No primeiro semestre de 2021, o Itaú Unibanco obteve lucro líquido recorrente gerencial, que exclui efeitos extraordinários, de R$ 12,941 bilhões, alta de 59,4% em relação ao mesmo período do ano passado.
Somente o lucro líquido recorrente gerencial do segundo trimestre deste ano somou R$ 6,543 bilhões, alta de 55,6% em relação ao mesmo período de 2020 e de 2,3% no trimestre.
A receita com prestação de serviços e tarifas bancárias cresceu 7,2% em doze meses, totalizando R$ 20,6 bilhões. As despesas de pessoal cresceram 13,3%, somando R$ 12 bilhões. Desta forma, a cobertura destas despesas pelas receitas secundárias do banco foi de 171% no período.
Ou seja, apenas com o que arrecada com a cobrança de tarifas e serviços bancários, o Itaú paga todas as suas despesas com folha de pagamento, incluindo PLR, e ainda sobra R$ 8,54 bilhões.
“Mas mesmo assim, o banco insiste em manter um quadro de funcionários insuficiente para dar conta das metas cada vez mais abusivas e do volume de trabalho cada vez maior de trabalho, o que está gerando uma verdadeira epidemia de adoecimentos no banco e um atendimento cada vez mais precarizado aos clientes, que pagam juros exorbitantes e altas tarifas e serviços bancários.”
Marta Soares, diretora executiva do Sindicato dos Bancários de São Paulo e bancária do Itaú
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Em junho de 2017, a holding Itaú apresentava uma relação de 847 clientes para cada empregado – naquele mês, o conglomerado tinha 68,8 milhões de clientes e 81,2 mil empregados. Quatro anos depois, em junho de 2021, essa relação subiu para 1.001 clientes para cada empregado (85,6 mil empregados e 85 milhões de clientes), reforçando o aumento da sobrecarga de trabalho verificada no banco.
O Itaú também fechou 114 agências físicas em 12 meses encerrados em junho, passando de 3.155 para 3.041.
Este cenário de fechamento de agências e adoecimentos causados pela sobrecarga de trabalho, metas abusivas e assédio moral motivou a realização de campanha nas redes sociais com a hashtag #QueVergonhaItaú, para expor à sociedade a falta de comprometimento da direção do banco com o atendimento à população e a violência organizacional que os bancários do Itaú enfrentam cotidianamente, e que resulta no lucro fabuloso apresentado pela instituição financeira a cada trimestre.
O retorno recorrente consolidado sobre o patrimônio líquido médio anualizado do banco (ROE) foi de 18,8% no semestre, com alta de 5,7 pontos percentuais em doze meses.
Nesse período, percebe-se que, ainda que as receitas da intermediação financeira tenham caído, as despesas tiveram uma queda maior, gerando um resultado bruto positivo de R$ 30,188 bilhões a mais do que no primeiro semestre de 2020 e permitindo o crescimento maior do lucro líquido.
Ao final de junho de 2021, a holding contava com 85.611 empregados no país, com abertura de 1.268 postos de trabalho em doze meses e 1.196 no trimestre. Esse saldo se deve a contratações para a área de TI e à incorporação, a partir do segundo trimestre de 2020, dos empregados da ZUP (empresa de tecnologia adquirida em outubro de 2019). Foram fechadas 114 agências físicas no Brasil, em doze meses, e 2 agências digitais abertas, totalizando 3.041 e 197 unidades, respectivamente.
“O Itaú está de olho no futuro, mas se esquece do presente. Com resultado tão substancioso, o banco adoece e causa insegurança por conta das demissões. Com o lucro extraordinário que a instituição vem apresentando, sua direção deveria ampliar muito mais o ritmo de contratações a fim de diminuir a sobrecarga de trabalho e dar conta das metas cada vez mais abusivas cobradas dos funcionários, bem como para diminuir o índice de desemprego, que atinge mais de 14 milhões de brasileiros”, afirma Marta Soares.
“Bancos são concessões públicas, mas os juros extorsivos, bem como as metas cada vez mais abusivas que geram assédio moral e doenças do trabalho – bancadas pela sociedade, responsável por custear os afastamentos do INSS –, apenas reforça que a direção da instituição financeira está preocupada em aumentar os lucros da empresa a fim de beneficiar os acionistas e aumentar os bônus dos diretores executivos, ao invés de conceder juros acessíveis a fim de fomentar a economia e reduzir o desemprego.”
Marta Soares, diretora executiva do Sindicato dos Bancários de São Paulo e bancária do Itaú