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Chapéu
Em Defesa da Feira Agrária

Festival reuniu mais de 2 mil pessoas no domingo em SP

Linha fina
Evento teve grande público, pratos preparados com alimentos orgânicas de assentamentos do MST e participação de diversos artistas
Imagem Destaque
Foto: MARINA DUARTE/BDF

Para aquecer a luta pelo direito à terra, a agricultura familiar e uma política de alimentação saudável, a Ocupação 9 de Julho, no centro de São Paulo, recebeu no domingo 4, o Festival Comida de Verdade, um banquete agroecológico que reuniu mais de 2 mil pessoas. Foi um gesto de protesto em favor da realização da 4ª edição da Feira Nacional da Reforma Agrária. O evento está ameaçado porque o governador João Doria (PSDB) quer impedir a utilização do Parque da Água Branca, na zona oeste da cidade, onde ocorre há quatro anos.

As informações são do Brasil de Fato e replicada pela Rede Brasil Atual.

Foram mais de 350 quilos de alimentos orgânicos doados por agricultores familiares e de assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), preparados por chefs de cozinha e 60 voluntários, servindo cerca de mil refeições aos participantes do festival. Além de organizações sociais e movimentos populares, o evento também contou com a participação de artistas, como o roqueiro João Gordo, cantando clássicos do samba, além de Iara Rennó, Curumin, Toinho Melodia e Maria Beraldo, entre outros.

chef Bel Coelho, do restaurante Clandestino e integrante do Coletivo Banquetaço, classificou o evento anual do MST que promove a produção dos assentamentos como a feira de alimentos mais importante do Brasil.  “O MST é o maior produtor de alimento orgânico do Brasil e da América do Sul. É um movimento muito importante para a saúde e também para a democratização da produção agrícola. Sem a democratização e reforma agrária a gente não tem como comer bem”, afirmou.

Para o coordenador do MST Gilmar Mauro, tanto o festival como a feira ressaltam a importância da produção agroecológica. “É pela preservação do planeta que nós queremos distribuir terras, queremos preservar os lençóis freáticos, a biodiversidade e a saúde do planeta e humana”, afirma. Ele também criticou Dória por se achar “o dono do pedaço”, ao tentar impedir a realização da feira.

Manifesto

Durante o festival, foi lançado um manifesto em defesa da alimentação saudável, do meio ambiente e também da garantia de direitos e da democracia.  Assinado pela Rede Sustenta, pelo Instituto Chão, pelo coletivo Banquetaço, pelo movimento Sem Teto do Centro (MSTC) e pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o documento também denúncia ataques a organizações sociais por meio das prisões arbitrárias contra lideranças políticas, como no caso da luta por moradia Preta Ferreira, presa provisoriamente há mais de 30 dias.

“Será que nós somos criminosos por estarmos querendo morar? Por querermos plantar? Somos criminosos por querer vivermos com qualidade de vida? Não somos. Estamos lutando pelos nossos direitos”, afirmou a integrante do MSTC Claudete Lindoso durante o lançamento do manifesto. Gilmar Mauro destacou que o MST também sabe “o que é enfrentar a criminalização que estamos vendo na luta pela terra e moradia no Brasil”.

A íntegra do manifesto

Comida de Verdade no Campo e na Cidade

Hoje, dia 4 de agosto de 2019, seria o último dia da IV Feira Nacional da Reforma Agrária na cidade de São Paulo, caso não estivéssemos vivendo esse momento de duro golpe na democracia no Brasil. O Movimento Sem Terra foi tolhido do seu direito democrático de uso da cidade, onde realizou suas feiras de comercialização de alimentos ao longo de 4 anos, movimentando mais de 200 mil pessoas no Parque da Água Branca na última edição do ano de 2018 e comercializando 400 toneladas de alimentos oriundos dos assentamentos e ocupações rurais.

O território que nos acolhe aqui é o território de outro movimento fundamental na luta pela terra! A ocupação 9 de julho, presente no coração de São Paulo, nos acolhe junto com o MSTC de dona Carmen, de Preta e Sidney Ferreira, presos desde junho pelo “crime” de não se calar frente às injustiças que estamos vivendo. É também contra toda a intolerância, ódio e abuso de autoridade que esse amplo movimento se une numa parceira histórica de defesa dos direitos dos trabalhadores e contra a criminalização dos movimentos populares! Chega de assassinatos e perseguição das lideranças sociais e defensores dos direitos humanos!

O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo há muitos anos, porém neste ano de 2019 essa preocupação cresceu entre os brasileiros. Já foram mais de 250 novas substâncias aprovadas pela Anvisa, sendo que muitas delas são extremamente tóxicas para os humanos e meio ambiente. Nossa água, nosso solo, nossa comida e nosso corpo estão sendo contaminados pela ganância da burguesia brasileira, atenta apenas em retomar o crescimento de suas taxas de lucro para sair da crise econômica que assola o país, em detrimento da saúde do povo.

Porém, anunciamos! A solução para a crise no Brasil é todo brasileiro ter acesso ao alimento de verdade! Moradia e alimentos no campo e na cidade e sem agrotóxicos! É inadmissível que a fome volte a crescer num país tão privilegiado em recursos naturais como é o Brasil com um potencial tão abundante e rico em biodiversidade!

Demonstramos isso hoje com o nosso delicioso banquetaço, que recebeu mais de 300 kg de alimentos agroecológicos doados e envolveu mais de 60 colaboradores e chefes de cozinha. O resultado é a comida de verdade para a classe trabalhadora, na busca pela soberania alimentar e na aproximação do agricultor com o trabalhador urbano. É a união campo e cidade derrubando fronteiras e encurtando a distância entre produção e consumo.

Gostaríamos de agradecer a todas e todos que ajudaram a fazer esse festival! Especialmente aos músicos que também nos alimentaram… Não apenas nosso corpo, mas também a nossa alma nessa tarde fria e aconchegante. A cultura comprometida com os direitos do povo pode romper barreiras inimagináveis!

Libertar Preta e seus companheiros, libertar Lula e realizar a IV Feira Nacional da Reforma Agrária é urgente! Convidamos a todos pra engrossarem as fileiras da luta pela democracia. Com alegria e determinação, vamos afastar esse período sombrio das nossas vidas!

Se o campo não planta, a cidade não janta!

Quando o campo à cidade se unir, a burguesia não vai resistir!

 

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