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Educadores denunciam fechamento de escolas rurais

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Segundo dados do ministério da Educação, mais de 30 mil - quase metade- foram fechadas em dez anos
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São Paulo – Fechar escola é crime foi o lema de abertura do 2º Encontro Nacional de Educadores da Reforma Agrária (Enera), realizado em Luziânia, Goiás, de segunda 21 a sexta-feira 25. Organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), o evento denunciou, em seu primeiro dia, o fechamento de quase metade das escolas rurais, em todo o país, nos últimos dez anos.

Durante o encontro, que reúne cerca de 1,5 mil educadores que atuam em áreas rurais, serão discutidas propostas para a valorização do ensino público no campo. De acordo com o ministério da Educação (MEC), mais de 30 mil escolas rurais foram fechadas, nos últimos dez anos. "Nas periferias, todos nós sabemos que a situação da educação é muito crítica, mas, no campo, ela se agrava", conta a professora Simone, que trabalha no interior do Paraná e participa do 2º Enera.

A mesa de abertura contou com a participação do ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), Patrus Ananias, o ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, o secretário nacional de Juventude, Gabriel Medina, e a presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Maria Lúcia Falcón.

O ministro da Educação anunciou a criação de um grupo de trabalho para discutir a política de fortalecimento da educação no campo, e destacou que o governo aprovou uma lei que exige que qualquer fechamento de escolas do campo seja precedido de amplos estudos e consultas à população local. Janine lembrou ainda que o fechamento de escolas é decisão de estados e municípios.

João Pedro Stedile, da coordenação nacional do MST, ressaltou a ofensiva do capital sobre a educação. "O Estado brasileiro fez uma opção pelo modelo empresarial de educação. A lógica que opera hoje na educação é a lógica do custo-benefício e da produtividade", afirmou.

Na avaliação dos movimentos sociais, o ensino brasileiro está cada vez mais submetido a uma lógica mercantilizada por grandes grupos financeiros, e os recentes processos de fusões entre grandes grupos educacionais, como Kroton e Anhanguera, e a criação de movimentos, como o Todos pela Educação, representariam a síntese deste processo.

Divina Lopes, do setor de educação do MST, afirma que um dos principais desafios do Enera é denunciar a atual situação da educação pública do Brasil, e “propor a construção de um novo espaço de articulação entre os trabalhadores da educação para disputar a educação pública, e criar um novo projeto que garanta a formação dos sujeitos nas diferentes dimensões humanas, numa perspectiva libertadora e transformadora”

O ministro Patrus Ananias (MDA) reiterou a importância de se pensar na educação do campo de forma a atender as suas demandas e particularidades. "Encontros como esse são fundamentais para pensarmos a educação brasileira e a função da terra. O Enera se transformou num espaço solidário, de cooperativismo e de construção de uma sociedade nova, livre do egocentrismo."

Patrus prometeu ainda "tirar debaixo da lona todas as famílias que hoje lutam por terra no Brasil", reafirmando o compromisso assumido pela presidente Dilma de assentar, até o final de seu mandato, as 170 mil famílias que hoje vivem em acampamentos.


Rede Brasil Atual - 23/9/20152
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