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Bancos têm saldo negativo de empregos pelo quarto mês consecutivo em junho

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Caged: bancos eliminam empregos pelo quarto mês consecutivo

O setor bancário teve saldo negativo de empregos em junho, pelo quarto mês consecutivo, segundo dados do Novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). Em junho, foram eliminados 385 postos de trabalho, resultado de 2.929 admissões e 3.213 desligamentos no mês.

Dessa forma, vão na contramão do ramo financeiro que, excetuando a categoria bancária, abriu 4.046 vagas em junho, o maior saldo positivo do ano, e gerou empregos em todos os meses da série apresentada, chegando a abrir 44 mil postos de trabalho nos últimos 12 meses, sendo que 20 mil só no primeiro semestre do ano.

Movimentação do emprego bancário

Entre março e junho, foram fechados 1.227 postos de trabalho no setor bancário. No acumulado dos últimos 12 meses, no entanto, o saldo ainda é positivo em 7,4 mil postos de trabalho. Mas isso se deve ao forte impacto de contratações na Caixa (36,7% das vagas criadas), a partir de decisão judicial favorável à chamada dos aprovados no concurso de 2014.

O saldo negativo de junho (- 385) está associado à eliminação de vagas nos Bancos Múltiplos com carteira comercial (92,4%) - categoria na qual estão incluídos os quatro maiores: Itaú, Bradesco, Santander e BB. A Caixa, por sua vez, realizou 117 desligamentos, o que provocou resultado negativo em 100 vagas.

“Vemos que os bancos, apesar de serem, mesmo na crise, um dos setores mais lucrativos e rentáveis da economia brasileira, continuam eliminando empregos. Só com o que os cinco maiores bancos arrecadaram em tarifas cobradas dos clientes no ano passado, eles conseguiram cobrir suas despesas com pessoal, incluindo a PLR, em 138%. E apenas no primeiro trimestre deste ano, os lucros desses mesmos cinco, somados, chegou a R$ 27,6 bilhões, um crescimento de 15,4%. Ou seja, os bancos ganham muito dinheiro cobrando tarifas caras e juros altíssimos da população, e nem mesmo geram empregos. Pelo contrário, sobrecarregam os trabalhadores bancários, que são uma das categorias que mais adoece por conta da pressão e do assédio, e extinguem empregos”, destaca Lucimara Malaquias, secretária de Estudos Sócio-econômicos do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.

Lucimara lembra que a categoria está em campanha, e emprego e condições de trabalho dignas estão entre as principais reivindicações da categoria.

Pedidos de demissão continuam altos

Nos desligamentos de junho, a modalidade demissões voluntárias, a pedido do trabalhador, representou 42,8% da totalidade, um percentual bem alto, observado também em dados do Novo Caged de meses anteriores. “Isso provavelmente é mais um indício de que os bancários não estão mais suportante a sobrecarga, a pressão e o assédio nos bancos”, observa Lucimara.

Os desligamentos sem justa causa, motivados pelo empregador, somaram 50,0% do total em junho de 2022.

Faixa Etária e Sexo

O saldo negativo, em junho, se deu de forma mais significativa entre as mulheres (-357 postos) que entre os homens (-28 postos).

No semestre, os desligamentos foram mais efetivos entre as mulheres (-9.627 postos) em relação aos homens (-8.772 postos). Em contrapartida, as admissões são predominantemente masculinas com 11.916 contra 8.835 novas vagas destinadas às mulheres. Assim, o saldo é negativo para o sexo feminino com a eliminação de 792 postos e positivo para os homens com abertura de 3.144 postos.

“Esta situação, se prorrogada, afetará diretamente o estoque de trabalhadores do Setor Bancário, o tornando menos igualitário e não contribuindo para amenizar as disparidades de gênero encontradas na sociedade brasileira”, afirma o Dieese em nota sobre o Caged.

Em relação às faixas etárias, é possível observar saldo positivo entre as faixas até 29 anos, com ampliação de 782 vagas. Já para as faixas etárias superiores, foi notado movimento contrário, fechamento de 1.167 vagas.

Remuneração Média

O salário mensal médio de um bancário admitido em junho foi de R$ 5.721,59 enquanto o do desligado foi de R$ 6.479,00, isto é, o salário médio do admitido correspondeu a 88,3% do desligado.

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