A Central Única dos Trabalhadores de São Paulo (CUT-SP) reafirma seu posicionamento em defesa da vida.
Vivemos tempos difíceis, de pandemia mundial, onde milhares de pessoas estão morrendo por consequência do coronavírus. Mesmo assim, nos vemos diante da necessidade de debater a importância da preservação de vidas graças a um presidente da República que as relativiza em detrimento da economia.
Na última terça, quando Jair Bolsonaro incitou o genocídio da população, incentivando-a deixar a quarentena em pleno período previsto como o de maior risco de transmissão do vírus, segundo estudos do próprio Ministério da Saúde e de recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), ele lançou os brasileiros à própria sorte.
Sua preocupação somente com o dinheiro está evidente em muitas de suas ações, como a tentativa de deixar trabalhadores sem salários durante o isolamento, quando assinou medida provisória para isso -após pressão, recuou nesse ponto.
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A fala irresponsável e genocida do presidente, no entanto, não é isolada. Ela encontra ecos entre grupos de empresários do país. Luciano Hang (Havan), Junior Durski (Madero), Roberto Justus (milionário publicitário), Sérgio Rial (Santander), Marcelo de Carvalho (RedeTV) e Alexandre Guerra (filho do dono do Giraffas) são alguns dos que foram às redes sociais ou tiveram mensagens vazadas defendendo o fim das restrições de circulação, colocando os interesses econômicos acima da vida humana. Um deles chegou a dizer, inclusive, que serão somente 5 ou 7 mil pessoas que irão morrer. O mais curioso é que enviaram essas mensagens no conforto de suas mansões, justamente isolados para protegerem suas famílias. Não impressiona, pois tratam-se dos mesmos que sempre defenderam o afrouxamento dos direitos trabalhistas e das aposentadorias.
Ao redor do mundo, milhares de pessoas estão se sacrificando a serviço dos adoecidos, outras milhares em isolamento para proteger as vidas. E, ainda assim, já são mais de 20 mil mortes e quase 500 mil infectados pelo mundo ocasionadas pela Covid-19 até quarta-feira (25).
O direito à vida é o principal direito garantido a todas as pessoas, conforme a Declaração Universal dos Direitos Humanos, da qual o Brasil é signatário, e a nossa própria Constituição Federal.
Se há realmente preocupação com a economia, Bolsonaro precisa abandonar imediatamente as propostas de isenção fiscal e propor a ampliação dos programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, além de levar ao Congresso a imediata revogação da PEC do Teto, que limita investimentos públicos e a melhora de serviços como o Sistema Único de Saúde (SUS), e a taxação das grandes fortunas e heranças.
Bolsonaro deveria também seguir o exemplo de todos os países que estão adotando medidas anticíclicas. Alguns, inclusive, assumindo o salário da população para que ela fique em casa, suspendendo o pagamento de aluguel, água, luz e gás, além de ajudar o micro, pequeno e médio empresários. Aqui no Brasil, Bolsonaro está ajudando somente os grandes bancos ao colocar R$ 1,2 trilhão, sem nenhuma contrapartida de ajuda humanitária, e fortalecendo as grandes operadoras de planos de saúde privados ao mesmo tempo que retira R$ 9 bilhões do SUS.
É um momento que exige equilíbrio de todos e, para a nação, uma liderança que saiba conduzir o país e que seja comprometido com a vida. E isso o Brasil não tem no momento.
Além disso, a CUT e outras centrais sindicais apresentaram proposta de criação de um Programa Emergencial que, entre outros pontos, assegure o fornecimento de água, luz, telefone, tv e internet; incentive acordos coletivos que preservem os salários e os empregos durante a pandemia e crie um Fundo de Emergência para, durante a crise, garantir um salário mínimo mensal para desempregados, informais e conexos.
A luta da CUT e de seus sindicatos é, antes de tudo, pela preservação da vida de todos e todas. #FiqueEmCasa