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Chapéu
Brasília

Protesto em show de Katy Perry denuncia ataques do Santander contra trabalhadores

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Imagem em desenho mostra pessoas em um show e uma mão erguendo um leque onde se lê “Your main sponsor doesn’t respect their own workers”

O Santander foi alvo de protesto durante o show de Katy Perry, em Brasília, na noite de sexta-feira 19. Os fãs receberam leques com críticas ao banco espanhol, que patrocina a turnê da cantora estadunidense no Brasil.

O material exibia a frase em inglês: “Your main sponsor doesn’t respect their own workers” (Seu patrocinador principal não respeita seus próprios trabalhadores, em tradução livre).

“A denúncia expõe as práticas desrespeitosas que o banco espanhol mantém no Brasil, de onde retira a maior parte do seu lucro global. Nos últimos anos, o movimento sindical bancário tem atuado na defesa do emprego e no combate às terceirizações no Santander, com o objetivo de alertar os trabalhadores, sensibilizar a sociedade e levar às autoridades os impactos sociais e tributários dessa prática”, afirma Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo.

Desde 2021, o Santander Brasil transfere bancários para outras empresas do seu próprio grupo como, por exemplo, a Caceis, F1RST, Tools, Prospera, SX Negócios, todas com CNPJs diferentes.

Com isto, esses trabalhadores deixam de ser bancários, não sendo mais abrangidos pela Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria, e perdem uma série de direitos como auxílio-creche/babá (R$ 697,14), vales alimentação (R$ 924,47) e refeição (R$ 53,33 x 22 dias = R$ 1.173,262), PLR e PPR negociados pelo Sindicato, entre outros, além de deixarem de ser representados por um dos maiores e mais fortes sindicatos da América Latina.

A prática abusiva de terceirização fraudulenta do Santander está associada à maximização do lucro com a retirada de direitos históricos dos bancários. Apesar da ampliação do número de trabalhadores do Grupo Santander, estima-se que nos últimos cinco anos, o número de trabalhadores bancários no Santander tenha reduzido em cerca de 18 mil trabalhadores.

Da totalidade de trabalhadores do Santander, estima-se que cerca de 50% são bancários e os demais estão alocados em outras categorias. Apenas na matriz do banco Santander, o número de bancários caiu de 14,5 mil em 2019 para 8,7 mil em 2024, redução de cerca de 6 mil empregos ou 40%.

O Sindicato dos Bancários de São Paulo participa de campanhas nacionais, com atividades e paralisações em agências e centros administrativos da instituição financeira para denunciar essas práticas. E tem feito denúncias em organismos internacionais.

Na 113º Conferência da OIT, ocorrida em junho deste ano, foram debatidas novas normas internacionais de proteção aos trabalhadores, promoção do trabalho decente na economia de plataformas, abordagens inovadoras para a formalização da economia e do trabalho, regulação do sistema financeiro.

“Reiteramos na OIT, como é fundamental fortalecer o processo de negociação entre sindicatos, governos e empresas para que os avanços tecnológicos beneficiem os trabalhadores — com medidas como a redução da jornada de trabalho — e não sirvam para fragmentação da organização dos trabalhadores e ampliação dos lucros das empresas”, afirma Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo.

“Nossa luta contra as fraudes praticadas pelo Santander é também uma luta em defesa da justiça social e da valorização do trabalho. O modelo adotado pelo Santander, se não for combatido, pode se tornar referência para outras empresas, aprofundando a precarização no setor bancário e em toda a economia. Por isso, a resistência é urgente, necessária e coletiva”, acrescenta,

O Santander também foi denunciado formalmente na Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), do Ministério da Justiça por essas práticas como o fechamento em massa de agências e a terceirização fraudulenta.

A denúncia – apresentada pelo Sindicato dos Bancários de Brasília, em conjunto com a deputada federal Érika Kokay (PT-DF) e com o deputado distrital Chico Vigilante (PT) –, também aponta que as mudanças não teriam sido acompanhadas pela compensação adequada por canais de atendimento equivalentes, afetando, principalmente, populações de baixa renda e com acesso limitado a tecnologias digitais.

Ainda segundo a denúncia à Senacon, a terceirização sistemática das atividades do banco, por meio da criação e utilização de empresas com CNPJs diferentes e com Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) distinta da atividade bancária, fragiliza as estruturas de atendimento ao consumidor, além de diminuir o vínculo com os canais tradicionais de supervisão e responsabilização do setor bancário.

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