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BC critica falta de transparência com cobranças

Linha fina
“O banco pode te atrair com taxa de juros menor, mas cobrar uma série de outras taxas maiores”, afirma chefe do departamento de normas
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São Paulo - Após cinco anos da padronização das tarifas cobradas pelos bancos, o Banco Central agora quer avaliar e corrigir as distorções dos valores divulgados e aquilo o que é cobrado de fato da população. Foi o que disse o chefe do Departamento de Normas do BC, Sérgio Odilon, em entrevista à Folha de S. Paulo.

O diretor explicou que a regulamentação das tarifas bancárias, em 2007, foi um grande avanço para a comparação e fiscalização das taxas cobradas pelos diversos bancos, a exemplo da redução da quantidade de tarifas nos serviços essenciais (cheque, saque, extratos, etc), que caiu de 80 para 19. Entretanto, ele destacou que em uma operação de crédito, a cobrança é apenas um elemento, pois há ainda o imposto e outros serviços, que no ano resulta em uma taxa de juros, o Custo Efetivo Total (CET).

“O banco pode te atrair com taxa de juros menor, mas cobrar uma série de outras coisas. Pior: em outros serviços pode cobrar uma taxa de administração muito maior”, explica, ao orientar os cidadãos a terem cuidado e cobrar os bancos assim como fazem com qualquer outro estabelecimento. “Tem que reclamar com quem lhe presta serviço”, disse.

Sérgio Odilon explica, por exemplo, que o cliente deve cobrar do banco o CET, que é fundamental para checar as informações e avaliar o que é mais vantajoso. E avisa: “Os clientes podem e devem cobrar e não esperar que os bancos saiam anunciando, porque isso eles não vão fazer.”

O chefe do Departamento de Normas do BC também exemplificou como é difícil fiscalizar o valor total cobrado pelas instituições financeiras. “Temos uma tabela com os cinco serviços básicos, que respondem por 90% dos serviços utilizados. Os bancos declaram o que cobram ao BC e colocam no site deles. Onde está o detalhe difícil de pegar? Pacote. O banco, em vez de cobrar tarifa por tarifa, oferece um pacote por mês. Teoricamente, o pacote é mais barato. Mas são milhões e não dá para colocar no site.”

Apesar da tentativa do BC de mostrar o impacto efetivo de cada uma das tarifas do sistema financeiro, a tarefa não será simples, pois, segundo Sérgio Odilon, “do valor declarado para o efetivo, a diferença é monumental.” Para ele, somente por meio da transparência e do estímulo à concorrência é que será possível reduzir os preços e fazer com que os serviços sejam cobrados de maneira mais justa.


Redação, com informações da Folha de S. Paulo – 23/10/2012

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