A vida de trabalhadores e moradores vizinhos ao Centro Tecnológico do Itaú, na Mooca, se tornou um verdadeiro caos há cinco meses, quando começaram obras de modernização no prédio. A proposta de apetrechos, entre eles tobogã para a descida de funcionários do mezanino ao térreo e mobília para cochilo, todavia, esconde ritos de desumanidade (veja fotos abaixo).
Não bastasse a poeira, causa de afastamento de bancários com problemas respiratórios, o barulho invade a madrugada em um quebra-quebra que tira o sono e o sossego de moradores vizinhos.
Segundo a dirigente sindical e bancária do Itaú Valeska Pincovai, o térreo, todo quebrado, não dispõe de banheiros. “Uma nuvem de terra prejudica a entrada. Os que mais sofrem com a situação são os funcionários PCDs, que têm de passar pelo piso irregular coberto com papel e plástico”, enfatiza.
“As escadarias da Rua Dona Ana Néri têm degraus com alturas diferentes. Na portaria, entregue sem ar-condicionado, há poucas cadeiras de espera e o desnível do piso provoca alagamentos em dias de chuva”, acrescenta o bancário do Itaú e dirigente sindical Wagner Fantini. Segundo ele, a campainha de emergência do banheiro de funcionários PCDs está desligada.
De acordo com Valeska Pincovai, vários acidentes já aconteceram e reclamações foram feitas à Área de Relações Sindicais, Administração Predial e até ao ombudsman do banco. A resposta do Itaú é de que não há previsão para o término da obra e que nada pode ser feito.
“Que o banco queira fazer a reforma para se modernizar e ter um espaço mais agradável para o funcionário, mas precisa quebrar o prédio todo de uma só vez? De que adianta tanta modernidade se não respeita os próprios trabalhadores?”, questiona a dirigente.
“Uma vergonha que o Itaú esconde, pois no novo layout até tobogã os funcionários terão para descer do mezanino para o térreo. Além disso, espaço para cochilar com barulho de água para relaxar e salas de jogos. Contudo, quem não convive com a obra não sabe o que está escondido por trás dessa verdadeira falta de humanidade. O Itaú, que já lucra astronomicamente às custas da saúde do trabalhador, mais uma vez trata seus funcionários como apenas números”, conclui Valeska.