de Lei, e também é militante do coletivo Desentorpecendo a Razão (DAR). Para ela, é possível que a sociedade tenha conhecimento e clareza da situação dessas pessoas, podendo atuar no combate a essa “realidade muito sofrida.”

O site terá publicação livre e aberta às denúncias, além de reflexões envolvendo a política de drogas e os direitos humanos. Haverá também orientações sobre atendimento jurídico e psicossocial para as vítimas de violência.

Rogério Guimarães, 43, é catador de material reciclável, morador do bairro do Glicério e já foi dependente de crack. Ele veio de Pernambuco há cerca de 30 anos e aqui, na capital paulista, encontrou muita dificuldade. Acabou se tornando dependente químico. Há dez anos, conheceu o É de Lei e começou a se desvincular do vício. Segundo ele, a droga faz as pessoas perderam as forças e “começa a desfigurar nossas raízes”.

Rogério, que declarou já ter sofrido abordagens abusivas e até violentas da polícia militar, acredita que é preciso abordar o dependente químico com respeito e mais calma. Para ele, a repressão não é o melhor caminho de tratamento para essas pessoas.

Questionado sobre como alguém consegue deixar o crack para trás, aconselha: “ele mesmo tem que achar que está no tempo certo, [perceber] se isso está causando mal à vida dele, da família. Esse é o primeiro passo que tem que dar”. Além disso, Rogério disse que se relacionar com outras pessoas o ajudou muito.

O espaço em que ele recebeu apoio, o É de Lei, fica na Rua 24 de Maio, 116, 4º andar. Roberta Costa explicou que “o centro de convivência tem um espaço físico que recebe as pessoas, acolhe, tem oficinas e é um ponto de cultura, que pensa a arte como forma de ampliar horizontes”.

As entidades que compõem o Vozes da Rua são: Associação Brasileira de Estudos Sociais do Uso de Psicoativos; É de Lei; Clínica de Direitos Humanos Luiz Gama da Universidade de São Paulo  (USP); Coletivo DAR; Coletivo Sem Ternos; Conselho Regional de Psicologia; Defensoria Pública de SP; Grupo de Estudo e Pesquisa da Prof. Vera Telles (USP); Grupo de estudo e pesquisa do Prof. Rubens Adorno (USP); Grupo de Estudos Drogas e Sociedade; Margens Clínicas; Na Margem – Núcleo de Pesquisas Urbanas  da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar); e Projeto Oficinas.


Camila Boehm, da Agência Brasil, com edição da Redação - 24/8/2015
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