A CEE/Caixa (Comissão Executiva dos Empregados da Caixa) recusou, em mesa de negociação, a proposta apresentada pelo banco em reunião ocorrida nesta terça-feira 16 sobre teletrabalho. Ao invés de retomar os debates e os pontos que já haviam sido acordados entre as partes antes do início da Campanha Nacional Unificada dos Bancários (campanha salarial), o banco retrocedeu, se recusou a pagar ajuda de custo aos empregados que trabalhem remotamente (home office), e trouxe uma péssima proposta de banco de horas, neste caso não apenas para o teletrabalho, mas também para os que trabalham presencialmente.
“Sabemos que há interesse de muitos empregados em trabalhar remotamente, mas o banco quer que o trabalhador assuma todos os custos que têm a mais com energia elétrica, internet, cadeira adequada, itens necessários à ergonomia, etc. Essa proposta não passa pelos empregados e a recusamos em mesa”, disse o coordenador da CEE, Clotário Cardoso, lembrando que o banco já havia aceitado dar ajuda de custo para os trabalhadores que exercem suas atividades em casa. “O banco simplesmente queria deixar de lado o que já havia sido acordado em nossas negociações e estava propondo que a gente aceitasse pontos que são prejudiciais aos trabalhadores”, completou.
“A Caixa está alegando que o trabalhador que vai normalmente de carro, ou que tem salario maior e recebe desconto maior do vale transporte, economiza com deslocamento, portanto, deve pagar a conta que o trabalho remoto gera. Nunca ouvi um absurdo tão grande, e foi uma manifestação oficial da empresa”, observou a diretora da Apcef/SP e membro da CEE, Vivian Sá.
Vivian Sá, dirigente do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, diretora da Apcef/SP e membro da CEE/Caixa
A proposta da representação dos empregados é que a Caixa garanta todos os direitos dos empregados presenciais àqueles em regime de teletrabalho, bem como o registro de ponto, a remuneração das horas extras, além dos direitos e garantias previstos na minuta entregue à Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), com ajuda de custo pelos gastos hoje assumidos pelos trabalhadores em home office (energia, internet, água, etc.).
“Na mesa única com os demais bancos, houve avanço nas negociações sobre as propostas para o teletrabalho”, lembrou a representante da Fetrafi/RS (Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro do Rio Grande do Sul), Rachel Weber.
Dados da 2ª Pesquisa Nacional sobre Home Office dos Bancários, realizada pela Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), em parceria com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) aponta que, durante o período de home office realizado em decorrência do isolamento da pandemia de Covid-19, os gastos com contas na residência aumentaram 86,5% com energia elétrica; 73,4% com supermercado; 50,4% com internet; 55,5% com conta de água (veja outros números no gráfico).
Retrocesso
O banco queria estabelecer um banco de horas com prazo de compensação de seis meses, tanto para quem trabalha remotamente quanto para quem trabalha presencialmente. Na proposta negociada anteriormente, o banco aceitava pagar ajuda de custo e o banco de horas era apenas para quem trabalha remotamente. Além disso, o prazo era de dois meses para compensação. Caso não houvesse folga neste prazo, o banco teria que pagar pelas horas trabalhadas a mais.
O representante da Feeb-BA/SE (Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários da Bahia e Sergipe), Emanoel de Souza, lembrou que “em negociações realizadas anteriormente, já havia sido acordado, inclusive validado pelo pessoal do Jurídico da Caixa, que, no presencial, não seria criado banco de horas. Quem está no presencial deve receber pelas horas trabalhadas a mais”.
“A Caixa quer criar banco de horas para o presencial porque há sobrecarga de trabalho. Ao invés de contratar mais para não haver necessidade de os empregados trabalharem além do horário, estão querendo normalizar a sobrecarga sem ter que pagar pelas horas trabalhadas”, disse o representante da Federa/RJ (Federação dos Bancários do Estado do Rio de Janeiro), Rogério Campanate.
Durante a reunião, em mais de uma ocasião, foi solicitado que a Caixa não trouxesse o debate de banco de horas do presencial misturado com o debate de teletrabalho, mas a Caixa insistiu no tema, o que obrigou os empregados a recusarem a proposta da Caixa, além da ausência de proposta de compensação de gastos dos trabalhadores.
Negociações
As negociações sobre o teletrabalho foram interrompidas com a recusa da proposta, para serem retomadas posteriormente.
Nesta quarta-feira 17, a partir das 16h, haverá nova rodada de negociações.
Saiba como foram as rodadas anteriores:
- Trabalhadores cobram apuração das denúncias de assédio
- Caixa se compromete a contratar mais empregados
- CEE/Caixa cobra medidas para combater o adoecimento dos empregados do banco
- CEE/Caixa reivindica acessibilidade atitudinal aos PCDs
- Caixa se nega a criar GT para discutir contencioso da Funcef
Saiba tudo sobre a Campanha dos Bancários 2022
Estamos na fase 4 da Campanha, assista ao vídeo: