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Chapéu
15% ao ano

Banco Central mantém Selic nas alturas mesmo com inflação controlada

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Imagem mostra prédio do Banco Central em Brasília

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) manteve a taxa Selic em 15% ao ano. Com a decisão tomada em reunião finalizada na noite desta quarta-feira 17, a taxa básica de juros segue no patamar mais elevado desde julho de 2006.

A escalada dos juros começou em setembro do ano passado, sob a justificativa de conter a alta da inflação. Em agosto de 2025, houve deflação de 0,11% em relação a julho, o menor resultado para o mês desde 2022. A inflação dos alimentos registrou queda de 0,46%, acumulando o terceiro mês seguido de deflação nesse grupo. No acumulado de 2025, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) apresenta alta de 3,15% e, nos últimos 12 meses, de 5,13%.

Atualmente, a meta de inflação está em 3%, um nível praticamente inatingível, ainda com margens de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, considerando que, nos últimos 27 anos de regime de metas, em apenas seis ocasiões o IPCA (índice oficial de inflação do Brasil) ficou abaixo de 4,5%. E, em apenas uma delas, foi inferior a 3%.

“Essa meta de 3% imposta hoje pelo Conselho Monetário Nacional leva a crer que a inflação está fora de controle, e fortalece o argumento para que o Banco Central mantenha a Selic elevada, o que seguirá afetando negativamente a economia. Juros mais altos, além de contribuírem com o endividamento das famílias, desestimulam o investimento das empresas e obrigam o governo a gastar mais com o pagamento dos juros da dívida pública.”

Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo

Nos últimos 12 meses, os juros nominais pagos pela União aos detentores de dívidas públicas alcançaram R$ 912 bilhões, o mesmo que 7,45% do PIB.

A Selic elevada favorece um grupo restrito e com capacidade de influenciar a política monetária do Banco Central, segundo análise do Corecon (Conselho Regional de Economia) de São Paulo: “O FOCUS (boletim do Banco Central, feito com base em análises 100% do mercado) carrega o viés de interesse dos respondentes, que objetivam maximizar seus retornos, como por meio de aplicações com taxa de juros altas e baixo risco.”

Atualmente, os bancos detêm, diretamente, mais de 30% da dívida pública brasileira (remuneradas com base na Selic) e, os fundos de investimentos, outros 22%.

“Essa realidade mantém a economia brasileira disfuncional. Segundo a Auditoria Cidadã da Dívida, mais de 40% do Orçamento são gastos com os pagamentos da dívida pública, a qual o setor financeiro é o principal beneficiário. Na outra ponta, a população e o setor produtivo têm de lidar com o sufocamento da economia real sob a justificativa do controle da inflação, a qual as previsões são feitas pelo próprio mercado, o que influencia o Banco Central a manter a Selic elevada, beneficiando assim o próprio mercado. Um círculo vicioso que o Sindicato colocou como pauta central combatê-lo”, afirma Neiva.

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