O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região protestou na manhã desta quarta-feira 23, em frente a três agências do Itaú na zona norte, por mais segurança para trabalhadores e clientes.
Sob a justificativa de que algumas unidades não trabalham com numerários, o banco está retirando vigilantes e portas giratórias de algumas agências, fazendo com que os bancários trabalhem sob risco constante, expostos a todo tipo de violência.
Há relatos que chegam ao Sindicato, de bancários das chamadas unidades de negócio que são agredidos por clientes revoltados porque entram na agência e não encontram caixas para pagar suas contas ou sacar dinheiro.
Há ainda o caso de uma agência do Itaú, no extremo da zona oeste, em que os funcionários estão apavorados por testemunharem, sem poder fazer nada, a ação de criminosos cometendo golpes contra aposentados que utilizam a unidade.
São situações de violência que não estampam manchetes nos jornais impressos, nem no noticiário da televisão, mas expõem bancários ao risco constante.
“A violência não ocorre apenas nos assaltos a bancos, mas também nessas situações. Por conta do aumento da miséria no país, que foi agravada na pandemia, os bancários em unidades sem vigilância encontram-se extremamente vulneráveis a todos os tipos de violência. E o que fazem Itaú e outros grandes bancos? Retiram equipamentos”, critica a secretária de Saúde do Sindicato, Valeska Pincovai, bancária do Itaú.
“O Itaú alega que vigilantes e portas giratórias com detector de metal são equipamentos ultrapassados. E informa que trabalha com tecnologia e modernidade nos planos de segurança, mas o que temos visto é que essa modernidade não diminui a insegurança dos trabalhadores e clientes”, acrescenta.
Nem 5% do lucro
Dados dos balanços de quatro dos cinco maiores bancos – Bradesco, Santander, BB e Caixa – apontam que, em 2022, juntos, eles não chegaram a investir nem 5% de seus lucros em Vigilância e Segurança. O lucro dos quatro, somados, chegou a R$ 75,2 bilhões, mas o investimento em segurança foi de apenas R$ 3,2 bi, ou seja, 4,3% de seus lucros.
Desde 2021, o Itaú não informa mais em seu balanço o investimento em segurança, mas a julgar pelos anos anteriores, o montante investido não é muito diferente dos demais: em 2019, o Itaú desembolsou R$ 744 milhões com segurança, o que correspondeu a 2,6% do lucro; em 2020, o valor investido foi de R$ 730 milhões, ou seja, 3,8% de seu lucro (como o lucro em 2020 foi menor por conta da pandemia, a proporção ampliou).
Vidas não têm preço
“Os bancos alegam que os novos modelos de agências de negócios não trabalham com numerários, e que por isso não precisariam de vigilantes nem equipamentos de segurança. O que eles não estão levando em conta é que os trabalhadores ficam expostos a outros tipos de violência. Não se trata de agências terem numerário, caixas ou cofres, a prioridade da segurança tem de ser para as pessoas. Os bancos têm de valorizar a vida das pessoas, tanto de seus funcionários quanto dos clientes”, critica Valeska.
A dirigente destaca ainda que as instituições financeiras cobram juros e tarifas altíssimas dos correntistas, mas mesmo assim não investem em atendimento decente. “Fecham agências, não contratam funcionários e até mesmo discriminam clientes.”