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Emprego não acompanha aumento de crédito do BB

Linha fina
Balanço mostra expansão de 20,5% na carteira, alavancada pelo programa Bom Para Todos, mas de apenas 0,78% no ritmo de contratações
Imagem Destaque

São Paulo – O Banco do Brasil teve lucro líquido ajustado de R$ 8,347 bilhões nos primeiros nove meses de 2012, queda de 4,3% em relação ao mesmo período de 2011. No entanto, quando se leva em consideração apenas o resultado do trimestre, que foi de R$ 2,657 bilhões, houve crescimento de 3,3% em relação ao terceiro trimestre do ano passado. O balanço do banco foi divulgado nesta quinta-feira 8.

A instituição comemorou o crescimento da carteira de crédito tanto para pessoa física quanto jurídica, e atribuiu o fato à queda das taxas de juros com o programa Bom Pra Todos, lançado em abril. O ritmo das contratações, por outro lado, não acompanhou a aumento da demanda.

A carteira de crédito ampliada atingiu R$ 532,3 bilhões em setembro, expansão de 20,5% em doze meses e de 4,7% em relação ao observado em junho. Em nota à imprensa, o banco diz ter encerrado setembro mais uma vez como líder do Sistema Financeiro Nacional com 19,6% de participação de mercado em crédito, contra 19,3% em setembro de 2011.

O número de agências passou de 5.138 em setembro de 2011 para 5.339 em setembro deste ano, um aumento de 201 unidades. Também houve aumento no número de funcionários, mas pequeno. O quadro passou de 113.594 em setembro de 2011 para 114.480 em setembro último.

“O aumento de postos de trabalho foi de apenas 0,78%. Um percentual irrisório se comparado com os 20,5% de crescimento da carteira de crédito, por exemplo. Isso significa que as contratações não estão crescendo no mesmo ritmo que a carga de trabalho”, critica o diretor executivo do Sindicato e funcionário do banco Ernesto Izumi.

Enquanto isso, segundo Ernesto, as condições de trabalho e a saúde dos funcionários estão cada vez piores. “Os números do balanço são bons, mas gostaria de ver os números de adoecimento, de uso de remédio tarja preta, de casos de depressão e alcoolismo entre os trabalhadores. A pressão nas agências está exorbitante, fruto da política da direção do BB de práticas antissindicais e assédio moral. A direção do banco tem de aplicar sua propaganda e ser, de fato, bom pra todos”, denuncia.

Crédito - O crédito PF teve aumento de 14,2% em um ano. Esse segmento teve crescimento menor devido à redução de financiamentos de veículos pelo Banco Votorantim – do qual o BB detém 49% das ações. Em compensação, a carteira PF teve desempenho melhor no crédito imobiliário (alta de 69,3%), no consignado (crescimento de 16,4%) e no cartão de crédito (elevação de 16,3%).

Já a carteira PJ cresceu 21,2%. A carteira de agronegócio teve alta de 17,6% – o BB tem 62,7% de participação de mercado neste segmento de crédito – e a carteira de crédito no exterior atingiu R$ 41,464 bilhões, crescimento de 36,4% em relação a setembro de 2011.

Queda – Em parte, a queda de 4,3% do lucro – quando comparado o resultado dos noves meses de 2012 com o mesmo período de 2011 – pode ser explicada pelo resultado das aplicações compulsórias, pelo aumento do PDD e por um item do balanço chamado “outras despesas administrativas”. Além disso, o impacto da Previ no resultado do banco caiu 56,4% este ano em comparação com os nove primeiros meses de 2011, o que se deu principalmente pela queda no resultado esperado sobre ativos do plano.

As aplicações compulsórias chegaram a R$ 4,8 bi em setembro, ante os R$ 5,3 bi do ano passado, ou seja, queda de 9,4%. Isso porque essas aplicações são remuneradas pela Selic, que vem caindo desde o ano passado, e porque a taxa de compulsório também vem caindo.

O PDD – provisionamento para devedores duvidosos – aumentou 23,3% no acumulado do ano e 2,4% ante o segundo trimestre deste ano. O aumento do PDD – que entra como despesa no balanço, diminuindo o lucro – não se justifica quando confrontado ao índice de inadimplência acima de 90 dias da instituição financeira, que permaneceu praticamente estável em 2,17%, abaixo do apresentado pelo Sistema Financeiro Nacional, que chegou a 3,77% no mesmo período.

Sob o item “outras despesas administrativas”, o BB computou a incorporação do Banco da Patagônia, do Banco Postal e do grupo segurador Mapfre.


Andréa Ponte Souza - 8/11/2012

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