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Ato denuncia sucateamento e privatização do Metrô

Linha fina
Manifestação em frente a estação lotada devido a pane é contra intenção do governo estadual de privatizar linha 5; estratégia é deteriorar o serviço para justificar entrega à iniciativa privada, aponta presidente do sindicato dos metroviários
Imagem Destaque
São Paulo – Em mais um dia duro para os usuários do Metrô, o Sindicato dos Metroviários de São Paulo realizou um protesto em frente à estação Anhangabaú no fim da tarde de quinta-feira 22 para denunciar a intenção do governo Geraldo Alckmin (PSDB) de privatizar a linha 5.

Para uma multidão aglomerada em frente à estação e impedida de passar as catracas devido a mais uma pane do sistema, o presidente do Sindicato dos Metroviários, Altino de Melo Prazeres Junior, criticou o processo de sucateamento vivenciado pela estatal.

“Desde o inicio do ano, o governo do estado não contratou nenhum funcionário, várias peças não estão sendo repostas, a gente fala que tem trens que são ‘Frankstein’, porque retira peça de um para colocar em outro, então é um processo de sucateamento que vai se expressar na vida real, como aconteceu ontem com a CPTM, para depois o governo justificar a privatização”, avalia Altino. Uma falha interrompeu o serviço da linha 9 na tarde de quarta-feira. Um dia antes, outra pane prejudicou os usuários da linha 11.

Durante o ato foi lembrado que o metrô da cidade do Rio de Janeiro foi privatizado em 1997, hoje conta com uma malha de apenas 41 km (o metrô paulistano tem 78 km) e cobra uma tarifa de R$ 3,70 ante R$ 3,50 em São Paulo.

“Normalmente quando tem uma privatização, uma das consequências é o aumento da tarifa, a diminuição do número de funcionários e a piora na qualidade do serviço”, afirmou Altino.  “Na linha 4 [privatizada] você quase não vê funcionário, então um deficiente, uma pessoa que está passando mal tem dificuldade de ser atendida.

Aconteceu na estação República [que atende tanto a linha 2 do Metrô quanto a linha 4] o caso de uma moça que se sentiu mal. Os funcionários da linha 4 demoraram a chegar, tiveram que levar ela para o Metrô, para o Metrô encaminhar para o hospital, porque na linha 4 não tinham estrutura.”

Demitidos – Os manifestantes também cobraram a readmissão dos 42 demitidos pela greve da categoria em 2014. Deste total, apenas quatro foram reintegrados. O Metrô recorreu e os 38 restantes continuam demitidos. “Nós ganhamos na Justiça, mas não levamos”, explica Altino. “O juiz fez uma coisa incrível do ponto de vista jurídico, porque ele disse que temos razão, as demissões estão erradas, porém ele não mandou readmitir, agora nós estamos atrás para que eles sejam reintegrados. A informação que a gente tem é que, nos bastidores, o juiz sofreu pressão do governo do estado”, completa.

Por decisão da assembleia realizada no dia 19, os bancários participaram do ato, em apoio à luta dos metroviários. Representando o Sindicato, o dirigente Marcelo Gonçalves (foto, ao microfone) retribuiu a solidariedade dos metroviários à greve da categoria bancária. Ele traçou um paralelo com a Sabesp, estatal que teve parte privatizada, negocia ações na bolsa de Nova York e presta serviços ineficientes à população. “Ao mesmo tempo em que dá mostras de que pretende privatizar parte do Metrô, o governo vende ações da Sabesp para gerar lucro a uma elite econômica em detrimento da população, que vive escassez de água. Temos de defender o Metrô como empresa pública, mas de qualidade, e para isso temos que cobrar investimento por parte do governo do estado.”

O usuário do metrô e metalúrgico Francisco Freitas, impossibilitado de voltar para casa devido à pane, ouvia e apoiava a manifestação. “O sucateamento e a privatização são estratégias típicas de um governo neoliberal que não respeita a população. Aqui no metrô pego filas enormes, tem poucos funcionários para atender, as bilheterias não têm condições técnicas de fornecer um serviço decente. Assim como faz com as escolas públicas que estão sendo fechadas. População de São Paulo merece mais respeito.”


Redação – 22/10/2015
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