São Paulo – Um funcionário do Itaú faleceu dentro da agência Vila Ema, na zona leste de São Paulo. Conforme relatos dos colegas, o bancário, gerente operacional da unidade, passou mal na terça-feira 8 e desmaiou. O socorro foi acionado, mas houve demora e o caso foi se agravando. Os socorristas tentaram reanimar com desfibrilador, mas já era tarde demais.
Segundo os trabalhadores, a rotina na agência é desgastante, com cobranças de metas e falta de condições de trabalho. “Tudo isso somado à correria da nossa cidade, é massacrante, os bancários acabam adoecendo”, afirma o dirigente sindical Sérgio Lopes, o Serginho, que esteve no local para prestar assistência aos trabalhadores. "Fechamos a agência, não entrou ninguém, nem vigilante, não tinha clima."
O bancário, de acordo com os colegas, não tinha nenhum problema de saúde. “Por ironia do destino, outro dia um cliente presenciou o gerente nervoso por causa de um cartão que havia ficado preso no caixa eletrônico e disse: ‘Cuidado, você pode enfartar!’”, conta o diretor do Sindicato. “Todos estão assustados no local de trabalho e tristes com a perda do companheiro.”
Empresa boa? – O Sindicato lamenta a morte e se solidariza com os demais bancários e os familiares do gerente. “Sempre alertamos o banco em relação à cobrança de metas e as condições de trabalho”, ressalta Serginho. “Essa pode até não ter sido a causa principal da morte do trabalhador, mas com certeza, se não o bancário não convivesse num ambiente de trabalho tão nocivo à saúde, sua situação não teria sido agravada.”
O dirigente lembra que o Itaú propagandeia ser uma das melhores empresas para trabalhar. “Mas lucra 12 bilhões em um semestre, e não se preocupa em proporcionar aos empregados condições mínimas de socorro nos locais de trabalho. Em uma agência bancária circulam várias pessoas e o banco tem de pensar na segurança dos bancários e dos clientes”, afirma Serginho. Na agência Vila Ema não havia ninguém preparado para prestar os primeiros socorros (massagem cardíaca, por exemplo), tampouco equipamentos como desfibrilador.
“O banco faz tantas propagandas, diz que investe em cursos, poderia muito bem preparar pessoas para prestar esses primeiros socorros, manter nas unidades equipamentos necessários para isso, mas essa não é a realidade no Itaú que está preocupado muito mais com o seu lucro do que com a vida humana!”, critica Sergio Lopes. “Estamos cobrando que o banco invista em campanhas e cursos de saúde e primeiros socorros. Não adianta ficar só marketing maravilhoso das propagandas de TV, nas quais crianças e famílias são usadas para provar que o banco se preocupa com o ser humano, se não faz isso na vida real.”