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Internacional

6ª Conferência de Mulheres da UNI Global Union: trabalhadoras prontas para mudar o mundo!

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Mulheres líderes sindicais de todo mundo no encerramento da 6ª Conferência Mundial de Mulheres da UNI Global Union

Foi encerrada neste sábado, 26 de agosto, na Philadelphia, Estados Unidos, a 6ª Conferência Mundial de Mulheres da UNI Global Union, sindicato global que representa mais de 20 milhões de trabalhadores e trabalhadoras em todo mundo, ao qual o Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região é afiliado.

A 6ª Conferência Mundial de Mulheres da UNI Global Union - que contou com 582 participantes, de 202 sindicatos, de 73 países diferentes, evidenciando a representatividade global do encontro - antecede o 6º Congresso da UNI Global Union, que ocorre entre os dias 27 e 30 de agosto; também na Philadelphia.

Os dois dias de intensos e produtivos debates da 6ª Conferência Mundial de Mulheres da UNI Global Union foram focados nestes principais temas:

  • Mulheres crescendo nos sindicatos;
  • Mulheres pela saúde e segurança;
  • Mulheres por um mundo livre de violência e assédio;
  • Mulheres por trabalho decente e um mundo sustentável;
  • Mulheres pela juventude.

Durante o segundo dia do evento, Carol Scheffer, da Irlanda, foi eleita a nova presidenta mundial da UNI Mulheres.

"Tivemos um congresso muito importante, com moções fundamentais, planos de luta aprovados, que servirão de guia para sindicatos de todo o mundo. Os depoimentos das delegadas foram incríveis e mostraram como são parecidos os problemas enfrentados em todas os países, mas como cada lugar tem sua forma de se organizar para conquistar trabalho decente para mulheres e homens; lutar para que a digitalização do trabalho não precarize mais os empregos, uma vez que empregos precarizados normalmente são impostos às mulheres, com menores salários; por um mundo com sindicatos fortes, para que organizem os trabalhadores no enfrentamento ao neoliberalismo; com mais participação das mulheres dentro dos sindicatos e na política; que as mulheres tenham parceria dos homens, com eles se responsabilizando em igual medida por tarefas domésticas e cuidados com a família, de forma que mudemos a realidade da dupla jornada feminina e possamos ter condições plenas para a nossa participação sindical e política", relata a presidenta do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, Neiva Ribeiro.

"Falamos muito também sobre a saúde da mulher, uma vez que ainda temos uma medicina muito focada nas questões masculinas. E a mulher precisa de cuidados específicos para suas necessidades em várias fases da vida. Debatemos ainda sobre as mudanças climáticas e seus impactos para toda a humanidade, especialmente para as mulheres", acrescenta.

Brasil

Rede de Mulheres UNI Brasil

Durante os dois dias da 6ª Conferência Mundial de Mulheres da UNI Global Union, líderes sindicais brasileiras tiveram a oportunidade de falar para companheiras e companheiros de todo o mundo sobre a conjuntura política, econômica e social do Brasil.

"No último congresso, estávamos enfrentando as reformas, um processo de perseguição ao movimento social e sindical, a prisão injusta do presidente Lula, estávamos sob os efeitos de um golpe. E, agora, demos nossos depoimentos sobre como a situação está mudando no Brasil. Temos muitos enfrentamentos a fazer, mas as mulheres estão de levantando por mais democracia, por políticas públicas. Uma vez que recuperamos o espaço democrático no Brasil, nós podemos lutar mais. Foi muito importante contar isso para líderes sindicais de todo o mundo, que torcem para que o Brasil não caia nunca mais no fascismo, nas mãos da extrema-direita", enfatiza Neiva Ribeiro.

"Saímos da 6ª Conferência Mundial de Mulheres da UNI Global Union com a sensação de dever cumprido. Fizemos nosso trabalho e temos avançado nas lutas com as quais nos comprometemos como, por exemplo, na mobilização para a ratificação da Convenção 190 da OIT, que reconhece que o assédio moral ou sexual no trabalho leva à violação dos direitos humanos e ameaça a igualdade de oportunidades. Temos também, na categoria bancária, uma Convenção Coletiva de Trabalho que está fazendo 31 anos; uma mesa de Igualdade de Oportunidades que está fazendo 23 anos. Esse é um marco, resultado de uma luta muito grande, importantíssima para que mulheres ocupem cada vez mais espaços de poder em todas as áreas da sociedade", conclui a presidenta do Sindicato.

Dupla jornada e adoecimento

Durante a sua intervenção no segundo e último dia da 6ª Conferência Mundial de Mulheres da UNI Global Union, Ana Beatriz Garbelini, secretária de Organização e Suporte Administrativo do Sindicato, falou sobre fatores que levam ao adoecimento das mulheres como, por exemplo, a sobrecarga decorrente da jornada dupla de trabalho.

"As mulheres são as grandes cuidadoras da sociedade, mas quem cuida das mulheres? No Brasil, tivemos um grande retrocesso nas políticas públicas para mulheres no último governo. Agora vivemos um momento de reconstrução, mas temos muito o que avançar. As mulheres adoecem mentalmente por conta da sobrecarga de trabalho. O trabalho fora de casa e o trabalho dentro de casa, o cuidado com os filhos, com as pessoas doentes, e muitas vezes sofremos caladas", disse a diretora executiva do Sindicato.

A dirigente também abordou a violência de gênero, citando que infelizmente esta é uma realidade também nos sindicatos.

"A violência de gênero também contribui para esse adoecimento e, infelizmente, dentro dos sindicatos isso não é diferente. As disputas exigem muito de nós. No nosso sindicato, conseguimos romper essa barreira, mas a luta é diária. E não é a realidade de outros sindicatos em nosso país e, pelo o que temos visto aqui, no mundo de forma geral. Ainda vemos muito machismo impondo barreiras para a participação das mulheres. Nossa luta é para que os sindicatos sejam lugares de acolhimento, escuta, afeto, e que a participação das mulheres seja cada vez mais facilitada e bem-vinda, para que assim nos levantemos fortalecidas e sejamos capazes de levantar outras mulheres", enfatizou.

Juventude

Por sua vez, a secretária de Juventude da Contraf-CUT, Bianca Garbelini (foto acima), abordou na sua fala as barreiras impostas às jovens mulheres na sua formação, e como elas impactam hoje a participação feminina no ramo financeiro.

"Os empregos que mais crescem atualmente no nosso ramo são os da área da tecnologia, já que a pandemia acelerou a digitalização nos bancos. Essa é uma área na qual infelizmente as mulheres são minoria. Historicamente, somos desincentivadas de estudar ciências exatas. Somos direcionadas para a área de cuidados, para atividades tidas como femininas. Devido a essa realidade, as contratações de mulheres estão diminuindo consideravelmente, o que nos causa uma grande preocupação", relatou Bianca.

"Acreditamos que os sindicatos devem abraçar a tarefa de contribuir com a formação das jovens trabalhadoras para o emprego do futuro, que na realidade já é o emprego do presente, e garantir espaços de participação política para essas jovens. Jovens mulheres, especialmente no sul global, precisam de acesso ao estudo e ao trabalho decente, precisam de perspectiva de futuro, de um planeta vivo. As consequências da crise climática são sofridas por nós, mas não somos nós que causamos as alterações no clima, tampouco usufruímos do dinheiro e coisas cuja produção impactam o meio ambiente. Nos levantamos juntas por transição energética justa, com foco em empregos sustentáveis e salário decente. Nos levantamos juntas pela vida das mulheres. Nos levantamos juntas por nossas jovens, que merecem um futuro", completou.

6º Congresso da UNI Global Union

Agora, após a realização da Conferência Mundial da UNI Finanças e da 6ª Conferência Mundial de Mulheres da UNI Global Union, líderes sindicais de todo o planeta, trabalhadores e trabalhadoras, se preparam para o 6º Congresso da UNI Global Union, que será aberto neste domingo, 27 de agosto, e segue até o dia 30, na Philadelphia, Estados Unidos.

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