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Cem escolas paradas contra "reorganização"

Linha fina
Estudantes recebem apoio de todo país, com doação de alimentos, de aulas, palestras, espetáculos de música. Audiência com representantes do governo Alckmin será retomada nesta segunda-feira
Imagem Destaque
São Paulo – O movimento de ocupações de escolas estaduais de São Paulo, que teve início no dia 9, contra a reorganização do ensino proposta pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), já chegou a 100 unidades de acordo com a Apeoesp (sindicato dos professores do estado). A proposta tucana é de separar os estudantes por ciclos e fechar 93 escolas, afetando a rotina de pelo menos 311 mil alunos.

À medida que as ocupações aumentam em todo o estado, os alunos começam a receber apoio de várias partes do país e até mesmo do exterior. Na página Não Fechem Minha Escola, no Facebook, os organizadores postam vídeos e fotos de apoios e também da rotina das ocupações, bem como da atuação da polícia, violenta em alguns casos.

Nesta segunda-feira 23, haverá nova audiência de conciliação entre o governo do estado e os representantes dos estudantes no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Na primeira tentativa, na quinta-feira 19, não houve acordo. Os alunos querem o cancelamento imediato da reorganização e a discussão das medidas durante todo o ano de 2016. O secretário da Educação, Herman Voorwald, não aceitou a proposta.

Defesa da educação – O pedagogo Dermeval Saviani, doutor em filosofia da educação e professor de história da educação da Unicamp, esteve, no dia 21, na Escola Estadual Carlos Gomes, no centro de Campinas, interior paulista, para prestar solidariedade à ocupação realizada desde o último dia 13 pelos alunos.

Saviani, autor de Escola e Democracia, e de mais 14 livros de educação. “Trata-se de uma mobilização que está em convergência com uma luta histórica que os educadores e a população deste país vêm desenvolvendo em defesa da educação pública, por uma escola pública de qualidade acessível a todos.”

Para o filósofo, a política apresentada pelo projeto da Secretaria de Educação de São Paulo, que implica fechamento de escolas, vai na contramão de tudo aquilo o que a população vem aspirando há anos: “Então, é possível resistir porque não há nada que justifique fechamento de escolas. Se nós queremos uma educação digna e de qualidade temos de ocupar todos os espaços para favorecer esse objetivo. Se o número de alunos diminuiu em termos da demanda da população, a reclassificação seria reduzir o número de estudantes por sala de aula para que os professores tenham melhores condições de trabalho, e nunca fechar escolas”.

Música – Na Escola Estadual Fernão Dias Paes, em Pinheiros, zona oeste da capital, ocupada desde o último dia 10, os alunos receberam a visita do músico Chico César no domingo 22. “Acho importante os artistas, as pessoas, os professores que puderem vir aqui doar aulas, dar uma oficina, um curso, alguma coisa. Posso contribuir desse jeito, vir tocar.”

Questionado sobre qual lição os estudantes deixam para a sociedade com as ocupações, Chico César disse: “Eu acho que os estudantes dizem para todos nós: ‘olha gente, é possível, nem tudo depende dos governos’, o governo é quem decide, o Judiciário é quem decide, não, quem decide somos nós”.

Para o músico, o cidadão tem um “poder incrível” e pode mudar o rumo das coisas. “Acho que essa é a lição, mostrar que todos nós temos poder, que nós podemos participar, mudar o rumo das coisas. Muitas coisas chegam pra nós como se já estivesse tudo certo e pronto e que você só deve cumprir. Não é assim, nós podemos através da desobediência civil, das manifestações organizadas, participar das decisões. Isso vai influenciar o futuro de muita gente.”

Redação com informações da Rede Brasil Atual – 23/11/2015
 
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