O apoio à diversidade sempre fez parte da história do Sindicato dos Bancários de São Paulo. Isso se materializa não apenas na conquista de direitos iguais para casais homoafetivos na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), mas em ações diretas para a comunidade LGBT, como o apoio ao time de homens transexuais Meninos Bons de Bola, que usam a Quadra dos Bancários como espaço de treino.
O time, que surgiu em 2016, começou pela falta de espaços para debate e prática de esporte de homens trans. No começo, eram apenas quatro participantes e a ideia era ter apenas uma roda de conversa e treinos ocasionais de futebol. A ideia cresceu e hoje o time já conta com 30 atletas que treinam regularmente.
Com o crescimento, surgiu também um problema: o espaço para treinar.
“Treinávamos em quadras e espaços públicos, sem nenhuma estrutura ou segurança, e já chegamos a ser ameaçados em um desses espaços”, conta o orientador socioeducativo, Raphael Henrique Martins, um dos fundadores do time.
A solução para este problema apareceu há mais ou menos um ano. Eles conheceram a Quadra dos Bancários, entraram em contato com a entidade e conseguiram espaço para treinar.
“Esta parceria, a única da equipe, nos ajuda com segurança, com autoconfiança e com estrutura. Não tínhamos banheiro, vestiários, nada! E agora nos sentimos seguros e confortáveis, sem agressões, ofensas, ameaças. Agora a gente pode se encontrar e fazer o que gosta pelo menos um dia, um dia para fazer sorrir”, afirma Henrique.
No último domingo, 23, os meninos sediaram seu primeiro torneio na Quadra, e jogaram contra seis times de jogadores LGBT, que também contavam com heterosexuais no elenco. Quem levantou a taça? Pouco importa: quem venceu foi a diversidade.
Espaço para os movimentos
O diretor executivo do Sindicato e funcionário do Banco do Brasil, Ernesto Izumi, destaca que a Quadra dos Bancários tem muita história, foi e continua sendo um espaço importante de resistência, inclusive na luta contra o preconceito.
“A quadra do sindicato é quase um personagem, tem perfil, tem personalidade. A quadra abriga os bancários e trabalhadores de outras categorias e movimentos sociais em defesa dos direitos LGBT, negros, índios, povos estrangeiros, povo das ruas, juventude, cultura e arte.Temos orgulho disso. Raul Seixas já tocou lá!”, relembra o dirigente.
Além de ser cedido para estes movimentos sociais, o espaço também é alugado por igrejas, partidos políticos e pela própria categoria, já que bancários sindicalizados usam a Quadra para organizar festas e torneios esportivos.