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Greve geral e protestos marcam resistência dos trabalhadores

Linha fina
Em ato de solidariedade ao povo europeu, centrais sindicais brasileiras reafirmam que saída para crise é investimento público, salário, emprego e direitos
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São Paulo – No momento em que milhões de trabalhadores paralisavam as atividades em centenas de cidades do sul da Europa, com destaque para a greve geral na Espanha e em Portugal, centrais sindicais brasileiras ocupavam a frente do Consulado da Espanha em São Paulo. O ato nesta quarta-feira (14) repudiou o receituário neoliberal imposto aos governos locais pela troika (Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e União Europeia).

“Se por um lado a manifestação expressou a solidariedade aos trabalhadores europeus, por outro reafirmou a determinação da classe operária brasileira de seguir firme e unida em prol dos seus direitos”, declarou o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas.

“Estamos dando um alerta ao governo brasileiro: se o Estado não tomar medidas mais efetivas e eficazes em defesa da indústria nacional, valorizando os salários e a distribuição de renda, a crise vai chegar ao Brasil”, avisou.

Na avaliação do presidente cutista, não existe economia sem Estado indutor do desenvolvimento, sem garantia de salário, emprego e direitos sociais. “A crise econômica revela a falência do sistema capitalista, excludente, incapaz e incompetente, em que meia dúzia de financistas, especuladores, donos de um dinheiro virtual, tomam o que é nosso, o que é público, para se darem bem às custas da desgraça de todos. Um sistema assim é um desrespeito à humanidade”, destacou Vagner.

Uma delegação da IndustriALL Global Unión, entidade que representa 50 milhões de trabalhadores do setor mineiro, energético e industrial em 140 países, participou do ato. Lideranças da Coordenação de Trabalhadores da Rede Gerdau, vindos da Argentina, Canadá, Colômbia e Estados Unidos, também se somaram à manifestação.

Greve geral – Espanha e Portugal realizaram greve geral, enquanto alguns sindicatos na Grécia, Itália e outros países foram às ruas em protesto às políticas de austeridade praticadas pelos governos locais. O dia foi denominado simbolicamente pelas centrais operárias de Dia Europeu de Ação e Solidariedade.

Os protestos e paralisações acontecem no momento em que mais de 25 milhões de pessoas estão desempregadas nos países da União Europeia. Realidade que atinge sobretudo a juventude, com índice de 23,3% dos jovens desempregados.

Espanha – Logo no início da manhã, já havia registros de dezenas de prisões e pessoas feridas em decorrência de confrontos entre manifestantes e a polícia. O secretário-geral do sindicato CCOO (Confederação Sindical de Comissões Operárias), Ignacio Fernández Toxo, acusou o governo de aplicar “medidas suicidas” contra a população.

Já o líder do sindicato UGT (União Geral dos Trabalhadores), Cándido Méndez, pediu aos manifestantes uma “greve de consumo”, orientando que não comprassem nada nesta quarta-feira.

Essa é a segunda greve geral no país desde que o premiê Mariano Rajoy assumiu o governo, em dezembro de 2011. O desemprego espanhol já alcançou o índice de 25%. Entre as medidas para atingir os objetivos fiscais, o governo já cortou salários, demitiu milhares de funcionários, fechou escolas e passou a cobrar pelos tratamentos de saúde.

De acordo com dados da UGT e CCOO, principais sindicatos que organizaram a paralisação, o balanço de greve contabilizou a participação massiva dos setores da indústria siderúrgica, automobilística, química e construção civil. Em Madri, a greve paralisou totalmente o serviço de metrô.

Portugal – No país vizinho, a greve foi convocada pela CGTP (Confederação Geral dos Trabalhadores de Portugal), maior confederação sindical de Portugal. Essa já é a terceira greve que ocorre este ano no país. A UGT (União Geral de Trabalhadores) não aderiu ao protesto, mas diversos sindicatos ligados a essa central optaram por convocar seus integrantes à adesão.

O líder da CGTP, Arménio Carlos, criticou a presença de policiais e de forças especiais de segurança, como a tropa de choque, junto aos piquetes de greve em Lisboa. “Esta pressão reflete o clima de preocupação do governo, que sabe que perdeu até a sua base de apoio eleitoral. Agora, utilizam forças de segurança, que deveriam combater o crime, para intimidar os trabalhadores e os sindicatos, o que é inadmissível e exemplo de brutalidade”, declarou o sindicalista.

“As pessoas estão dando um basta na austeridade e na pobreza”, afirmou Armênio Carlos, destacando a forte paralisação no país, com uma adesão de mais de 90% em diversos serviços, especialmente no transporte.

As ferrovias, os metrôs de Lisboa e do Porto, os ônibus e as conexões fluviais foram fortemente afetados pela greve. Na noite de terça-feira 13, fábricas e hospitais já haviam deixado de funcionar, segundo informações da CGTP.

Outros países – Na Grécia, país mais afetado pela crise e onde uma grande greve de dois dias ocorreu há uma semana, as maiores centrais sindicais convocaram uma parada de três horas nos serviços.

Na Itália, o CGIL, maior sindicato do país, pediu que os serviços fossem interrompidos durante várias horas desta quarta-feira. Durante os protestos que ocorreram ao longo do dia, diversos manifestantes foram presos ou ficaram feridos em confronto com a polícia.

Redação, com informações da CUT, Agência Opera Mundi e Folha de S. Paulo – 14/11/2012

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