
A soberania é um princípio fundamental para qualquer nação que se pretenda democrática, justa e comprometida com seu povo. É a base que garante o direito de um país decidir seus próprios rumos, sem interferências externas, pressões políticas, sanções econômicas ou imposições do mercado financeiro internacional. E é justamente em torno desse princípio que os trabalhadores organizados têm reafirmado seu compromisso com a defesa do Brasil.
Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu entrevista ao jornal The New York Times em que reafirma, diante de uma plateia global, que o Brasil não aceitará ser empurrado para zonas de conflito, nem se submeterá à lógica geopolítica das potências que desejam decidir pelos outros. Lula destaca a importância do multilateralismo, do diálogo entre os povos e da busca pela paz – e, acima de tudo, reforça o papel da soberania como condição para que os países do Sul global possam existir com dignidade no cenário internacional.
Soberania se constrói no dia a dia
No entanto, a soberania não se constrói apenas no campo diplomático. Ela se constrói no dia a dia do povo brasileiro, nas decisões que afetam o emprego, o salário, a saúde, a educação, o acesso ao crédito, ao transporte e à moradia. Ela se expressa na capacidade que temos – ou não – de dizer “não” a políticas que prejudicam os trabalhadores e beneficiam apenas uma minoria privilegiada. E é por isso que o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região tem se feito presente em todos os atos e mobilizações em defesa da soberania nacional. Porque entendemos que ela só é plena quando se realiza de baixo para cima, com protagonismo da classe trabalhadora.
Estamos profundamente preocupados com os efeitos que sanções econômicas, pressões comerciais ou alinhamentos automáticos aos interesses de grandes potências podem ter sobre a população brasileira. Sabemos, por experiência histórica, que os impactos dessas ações recaem principalmente sobre os ombros dos mais pobres. Quando há uma retração no comércio, na produção ou no investimento público, são os trabalhadores que sofrem primeiro. E isso se agrava quando os juros altos seguem sufocando a economia, alimentando a especulação e impedindo o país de crescer com justiça social.
Tema central nas Conferências
É por isso que este tema será central nas análises de conjuntura das Conferências Estaduais e Nacional dos Bancários, que acontecerão em breve. Trabalhadoras e trabalhadores de todo o país vão se reunir para debater os caminhos possíveis para um Brasil mais justo, soberano e comprometido com o bem-estar do seu povo. Vamos refletir sobre como o sistema financeiro precisa estar a serviço do desenvolvimento e não do rentismo, e como os bancos públicos devem cumprir sua função social, sendo instrumentos estratégicos de financiamento à moradia, à agricultura familiar, à inovação e ao combate às desigualdades.
Nessas conferências, debateremos também a ameaça constante de privatizações, muitas vezes camufladas em discursos técnicos, que escondem o real interesse por trás dessas iniciativas: entregar o patrimônio público ao capital privado, muitas vezes estrangeiro. Rejeitamos essa lógica e reafirmamos nosso compromisso com um projeto de país em que a riqueza produzida aqui fique aqui, e sirva ao povo brasileiro. A soberania também se exerce no chão das agências, nos locais de trabalho e nas negociações coletivas. A valorização do trabalho bancário, o combate à precarização e a luta por direitos fazem parte da mesma agenda de um país soberano.
Defender a soberania é, em última instância, defender o direito de cada trabalhador viver com dignidade. É garantir que nenhuma decisão sobre o nosso futuro seja tomada sem a nossa participação. É afirmar que não aceitaremos ser subalternos em um mundo de interesses desiguais. E que resistiremos a qualquer tentativa de subordinação do Brasil a projetos que não dialoguem com as necessidades do seu povo.
O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região continuará presente em cada espaço de mobilização, em cada fórum de debate e em cada negociação, defendendo uma soberania construída com democracia, justiça social e protagonismo da classe trabalhadora. Porque soberania não é apenas um ideal — é uma prática política que precisa ser vivida e defendida todos os dias.
