Os bancários terão como eixos centrais de luta para os próximos meses e em 2026, a defesa dos empregos e dos direitos da categoria, dos bancos públicos, da democracia e da soberania nacionais. As resoluções foram aprovadas neste domingo 24, no encerramento da 27ª Conferência Nacional, ocorrida na capital paulista. Com o tema “O futuro que queremos! Justo, soberano, sustentável, inclusivo e democrático”, a Conferência iniciou na sexta-feira 22 e reuniu 629 delegados e delegadas de todo o país.
“Foram três dias de intensos debates sobre as condições de trabalho da categoria, os impactos da IA no setor e nos empregos, e discussões fundamentais sobre a conjuntura nacional e internacional. Reforçamos a luta pela defesa da nossa soberania, ameaçada pelos EUA com o apoio da ultra direita brasileira. Vamos intensificar também a luta contra o fascismo. E ainda a defesa de pautas importantíssimas para a promoção de um país mais justo, como a isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil e a taxação de grandes fortunas; a redução da jornada dos bancários e dos trabalhadores em geral e o fim da escala de trabalho 6X1, entre outros temas”, resumiu a presidenta do Sindicato, Neiva Ribeiro.
Neiva, que também é uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, lembra que este ano não há campanha da categoria. “Na Campanha de 2024 fechamos um acordo de dois anos, portanto, nossa CCT continuará válida até 31 de agosto de 2026. Mas as negociações permanentes com a Fenaban e as mesas com cada banco ocorrem ao longo de todos os anos, e é essencial definirmos planos de luta. Por isso, realizamos nossa consulta nacional à categoria, entre maio e julho, e antes da Conferência Nacional, realizamos conferências estaduais e encontros estaduais e nacionais por bancos.”
Defesa do Banco do Brasil
Neste mesmo sentido de defesa da soberania e da democracia, foi aprovada a realização de atos nacionais no dia 27 de agosto, em defesa do Banco do Brasil, após ataques nas redes sociais desde o dia 19.
Entre os ataques, há um vídeo feito por Eduardo Bolsonaro no dia 20, em que o deputado federal afirma que "o Banco do Brasil será cortado das relações internacionais, o que o levará à falência”.
Além da defesa do BB, os atos vão pedir a cassação dos deputados Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Gustavo Gayer (PL-GO), além da prisão do advogado Jeffrey Chiquini, que defende o ex-assessor de Jair Bolsonaro, Filipe Martins. Ambos publicaram postagens, segundo o banco, difamatórias e contra a soberania nacional.
Outras resoluções
- Defesa da soberania, da democracia e do Pix, frente às ameaças do presidente dos EUA, Donald Trump e da tentativa de interferir nas decisões da Suprema Corte brasileira. No plano interno, repúdio aos atentados contra a soberania e democracia cometidos pela extrema direita e punição aos crimes contra a democracia e de tentativa de golpe. Sem anistia! Nesse sentido, foi aprovada a participação massiva dos bancários nos atos de 7 de Setembro em defesa da Democracia e da Soberania Nacional.
- Justiça Tributária Já! Que os super ricos paguem mais, para que o povo pague menos: os bancários aprovaram a tributação de grandes fortunas, com taxação de lucros e dividendos e a garantia de isenção para os mais pobres, com aprovação do projeto do governo Lula de isenção para quem ganha até R$ 5 mil e correção da tabela do IR. Nesse sentido, foi aprovado o reforço ao Plebiscito Popular realizado pelo movimento sindical.
- Reeleger o Presidente Lula e apoiar candidaturas ligadas à classe trabalhadora.
- Regulação das redes sociais: uma urgência democrática! O que é crime no mundo real precisa ser crime também no mundo digital. A ausência dessa regulação tem favorecido a disseminação de desinformação, fakes news, discurso de ódio, pedofilia, fraudes financeiras e manipulação política.
- Defesa dos Bancos e Empresas Públicas e a Importância dos Serviços Públicos – o movimento sindical bancário reafirma a importância estratégica da Caixa, do Banco do Brasil e demais bancos públicos para o desenvolvimento econômico do país e para a promoção da justiça social.
- Redução da jornada e fim da Escala 6x1 – luta pela redução da jornada de trabalho, sem redução de salários, e pelo fim da escala 6x1 é fundamental para garantir qualidade de vida e saúde para os trabalhadores.
- Regulação do Sistema Financeiro Nacional – o sistema financeiro deve servir ao desenvolvimento econômico e social do Brasil, portanto, os bancários se opõem às altíssimas taxas de juros e tarifas exorbitantes cobradas pelos bancos. E reforçar a luta pela redução da taxa Selic. Além disso, são contra as assimetrias regulatórias entre bancos e fintechs, que fragilizam direitos trabalhistas e defendem a responsabilização das fintechs por fraudes bancárias.
- Contra o fechamento de agências bancárias e em defesa do emprego bancário – a tecnologia não pode ser usada para extinguir empregos e nem para fechar agências físicas, como os bancos têm feito nos últimos anos. Reforço às campanhas e mobilizações que já estão sendo realizadas.
- Formação da Classe Trabalhadora, com a criação de núcleos de debates e análise de conjuntura.
- Comunicação popular na era das redes sociais – com ampliação e uso estratégico das redes, a produção de conteúdos e disputa de narrativas, campanhas permanentes e mobilização, e combate à desinformação.
- Novas Formas de Mobilização – reestruturação do modelo sindical, com fortalecimento da unidade nacional, mobilização nos bancos públicos e na sociedade, e criação de redes de solidariedade.
- Saúde e Condições de Trabalho – bancários aprovaram diversas resoluções para a defesa da saúde mental e física da categoria, uma das que mais adoece por conta do trabalho. Entre elas o combate às metas abusivas e aos assédios moral e sexual.
Moções
Além das resoluções, foram aprovadas quatro moções:
- De repúdio às práticas de contratação fraudulenta adotadas pelo banco Santander;
- De apoio ao Supremo Tribunal Federal e em defesa da soberania nacional;
- Contrária à pauta de anistia geral e irrestrita aos participantes da tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023;
- Pelo fim do genocídio do povo palestino.
Homenagem à greve de 1985
Antes da plenária final, o auditório da Conferência Nacional foi palco de uma homenagem à greve dos bancários de 1985, movimento histórico que resultou em conquistas fundamentais para a categoria até hoje, como a jornada de 6 horas e a união da data base. A paralisação de dois dias (11 e 12 de setembro) ocorreu num contexto de forte pressão inflacionária, abrangeu mais de 500 mil bancários e travou o sistema financeiro nacional.

Foi exibido um vídeo sobre a greve e, logo em seguida, dezenas de dirigentes entraram no auditório encenando uma passeata da época, portando faixas e cartazes e gritando palavras de ordem com megafones. Ao final, alguns sindicalistas bancários, personagens centrais dessa história, deram depoimentos sobre a mobilização, que completará 40 anos.
