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Pedida reintegração de posse na Fernão Dias Paes

Linha fina
Estudantes passaram a madrugada na escola estadual em protesto contra plano de reorganização imposto pelo governo Alckmin
Imagem Destaque

São Paulo – A Procuradoria Geral do Estado de São Paulo entrou na quarta 11 com pedido para reintegração de posse da Escola Estadual Fernão Dias Paes, em Pinheiros, zona oeste da capital. Se o pedido for aceito, a desocupação deverá ser cumprida na mesma data. Dois defensores públicos estão no local para coibir eventuais violações de direitos humanos pela PM no momento da desocupação.

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Os estudantes protestam contra a reorganização do ensino imposta pelo governo Alckmin, que anunciou o fechamento de 94 unidades por todo o estado. O pedido ainda precisa ser julgado pela Justiça.

Dois quarteirões em frente à escola permanecem ocupados por alunos, professores e movimentos estudantis e sociais, como a União Paulista dos Estudantes Secundaristas (Upes) e o MTST (sem-teto). O deputado estadual Carlos Gianazzi (Psol) também foi ao local.

"Vamos ficar por quanto tempo durar a ocupação. A luta dos estudantes é legítima, pois têm direito à educação", afirma Vagner Souza, do MTST.

"Estamos aqui para, caso aja a reintegração, tentar que o governo negocie de forma pacífica com os estudantes, e evitar que haja violência policial contra os jovens. Eles estão prestando um serviço para a educação pública", afirma Gianazzi.

Com palavras de ordem, os estudantes afirmam que, se decidirem pela reintegração, outras duas escolas serão ocupadas, em movimentos sucessivos. Vizinhos e pessoas que passam pelo local também se solidarizam e oferecem água aos alunos que permanecem dentro da escola.

Um professor que não quis se identificar diz que "os alunos não conseguiram diálogo com a Diretoria Regional de Ensino, nem com a secretaria estadual de Educação. Essa foi a forma que encontraram de fazer frente ao fechamento imposto pelo governo".

A escola permanece isolada, com forte aparato policial. Mais de 100 homens da Polícia Militar impedem qualquer aproximação. Mantimentos são recebidos por apenas uma porta, após passarem por revista. Uma aluna da escola e um militante da Upes denunciam que foram gratuitamente atacados com spray de pimenta, quando tentavam enviar água e alimento para dentro da escola.

Vigília - Movimentos sociais e sindicais, como a CUT e o próprio MTST, Apeoesp e Periferia Ativa montaram vigília e passaram a madrugada em frente à escola em apoio a 25 alunos que lá passaram a noite. A escola foi cercada pela PM, que o tempo todo ameaçou invadir o prédio.

"O MTST apoia esta luta e se somará com força total caso haja repressão policial e perseguição por parte do governo", afirma o movimento em nota. A CUT também alertou para as tentativas da PM em retirar os alunos à força.

Também na noite de terça 10, o secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Eduardo Suplicy, visitou a escola e distribuiu garrafas de água mineral aos alunos, por conta de informações de que o fornecimento de água teria sido cortado. Os estudantes que ainda permanecem na Fernão Dias negaram os cortes no fornecimento de água e luz, mas reafirmaram a ameaça de invasão pela PM, como mais uma forma de minar a resistência da ocupação.

Durante a madrugada (foto), os alunos se revezaram na vigilância da ocupação. À reportagem da RBA, eles relataram cansaço, devido aos raros momentos de sono. Pela manhã, foram despertados pelo som dos apoios dos grupos que seguiam do lado de fora dos portões da escola. Também se reuniram para definir os rumos e optaram por permanecer dentro da escola.

Segundo relato do Jornalista Livres, o clima voltou a ficar tenso por volta das 9h de quarta 10, quando alguns alunos tentaram pular as grades da unidade para aderir à ocupação e foram rechaçados pela PM, que usou gás pimenta, isolou todo o perímetro, e não permite qualquer aproximação. A entrada de alimentos está autorizada, mediante revista.

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Sarah Fernandes/Tiago Pereira, da RBA, com Jornalistas Livres e edição da Redação - 11/11/15

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