Com 93,38% dos votos, os bancários de São Paulo, Osasco e região aprovaram, em assembleia virtual, a proposta apresentada pela Fenaban (federação dos bancos) na Campanha Nacional deste ano. O acordo será de dois anos: garante, este ano, 1,5% de reajuste nos salários, mais abono de R$ 2 mil para todos, e reposição da inflação (INPC estimado em 2,74%) nas demais verbas como VA e VR, bem como nos valores fixos da PLR. E para 2021, prevê 0,5% de aumento real para salários e demais verbas. Além disso, todas as cláusulas da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria foram mantidas.
“Mesmo em um cenário adverso, com um governo aliado de banqueiros e contra os trabalhadores, em uma pandemia que agravou a crise econômica e com metade da categoria em home office, o que dificultaria nossa mobilização, conseguimos reverter as propostas rebaixadas dos bancos, como reajuste zero e mudanças nas regras da PLR que reduziam os valores em até 48%; e de retirada de direitos, como o fim da 13ª cesta alimentação e a redução da gratificação de função. Depois de 14 rodadas de negociação, algumas que entraram pela madrugada, e de mobilizações nas redes sociais, conseguimos arrancar uma proposta com reajustes e que assegura todos os nossos direitos por dois anos, o que é muito importante na conjuntura extremamente desfavorável pela qual estamos passando”, diz a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Ivone Silva, uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, que representa a categoria nas negociações com a Fenaban (federação dos bancos).
Os reajustes nos salários e vales, mais o abono de R$ 2 mil e a PLR dos bancários injetarão mais de R$ 8 bilhões na economia. Com a aprovação do acordo, a categoria recebe o abono já em setembro, assim como a antecipação da PLR.
Veja os principais pontos do acordo e em quais os bancos retrocederam:
– Manutenção de todas as cláusulas da CCT por dois anos
Proposta inicial: Fenaban queria retirar direitos da CCT, como a 13ª cesta alimentação, e queria mudar as regras da PLR, rebaixando seus valores.
Após negociação: Mantidos todos os direito previstos na CCT, em acordo de dois anos (2020/2021)
– Reajuste de 1,5% + abono de R$ 2 mil; aumento de real em 2021
Proposta inicial: Fenaban insistia em reajuste ZERO
Após negociação: Reajuste de 1,5% para salários + abono de R$ 2 mil para todos, em 2020. Isso garante em 12 meses valores acima do que seria obtido apenas com a aplicação do INPC para salários até R$ 11.202,80, o que representa 79,1% do total de bancários (isso já considerando o pagamento de 13°, férias e FGTS). Para 2021: aumento real de 0,5% para salários e demais verbas, como VA, VR e auxílio-creche, e para valores fixos e tetos da PLR.
– VA, VR e auxílio-creche
Proposta inicial: Fenaban propôs reajuste ZERO para VA, VR e auxílio-creche.
Após negociação: este ano, VA, VR e auxílio-creche serão reajustados pela inflação (INPC estimado em 2,74%). Para 2021: VA, VR e auxílio-creche terão reposição da inflação do período + aumento real de 0,5%.
– 13ª cesta alimentação
Proposta inicial: Fenaban queria extinguir a 13ª cesta alimentação.
Após negociação: Mantida a 13ª cesta alimentação, com reposição da inflação em 2021 (INPC estimado em 2,74%). Para 2021: mantida a 13ª cesta alimentação, com reposição da inflação no período (1º de setembro de 2020 a 31 de agosto de 2021) + aumento real de 0,5%.
– PLR
Propostas iniciais: Fenaban apresentou 3 propostas que reduziam a PLR dos bancários em até 48%
Após negociação: Mantida PLR como está na CCT, e com reposição da inflação (INPC estimado em 2,74%) nos valores fixos e tetos. Para 2021: valores fixos e tetos com aumento real de 0,5%.
– Home office
Proposta inicial: Fenaban se recusou a negociar cláusula para melhorar condições de trabalho no home office.
Após negociação: Bancos se comprometeram em manter o home office até o final da pandemia. A Fenaban não concordou em colocar no acordo cláusulas sobre o controle da jornada de trabalho, sobre o ressarcimento de custos e a disponibilização da mobília adequada ao home office. Mas, mesmo sem um acordo geral sobre o tema, o Comando Nacional saiu com a sinalização de acordos específicos com alguns bancos.
– Contribuição negocial
Foi mantida a contribuição negocial de 1,5% do salário, com mínimo de R$ 50 e máximo de R$ 250, e 1,5% da PLR, com teto de R$ 210. A contribuição negocial, essencial para que os sindicatos possam fazer a luta, já havia sido aprovada pelos bancários nas conferência estadual e nacional e em assembleia do Sindicato.