Pular para o conteúdo principal

Após inundação, Billings volta a reforçar Alto Tietê

Linha fina
Mudanças afetam rio Taiaçupeba-Mirim e deixam moradores da região com medo de mais alagamentos
Imagem Destaque

São Paulo - O sistema Rio Grande voltou a encaminhar água para a represa Taiaçupeba. A transposição das águas da Billings para o sistema Alto Tietê ficou parada por alguns dias, após a intervenção causar o assoreamento do leito do Taiaçupeba-Mirim, um dos rios que forma a represa Taiaçupeba, o que causou inundações no Bairro Ouro Fino, em Ribeirão Pires. A Prefeitura embargou a obra, que é considerada a principal intervenção para impedir o rodízio mais rígido na Grande São Paulo, em 8 de outubro, mas após acordo com a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), liberou a passagem de até 1m³ dos 4m³ por segundo no local desde 9 de outubro.

“A Sabesp se comprometeu em diminuir o volume de água e o DAEE de fazer a obra de alargamento e aprofundamento da calha do rio. Mas a obra ficou parada por três dias”, garantiu o secretário de Meio Ambiente de Ribeirão, Gerson Goulart. Nesta terça-feira 20, a reportagem do ABCD Maior esteve no local e constatou o bombeamento, além dos operários do DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo) trabalhando no leito do Taiaçubepa-Mirim e colocando pedras para escorar o leito do rio que desmoronou com a força da água bombeada.

Conforme um funcionário da Sabesp, que preferiu não se identificar e vistoriava as obras, o objetivo é reforçar o canal para suportar a passagem dos 4m³/s que virão da Billings sentido Alto Tietê. “É uma obra complementar, mas enquanto ela é feita o bombeamento segue normalmente”, avaliou. De acordo com o secretário de Ribeirão, nesta terça, a Sabesp bombeava 0,8m³/s da água no local. “Vamos ver se as obras eliminam o problema. Se não eliminarem, voltaremos a conversar com a Sabesp e ver quais medidas poderão ser tomadas”, ressaltou.

Cheias - O rio Taiaçupeba-Mirim passa ao lado da casa da pensionista Maria Ivonete de Oliveira Silva, 63 anos, na rua Planura, em Ribeirão. Ela teme que a transposição cause mais enchentes no local. “Qualquer chuva de meia hora já causa alagamentos aqui, imagina agora com a passagem dessa água?”, destacou.

Antes do embargo, Maria lembra que a Sabesp estava encaminhando 2m³/s, o que foi suficiente para manter o nível do rio no limite. “Qualquer garoa faria o rio transbordar”, afirmou. Para a pensionista, o correto seria a Sabesp ter feito o alargamento do leito do rio antes da transposição. “Eles podiam ter alargado o rio ou ter subido o nível da rua”, avaliou.

Obras - Desde o início a obra, de R$ 130 milhões em investimento, é cercada de problemas, com licenças ambientais a toque de caixa. A falta de EIA/Rima (Estudo e Relatório de Impacto Ambiental) é criticada por ambientalistas e virou alvo de investigação pelo Ministério Público. Além disso, ocorreram vários danos ambientais, entre eles o aterro de parte da represa e a morte de capivaras em Rio Grande da Serra.

Durante o período de testes no dia da entrega da intervenção, em 30 de setembro, as tubulações também apresentaram vazamentos. O problema mais grave ocorreu na avenida Guilherme Monteiro Pinto, em Rio Grande da Serra, onde equipes da Sabesp trabalharam durante o dia todo para conter um vazamento submerso. Mergulhadores e um guindaste foram usados na operação. Na ocasião, a vinda do governador Geraldo Alckmin (PSDB) foi adiada até que os consertos fossem realizados.


Claudia Mayara, do ABCD Maior - 21/10/2015

seja socio