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Mulheres marcham na Paulista para mudar o mundo

Linha fina
Manifestação marcou encerramento do encontro que debateu formas de ativismo feminino para a transformação da sociedade
Imagem Destaque

São Paulo – Cerca de duas mil mulheres participaram de uma caminhada pela Avenida Paulista, parte do encerramento do 9º Encontro Internacional da Marcha das Mulheres. O tema da caminhada deste ano é Feminismo em Marcha para Mudar o Mundo.

A caminhada começou às 16h30 no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp) e seguiu pelo centro da capital, para acompanhar uma série de shows, entre eles, da cantora Karina Buhr.

Durante toda a semana, mulheres de 48 países estiveram reunidas no Memorial da América Latina, na região da Barra Funda, zona oeste da capital. No encontro, elas debateram temas como o capitalismo, o preconceito e o aborto.

Segundo Terezinha Vicente, jornalista, ativista e membro da Marcha Mundial de Mulheres de São Paulo, o encontro teve a participação de mais de 1,6 mil mulheres, com cerca de 150 representantes de outros países. “A Marcha Mundial se define como feminista e anticapitalista. Então, queremos mudar o sistema que esta aí. Sabemos que o capitalismo e o patriarcado andam juntos: a discriminação à mulher, o racismo e a lesbiofobia andam juntas com o capitalismo.”, disse ela.

Na caminhada, estiveram presentes mulheres de vários estados do Brasil e de outros países. Carregando bandeiras e vestindo camisetas na cor roxa, as mulheres cantavam músicas com a frase “Se cuida, se cuida, seu machista. A América Latina vai ser toda feminista”. Algumas seguravam cartazes com os dizeres “Não pedimos, exigimos o fim da cultura do estupro. Autonomia sobre nossos corpos e nossas vidas” e “Lugar de mulher é onde ela quiser”.

Perto de um cartaz em que se lia “Mulher com deficiência construindo sua história”, a cadeirante Marly dos Santos, conselheira do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência de São Paulo, disse que as mulheres ainda precisam conquistar “o direito de ser gente”. Para Marly, ainda há muita discriminação no trabalho e na política. “As mulheres com deficiência enfrentam muitos problemas hoje principalmente o da violência, dentro da própria casa e na rua. E sem contar a discriminação.”

"Somos capazes e podemos ocupar qualquer cargo, em qualquer lugar”, definiu a agricultora e professora piauiense Isaudira Celestino, que deixou o filho sob cuidados do marido e viajou 30 horas de ônibus para participar da marcha.

Também participou da caminhada a boliviana Alexandra Flores, que veio ao Brasil para participar do encontro. Ela é integrante da Rede Latino-Americana de Mulheres Transformando a Economia. Segundo Alexandra, na Bolívia, assim como em muitos outros países da região, “as mulheres têm de resolver seus problemas sozinhas”.

“Não há políticas concretas de apoio às mulheres”, ressaltou. Alexandra contou que na Bolívia há muitos casos de homicídios contra mulheres e a Justiça do país é muito lenta “para julgar os culpados”. Para Alexandra, os problemas enfrentados pelas mulheres em todo o mundo só poderão mudar quando “o Estado assumir políticas que não sejam baseadas na moralidade, mas que respondam à realidade das mulheres”.

Outra manifestante era Creusa, indígena da etnia Pataxó que mora em Araçuaí, em Minas Gerais. “Hoje estamos aqui pela luta das mulheres, que sempre eram muito reprimidas e hoje são livres”, disse ela. Segundo Creusa, as mulheres indígenas ainda enfrentam muitos problemas nos dias de hoje. “As mulheres sofrem muito preconceito: sobre as terras, sobre os alimentos”, citou. De acordo com ela, essa situação pode mudar quando “todas as mulheres estiverem unidas, com um grito só”.

Secretária de Comunicação e Imprensa da CUT-SP, Adriana Magalhães, acredita que a atual geração de mulheres já vive sob outro patamar na relação entre gêneros. Porém, ainda assim, pensa ser necessário lutar para ter acesso aos espaços de poder. “As meninas de 20 anos hoje tem muito mais autonomia sobre seu corpo, não vivem em um mundo romanceado, mas real, em que precisamos nos impor para sermos respeitadas. E o meio sindical não é diferente.”


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Elaine Patricia Cruz, da Agência Brasil, com edição da Redação - 2/9/2013

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