Bancários de todo o país deflagraram manifestações em frente a agências e centros administrativos do Santander desde a madrugada desta terça-feira 30 contra o avanço da terceirização promovido pelo banco espanhol, que tem aberto empresas para realocar bancários dentro de seu próprio conglomerado.
Em São Paulo, o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região paralisou o prédio da Geração Digital, onde foram alocados os trabalhadores da F1RST, que atuam na área de tecnologia da informação. O Dia Nacional de Luta ocorreu também em Belo Horizonte, no Rio de Janeiro, Porto Alegre, Salvador, Belém, João Pessoa, Maceió, Porto Velho, Recife e nas demais capitais e principais cidades do país.
“A gestão é do Santander, o lucro é do Santander, as empresas pertencem ao Santander, mas os trabalhadores não têm os mesmos direitos e salários que os bancários. O banco ignora o desejo desses trabalhadores, que querem permanecer como bancários, e ignora o pedido de negociação do movimento sindical. Queremos negociar e resolver esse conflito. Caso o banco permaneça inerte, os protestos vão aumentar! Negocia Santander!”
Lucimara Malaquias coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Santander
Trabalha para o banco, bancário é
“A categoria bancária é organizada de forma unificada em âmbito nacional, o que resulta em mais condições e mais força frente aos bancos na luta pela manutenção e ampliação de direitos. Mas por meio da criação de empresas sob o comando do Santander, e com a transferência de bancários para essas empresas, o banco pretende dividir os trabalhadores em categorias diferentes com a clara intenção de enfraquecer sua organização, afirma a dirigente sindical e bancária do Santander Ana Marta Lima.
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Apesar de alcançar lucros elevadíssimos e cada vez maiores no Brasil, mesmo em meio à crise causada pela pandemia, o Santander não diminuiu a cobrança por metas, mas vem criando manobras para reduzir direitos e salários dos trabalhadores, na busca pela obtenção de lucros ainda maiores.
A mais nova invenção do banco espanhol, que já e réu pela prática de terceirização fraudulenta, é a criação de empresas para reposicionar seus funcionários das áreas de tecnologia da informação, call center e comercial.
“Os trabalhadores de empresas como a F1RST, a SX Negócios e a Prospera seguem executando as mesmas funções para o Santander, mas são registrados nestas outras empresas criadas pelo banco com o objetivo nítido de aumentar seus lucros por meio da redução de salários e de direitos conquistados pela categoria bancária. Com isso, a direção do banco interfere frontalmente no livre direito de escolha dos trabalhadores, que querem continuar pertencendo à categoria bancária, e usufruindo de sua ampla Convenção Coletiva e da sua organização em nível nacional.”
Ana Marta Lima, dirigente sindical e bancária do Santander
Movimento sindical cobra negociação
A representação dos trabalhadores encaminhou uma carta ao Santander expondo a situação e, mais uma vez, solicitando negociação. O banco protela a resposta.
O documento ressalta que “o caminho do diálogo e da negociação devem ser perseguidos como premissa de civilidade e como cumprimento aos dispositivos legais no âmbito nacional e internacional”.
Destaca ainda o amplo histórico de negociações entre o movimento sindical bancário e o Santander, “trajetória esta que em tempos passados possibilitou autocomposição entre trabalhador e empresa, com ganhos significativos para todos os envolvidos. E é este caminho que propomos trilhar, razão pela qual reiteramos nossa reivindicação para que o Banco nos indique data de negociação para este tema, com a máxima urgência”.
A carta finaliza solicitando que a transferência de bancários para a F1RST, em janeiro de 2022, seja suspensa, para que haja tempo hábil de negociação.
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