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Rodrigo Gomes, da Rede Brasil Atual
11/10/2016
São Paulo – O lobista que operava para a Cooperativa Orgânica da Agricultura Familiar (Coaf), Marcel Ferreira Júlio, confirmou na terça 11, durante sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da merenda, na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), o conteúdo de sua delação, feita à Procuradoria-Geral de Justiça, aos deputados que compõem a CPI que apura superfaturamento e pagamento de propina em contratos da merenda escolar do governo Geraldo Alckmin (PSDB). “Ele confirmou o depoimento, disse que repassou dinheiro a assessores do (deputado Fernando) Capez (PSDB) e que foi ameaçado se não pagasse”, relatou o deputado João Paulo Rillo (PT).
Marcel, no entanto, havia pedido para fazer o depoimento em sessão reservada, sem acompanhamento pela imprensa. Mas, ao chegar, apresentou um documento com orientações recebidas pela Procuradoria-Geral de Justiça, do Ministério Público de São Paulo, dentre as quais, permanecer em silêncio na oitiva. “Uma delação não deveria impedir a pessoa de falar a outro poder, que tem prerrogativa de investigação. Se é assim, não faz sentido fazer CPI no Legislativo”, lamentou o deputado Alencar Santana (PT).
Segundo o petista, o depoente até começou a responder algumas perguntas, confirmando o conteúdo da delação, mas a base do governador passou a pressionar para que não falasse mais. Na saída, Marcel disse à imprensa que não era o único operador do esquema, que não atuaria como lobista e que fez pagamentos aos assessores do presidente da Alesp, Fernando Capez, mas negou ter entregue dinheiro ao deputado.
Na noite de segunda 10, o SPTV revelou trechos da delação de Marcel à Polícia Civil, feita em abril deste ano. No documento, o lobista diz ter ido ao escritório político de Capez, na Rua Tumiarú, próximo à Assembleia. Ele deu detalhes do interior do local e disse ter conversado com um assessor do deputado, Luiz Carlos Gutierrez, o Licá, com quem deixou documentos e explicações sobre a situação da chamada pública vencida pela Coaf, mas que não tinha prosseguido.
Dias depois, conforme a delação, Licá ligou para Marcel, pedindo que voltasse ao escritório com um representante da Coaf. Ele levou o vendedor da cooperativa Cesar Bertolino, que portava o portfólio da empresa, amostras de sucos de frutas e documentos da chamada pública. Nesta segunda visita Capez esteve presente. Marcel disse na delação que o deputado teria “achado um absurdo a Coaf ter ganho e não ser chamada”. “Encaminha para o (chefe de gabinete, Fernando) Padula, para a Secretaria da Educação, para saber o que está acontecendo”, teria dito Capez, segundo o lobista.
Dez dias depois, Marcel e Bertolino voltaram ao escritório, onde Capez teria dito ter novidades. Ele mesmo ligou para Padula na secretaria. “Pô, Padula, o que está acontecendo com o assunto da cooperativa? Você ficou de passar as informações. Eles estão com problema, vão perder o suco”, teria dito Capez. Segundo Marcel, ele foi informado que o edital seria cancelado, mas que em breve outro seria publicado.
Marcel conta que na saída do escritório, Capez disse a ele e Bertolino “não esquece de mim, hein, estou sofrendo nessa campanha” e fez sinal esfregando os dedos indicador e polegar. Para o lobista, “ficou bem claro que queria dinheiro”.
Passadas duas semanas, Marcel conta ter sido procurado por Jeter Rodrigues, outro assessor de Capez, que “pediu para eu dar uma passada no gabinete do deputado, na assembleia. Esclareço que não conhecia e nunca tinha conversado com Jeter”, declarou Marcel. No encontro, o lobista ouviu que o contrato seria maior e que precisam “resolver a parte financeira”. Ele pediu que a Coaf liberasse quatro veículos para a campanha do deputado.
Após uma desavença por conta de um carro, que a Coaf não liberou, Jeter garantiu que o edital seria liberado em alguns dias. Em seguida, a cooperativa liberou um veículo Gol para a campanha de Capez. A chamada foi publicada em 21 de agosto, no valor de R$ 10 milhões. “Viu lá a publicação? Tudo como combinamos. Agora precisamos falar de valores. Eu quero 2% do contrato, mais R$ 450 mil para ajudar na campanha (do deputado Capez)”, teria dito Jeter, segundo Marcel.
Após novo desentendimento por conta dos valores, ficou acertado que 3,5% do contrato iriam para a campanha de Capez, outros R$ 250 mil para o assessor do deputado. “Jeter disse que, se não honrássemos o acordo, eles bloqueariam os pagamentos do governo estadual”, relatou Marcel. O lobista disse ter efetuado todos os pagamentos e que os respectivos recibos foram entregues por ele ao Tribunal de Justiça.
Os deputados agora avaliam a reconvocação de Licá, Jeter e outras testemunhas ou envolvidos no esquema. “Acho que não precisa reconvocar todo mundo, porque algumas convocações se demonstraram totalmente equivocadas. Mas vamos fazer isso e também acareações”, disse o deputado Barros Munhoz (PSDB). Ele, no entanto, desconversou ao ser perguntado sobre a delação de Marcel, que acusa Capez. “Precisamos ver isso com calma”, afirmou.
O lobista fez uma nova delação este mês, agora ao Tribunal de Justiça de São Paulo, documento que a CPI da Merenda recebeu na segunda 10. No entanto, somente o deputado Alencar Santana (PT), dos nove integrantes da CPI, solicitou cópia do documento ao presidente da comissão Marcos Zerbini (PSDB).
11/10/2016
São Paulo – O lobista que operava para a Cooperativa Orgânica da Agricultura Familiar (Coaf), Marcel Ferreira Júlio, confirmou na terça 11, durante sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da merenda, na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), o conteúdo de sua delação, feita à Procuradoria-Geral de Justiça, aos deputados que compõem a CPI que apura superfaturamento e pagamento de propina em contratos da merenda escolar do governo Geraldo Alckmin (PSDB). “Ele confirmou o depoimento, disse que repassou dinheiro a assessores do (deputado Fernando) Capez (PSDB) e que foi ameaçado se não pagasse”, relatou o deputado João Paulo Rillo (PT).
Marcel, no entanto, havia pedido para fazer o depoimento em sessão reservada, sem acompanhamento pela imprensa. Mas, ao chegar, apresentou um documento com orientações recebidas pela Procuradoria-Geral de Justiça, do Ministério Público de São Paulo, dentre as quais, permanecer em silêncio na oitiva. “Uma delação não deveria impedir a pessoa de falar a outro poder, que tem prerrogativa de investigação. Se é assim, não faz sentido fazer CPI no Legislativo”, lamentou o deputado Alencar Santana (PT).
Segundo o petista, o depoente até começou a responder algumas perguntas, confirmando o conteúdo da delação, mas a base do governador passou a pressionar para que não falasse mais. Na saída, Marcel disse à imprensa que não era o único operador do esquema, que não atuaria como lobista e que fez pagamentos aos assessores do presidente da Alesp, Fernando Capez, mas negou ter entregue dinheiro ao deputado.
Na noite de segunda 10, o SPTV revelou trechos da delação de Marcel à Polícia Civil, feita em abril deste ano. No documento, o lobista diz ter ido ao escritório político de Capez, na Rua Tumiarú, próximo à Assembleia. Ele deu detalhes do interior do local e disse ter conversado com um assessor do deputado, Luiz Carlos Gutierrez, o Licá, com quem deixou documentos e explicações sobre a situação da chamada pública vencida pela Coaf, mas que não tinha prosseguido.
Dias depois, conforme a delação, Licá ligou para Marcel, pedindo que voltasse ao escritório com um representante da Coaf. Ele levou o vendedor da cooperativa Cesar Bertolino, que portava o portfólio da empresa, amostras de sucos de frutas e documentos da chamada pública. Nesta segunda visita Capez esteve presente. Marcel disse na delação que o deputado teria “achado um absurdo a Coaf ter ganho e não ser chamada”. “Encaminha para o (chefe de gabinete, Fernando) Padula, para a Secretaria da Educação, para saber o que está acontecendo”, teria dito Capez, segundo o lobista.
Dez dias depois, Marcel e Bertolino voltaram ao escritório, onde Capez teria dito ter novidades. Ele mesmo ligou para Padula na secretaria. “Pô, Padula, o que está acontecendo com o assunto da cooperativa? Você ficou de passar as informações. Eles estão com problema, vão perder o suco”, teria dito Capez. Segundo Marcel, ele foi informado que o edital seria cancelado, mas que em breve outro seria publicado.
Marcel conta que na saída do escritório, Capez disse a ele e Bertolino “não esquece de mim, hein, estou sofrendo nessa campanha” e fez sinal esfregando os dedos indicador e polegar. Para o lobista, “ficou bem claro que queria dinheiro”.
Passadas duas semanas, Marcel conta ter sido procurado por Jeter Rodrigues, outro assessor de Capez, que “pediu para eu dar uma passada no gabinete do deputado, na assembleia. Esclareço que não conhecia e nunca tinha conversado com Jeter”, declarou Marcel. No encontro, o lobista ouviu que o contrato seria maior e que precisam “resolver a parte financeira”. Ele pediu que a Coaf liberasse quatro veículos para a campanha do deputado.
Após uma desavença por conta de um carro, que a Coaf não liberou, Jeter garantiu que o edital seria liberado em alguns dias. Em seguida, a cooperativa liberou um veículo Gol para a campanha de Capez. A chamada foi publicada em 21 de agosto, no valor de R$ 10 milhões. “Viu lá a publicação? Tudo como combinamos. Agora precisamos falar de valores. Eu quero 2% do contrato, mais R$ 450 mil para ajudar na campanha (do deputado Capez)”, teria dito Jeter, segundo Marcel.
Após novo desentendimento por conta dos valores, ficou acertado que 3,5% do contrato iriam para a campanha de Capez, outros R$ 250 mil para o assessor do deputado. “Jeter disse que, se não honrássemos o acordo, eles bloqueariam os pagamentos do governo estadual”, relatou Marcel. O lobista disse ter efetuado todos os pagamentos e que os respectivos recibos foram entregues por ele ao Tribunal de Justiça.
Os deputados agora avaliam a reconvocação de Licá, Jeter e outras testemunhas ou envolvidos no esquema. “Acho que não precisa reconvocar todo mundo, porque algumas convocações se demonstraram totalmente equivocadas. Mas vamos fazer isso e também acareações”, disse o deputado Barros Munhoz (PSDB). Ele, no entanto, desconversou ao ser perguntado sobre a delação de Marcel, que acusa Capez. “Precisamos ver isso com calma”, afirmou.
O lobista fez uma nova delação este mês, agora ao Tribunal de Justiça de São Paulo, documento que a CPI da Merenda recebeu na segunda 10. No entanto, somente o deputado Alencar Santana (PT), dos nove integrantes da CPI, solicitou cópia do documento ao presidente da comissão Marcos Zerbini (PSDB).