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Jovens bancários: precisamos falar sobre meritocracia

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Arte: Fabiana Tamashiro/SEEB-SP

Não é de hoje que os bancos têm empurrado para os bancários a ideia ilusória de meritocracia como método para promover e destacar os “melhores funcionários”. A mesma lógica é usada, entretanto, para perseguir, assediar e demitir trabalhadores sem justa causa quando estes atingem determinado patamar salarial. Neste Dia Mundial da Juventude, comemorado em 12 de agosto, o Sindicato lembra que esta ideia torta é usada para cooptar jovens trabalhadores que, mais tarde, serão descartados pelo mesmo sistema.

Neologismo híbrido – formado pelo latim mereo (merecer) e pelo grego kratía (poder) –, o método estabelece uma relação direta entre mérito e poder. Todavia, o mito da meritocracia gera inúmeros problemas de discriminação, exclusão, falta de transparência e a distorção de seu conceito. O que se percebe, nos bancos, é um modelo de gestão dúbio, contraditório, excludente, ineficiente e que, ao invés de estimular os trabalhadores, adoece, humilha e demite.

“O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região nunca defendeu a meritocracia como ferramenta de valorização, pois entende ser um método de exclusão que estimula um ambiente doentio de disputa individual, e não de colaboração coletiva”, ressalta a dirigente sindical e presidenta da Juventude da UniAméricas, Lucimara Malaquias.

“Todos deveriam ser valorizados, mas isso só acontece com alguns. Os jovens bancários precisam de garantia de emprego e qualidade nas relações com os bancos, o que inclui plano de cargos e salários com critérios claros e transparência, negociação coletiva efetiva, planos médicos com preço justo e respeito à diversidade, entre outros pontos”, acrescenta.

A dirigente sindical vê uma série de problemas na meritocracia. “Atingir uma meta de alavancar negócios em um país em crise e num banco que pratica taxas e tarifas abusivas não se trata apenas de esforço pessoal e individual dos trabalhadores. Aspectos e situações externas, fatores na maioria das vezes fora do controle do trabalhador, interferem no alcance ou não da meta. Não atingir o objetivo, portanto, não significa que o bancário 'não se esforçou' o suficiente”, salienta.

A dirigente sindical destaca ainda que os bancos fingem conceder vantagens para uma parte de seus funcionários utilizando a meritocracia e, ao mesmo tempo, promovem cortes usando como critério, via de regra, os altos salários.

“Os ‘heróis’ que conseguem transpor as inúmeras dificuldades e alcançam metas, com suas consequentes promoções e méritos, têm salários acima do score da área e automaticamente viram alvo de desligamentos sem justa causa. Esses trabalhadores sequer são informados do motivo da sua demissão, mas verificamos que seus salários geralmente superam a média das áreas em que atuam. Que meritocracia é esta que penaliza e persegue quem se destaca?”, questiona Lucimara.

Quem se organiza, luta!

A dirigente aproveita a data e do debate sobre meritocracia para lembrar que um sindicato forte e que conta com a participação dos trabalhadores, principalmente dos mais jovens, tem condições de lutar contra os retrocessos e os ataques.

“É o sindicato quem tem força para fazer a negociação coletiva, enquanto categoria, em contraponto a ideia individualista da meritocracia. As categorias mais organizadas têm mais condições de fazer estes debates, como o do avanço da tecnologia e como minimizar seus efeitos adversos conhecidos sobre os trabalhadores e a sociedade de uma forma em geral”, explica Lucimara.

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