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Marcha do MTST garante processo de negociação com governo estadual

Linha fina
Após mais de 10 horas da caminhada que percorreu 23 quilômetros entre São Bernardo e o Palácio dos Bandeirantes, movimento por moradia conseguiu reunião com secretários estaduais; novo encontro foi marcado para dia 10
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Foto: Mídia Ninja

São Paulo – Após 23 quilômetros cumpridos em pouco mais de 10 horas, o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) encerrou, na noite da terça-feira 31, a marcha entre a ocupação Povo Sem Medo, em São Bernardo, e o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. Em seu trajeto final, a manifestação reuniu 20 mil pessoas.

Segundo o coordenador nacional do movimento, Guilherme Boulos, a mobilização foi encerrada com o sentimento de dever cumprido. "Essa nossa marcha foi um grande acerto e representou uma importante vitória para o MTST", afirmou.

A "redução de peso nos ombros" se deu após a reunião entre o MTST, deputados estaduais e os secretários do governo Alckmin Samuel Moreira (Casa Civil) e Rodrigo Garcia (Habitação). O movimento reivindica o cadastramento social das famílias da ocupação Povo Sem Medo, o estudo de novas áreas para construção de moradias na região e a desapropriação da área ocupada – que acumula dívidas de IPTU e passou 10 anos sem nenhuma utilização. 

O secretário Rodrigo Garcia disse que os pedidos serão avaliados. Nova reunião foi marcada para 10 novembro. "Queremos discutir alternativas habitacionais, de terreno e de construção de moradia para as famílias que estão lá. Essa vai ser a pauta da reunião que teremos", disse Boulos.

"Depois de marchar mais de 10 horas e ter conseguido abrir de verdade um processo de negociação, em que o próprio secretário vem aqui e se compromete, isso, para nós, é importante. Se comprometendo aqui, na frente de todo mundo, o negócio fica mais sério e mais verdadeiro. Temos muitas razões para comemorar lá na nossa ocupação em São Bernardo", acrescentou o líder do MTST.

Desde 1º de setembro, os sem-teto instalaram 8 mil barracas em um terreno improdutivo de 60 mil metros quadrados, pertencente à MZM Construtora. No início deste mês, o Tribunal de Justiça autorizou a reintegração de posse da área, mas com a condição de que antes deve haver uma tentativa de acordo, entre os sem-teto, a proprietária do terreno e o governo.

"Tivemos uma reunião demorada, dura, difícil, o secretário veio aqui, assumiu compromissos perante todos. Mas, mais importante do que isso, é a gente se manter firme, vigilante e de prontidão, para fazer o que for necessário para que a gente consiga que o que foi falado não fique só da boca para fora, que vire papel assinado, que saia do papel e vire realidade em construção de moradia, que é o que a gente busca, dia e noite, como movimento", concluiu Boulos.

O deputado estadual Alencar Santana (PT), que participou da reunião, parabenizou os sem-teto pela marcha. "Hoje vocês deram uma demonstração enorme de força, de compromisso com a luta popular. Parabéns a cada um que tem resistido. O governo Alckmin tem de assumir a sua responsabilidade. O secretário (Rodrigo Garcia) disse que há uma política habitacional, então, garanta", afirmou.

 

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