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Projeto revitaliza lixões de SP com grafite

Linha fina
Coletivo cultural Cenário Urbano também promove ações culturais para evitar que locais da cidade se tornem pontos “viciados” de acúmulo de lixo
Imagem Destaque
São Paulo – A forte e intermitente chuva do domingo 29 não impediu a realização de um evento que celebra o fim de um ponto “viciado” de lixo na entrada da Favela do Boqueirão, no Ipiranga, em São Paulo. A ação é parte do projeto Nosso Espaço Limpo: Graffite x Lixo, promovida pelo coletivo cultural Cenário Urbano, que usa a arte de rua para revitalizar antigos pontos que eram utilizados pelos moradores locais para descarte irregular de lixo.

Este foi o quinto evento realizado pelo coletivo. Música, tendas de poesia e de contação de histórias, espaço para brincadeiras tradicionais como amarelinha e até um espaço para que voluntárias fizessem trancinhas com linhas coloridas nos cabelos das crianças tomaram conta do local. A grande atração, no entanto, foi a pintura dos muros do antigo lixão por diversos grafiteiros, embora o trabalho não tenha sido concluído por causa da chuva.

“Não consegui terminar ainda por causa da chuva, mas é o terceiro evento em que venho. É importante [um evento como esse] para fortalecer as periferias e os jovens”, disse Daniel Rodriguez, um dos artistas convidados, que trabalha com grafite há 13 anos. Ele estava pintando figuras femininas que representam, segundo ele, o transtorno bipolar, uma das marcas de seu trabalho.

Segundo André da Silva França, artista e um dos organizadores do evento, o projeto pretende levar consciência ambiental aos moradores por meio da arte. A etapa inicial do projeto foi buscar ajuda da prefeitura para retirar todo o lixo do local. “Havia uma grande reclamação da população [da Favela do Boqueirão] sobre o lixo. Escolhemos esse ponto porque aqui era necessário. Jogavam sacos, sofás velhos, móveis. Paravam de carro para jogar lixo aqui. A reclamação era grande. Com a retirada do lixo, veio o nosso coletivo para revitalizar o espaço”, disse.

“Hoje estamos focados na consciência ambiental. A limpeza, a arte, o grafite, a música, a poesia e a literatura, tudo isso que você está vendo, a comunidade está curtindo apesar do dia de chuva. A partir deste momento, esse espaço passará a ser um ponto de cultura”, acrescentou França.

“Quando falamos em pontos viciados de lixo é porque é um costume. A partir do momento em que as pessoas passarem a ver crianças brincando [no local] e um grafite bonito, elas terão consciência de não jogar mais lixo aqui”, explicou França.

De acordo com França, as ações educativas e culturais tiveram efeito permanente. Ele disse que, em todos os eventos feitos anteriormente pelo coletivo, nenhum voltou a tornar-se ponto de lixo novamente. “Depois de um ano, não tem nenhum lixo [nesses locais]”, destacou.


Agência Brasil, com edição da Redação – 30/11/2015
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