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Chapéu
Desigualdade

Governo Temer exclui 350 mil do Bolsa Família em 1 ano

Linha fina
Banco Mundial critica redução de programas sociais e alerta que país está prestes a perder os ganhos sociais conquistados entre 2004 e 2014
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Foto: Jefferson Rudy / Agência Senado

São Paulo – O governo Temer cancelou o Bolsa Família para 352 mil famílias no período de um ano, entre agosto de 2016 e agosto deste ano. Considerando que cada família beneficiada tem em média dois filhos, a medida excluiu do programa cerca de 700 mil crianças. 

Em estudo publicado em fevereiro, o Banco Mundial alertou que o país estava prestes a perder os ganhos sociais conquistados entre 2004 e 2014, quando a política de distribuição de renda dos governos Lula e Dilma retiraram 28,6 milhões de pessoas da pobreza. “Em razão do rápido crescimento do emprego formal, maiores salários reais e programas redistributivos de assistência social como o Bolsa Família (…) mais de 28,6 milhões de pessoas saíram da pobreza”, diz o estudo, que defende a ampliação do programa.

No mesmo documento, o Banco Mundial estima que entre 2,5 milhões e 3,6 milhões de brasileiros entrarão na pobreza este ano, ou seja, terão sua renda per capita reduzida para um patamar máximo de R$ 140.

Em entrevista à Folha de S.Paulo, o economista do Banco Mundial Emmanuel Skoufias disse que ao propor o incremento no programa social, a instituição "fez seu papel de advogar pelos pobres."

Quando questionado pelo jornal sobre de onde viria o dinheiro para ampliar o programa em uma situação de crise fiscal, em que o governo busca fazer cortes para obedecer ao teto de gastos – a medida que vai congelar investimentos da União por 20 anos foi uma proposta do governo Temer (PEC 55), aprovada pelo Congresso em dezembro de 2016 (Emenda Constitucional 94) – o economista do Banco Mundial respondeu: "Do dinheiro do governo direcionado aos ricos. Dos gastos tributários, a chamada 'bolsa empresário', por exemplo".

Ouvido pelo jornal O Dia, o economista-chefe do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas, Marcelo Neri, afirmou que investir no Bolsa Família é uma forma de combater a pobreza sem onerar as contas públicas e ainda têm efeito positivo na reativação da economia. “O programa custa 0,5% do PIB”, disse.

Neri, que foi presidente do Ipea e ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos no governo Dilma, destaca que o programa de distribuição de renda deveria ser usado para combater a crise. “Nas duas crises anteriores, que não se revelaram tão fortes como a atual, no fim dos anos 1990 e, depois, em 2003, foram concebidos o Bolsa Escola [criado em 2001]; e depois o Bolsa Família [em 2003]. Momentos como esse [de crise econômica] são próprios para usar a estrutura que criamos, a plataforma do Bolsa Família, para fazer mais e não menos política social”, defendeu.

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