Os representantes da Caixa Econômica Federal recusaram a renovação dos direitos atuais dos empregados garantidos no Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) que, segundo os integrantes do banco, devem ser rebaixados, igualados. A atitude contradiz o discurso da nova presidente da Caixa, Daniella Marques. A Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa) rejeitou as propostas na mesa.
O impasse ocorreu durante a sétima rodada de negociação entre a Comissão Executiva dos Empregados (CEE) e a Comissão de Empresa da Caixa Econômica Federal, nesta quarta-feira 17, no âmbito da Campanha Nacional dos Bancários 2022.
A Caixa resolveu apresentar aos representantes dos empregados a supressão de mais cláusulas, desta vez referentes aos tickets refeição e alimentação, e a limitação do parcelamento de férias em 10 vezes.
Com relação aos tickets, na prática quem sai de licença médica por mais de 14 dias perderia o direito aos tickets por este período. E outros afastamentos ou faltas também teriam desconto nos vales. O parcelamento ficaria limitado a três vezes, conforme CCT.
A empresa argumenta, no caso do parcelamento, que a maioria dos empregados não o utiliza em 10 vezes, mas os representantes rebateram que isto não é motivo para retirada. O motivo para a retirada da cláusula seria então político e não financeiro.
Na negociação, os representantes da Caixa propuserem também acabar com a pausa de 10 minutos a cada 50 trabalhados, sob a alegação que o governo Bolsonaro acabou com este direito ao reeditar a Norma Regulamentadora 17.
Os representantes dos empregados argumentam que retrocessos das NRs não limitam quaisquer direitos garantidos pelo ACT, não sendo argumento para retirada.
A Comissão Executiva dos Empregados da Caixa expressou indignação com a atitude dos representantes da banco, após tantas rodadas de negociação em que foram apresentados uma série de dados e argumentos comprovando a necessidade da renovação do ACT, bem como a ampliação de direitos.
“É estarrecedor que após sete rodadas de negociação, os representantes da Caixa não tenham trazido absolutamente nada para apresentarmos aos bancários. Nada. Falamos sobre PCDs, eles ontem [quarta-feira 17] disseram que não se comprometem com nenhuma das cláusulas para os colegas, que estão analisando. Sobre um GT [grupo de trabalho] de credenciamento para o Saúde Caixa, não se comprometem. Sobre assédio eles haviam sinalizado positivamente, mas agora não. GDP, PLR, caixas e tesoureiros minuto, Interaxa, nada! Mas, por outro lado, houve tempo para eles avaliarem quais cláusulas do ACT suprimirem.”
Vivian Sá, dirigente pela Fetec-CUT/SP
“A mesa de ontem não foi uma negociação, porque não houve qualquer proposta positiva. A Caixa trouxe um ganha-perde, e ainda colocou em slide azul. A Caixa queria que aceitássemos simplesmente ‘desnegociar’ nossos direitos. Não trouxe o que pudesse ser positivo, não houve o que fazer, a não ser rejeitar a proposta em mesa”, lamenta a diretora.
“Parece que o interesse da Caixa é prejudicar os trabalhadores em nome do governo, que acaba de lançar diversas resoluções limitantes aos direitos dos trabalhadores das empresas públicas. O bancário da Caixa tem um histórico de conquista de direitos que muitas vezes depois se estende pra categoria e pra classe trabalhadora. Não vamos permitir essa retirada sem luta”, afirma Leonardo Quadros, presidente da Apcef/SP.
“Cobramos da direção da Caixa a garantia da manutenção dos nossos direitos. Principalmente depois que a presidente do banco, Daneilla Marques, defendeu o discurso de acabar com assédio e melhorar o clima da empresa. Portanto suprimir direitos é um contrassenso ao próprio discurso apresentado por Marques”, afirma Luiza Hansen, dirigente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e empregada da Caixa.
Saiba como foram as rodadas anteriores:
- Trabalhadores cobram apuração das denúncias de assédio
- Caixa se compromete a contratar mais empregados
- CEE/Caixa cobra medidas para combater o adoecimento dos empregados do banco
- CEE/Caixa reivindica acessibilidade atitudinal aos PCDs
- Caixa se nega a criar GT para discutir contencioso da Funcef
- Teletrabalho: Caixa faz proposta prejudicial aos empregados; CEE recusa
Saiba tudo sobre a Campanha dos Bancários 2022
Estamos na fase 4 da Campanha, assista ao vídeo: