O Itaú Unibanco obteve no Lucro Líquido Recorrente Gerencial (que exclui efeitos extraordinários) de R$ 30,518 bilhões nos nove primeiros meses de 2024. O resultado representa alta de 16,4% em relação ao mesmo período de 2023. No terceiro trimestre de 2024, o banco lucrou R$ 10,675 bilhões, alta de 6% em relação ao trimestre imediatamente anterior, quando o resultado recorrente foi de R$ 10,072 bilhões.
No terceiro trimestre de 2019, o Itaú tinha 80,8 milhões de clientes e 83,5 mil bancários, uma relação de 967 clientes por trabalhador. Cinco anos depois, no final do terceiro trimestre de 2024, a holding contava com 86,2 mil trabalhadores e 99,1 milhões de clientes, uma relação de 1149 clientes por trabalhador. Nos últimos 12 meses encerrados em setembro, foram fechados 334 postos de trabalho. Porém foram abertos 570 postos no trimestre.
As despesas de pessoal, considerando a PLR, por sua vez, cresceram 6,4%, somando, aproximadamente, R$ 23 bilhões. Dessa forma, a cobertura destas despesas pelas receitas com prestação de serviços do banco foi de 159,6% no período.
“Estes dados comprovam que o Itaú pode e deve aumentar o número de contratações para dar conta da sobrecarga de trabalho causada pela falta de empregados e pelo aumento do número de clientes; e pelas metas abusivas para a obtenção dos lucros astronômicos. Um cenário que aumenta muito os casos de adoecimentos entre os trabalhadores.”
Valeska Pincovai, secretária de Saúde do Sindicato e bancária do Itaú
Campanha contra o assédio moral e o adoecimento
O movimento sindical bancário lançou a campanha nacional Itaú 100 Bancos Diferentes, a fim de contrapor nacionalmente o marketing do centenário do banco, e para evidenciar as condições de trabalho dos bancários na instituição, que enfrentam diariamente metas abusivas, assédio moral, demissões e adoecimento, especialmente relacionado com a saúde mental dos trabalhadores.
“Esperamos que o Itaú mude sua estrutura organizacional a fim de eliminar o assédio moral, as metas abusivas, as demissões e os adoecimentos de seus trabalhadores, que se esforçam e muitas vezes perdem a saúde para obter os lucros bilionários apresentados pela holding”, afirma Valeska.
Aumento de trabalhadores na TI
Segundo o relatório apresentado pelo Itaú na divulgação do lucro, “A mudança do perfil de colaboradores, com mais profissionais em tecnologia e menos em áreas operacionais, é demonstrada com o crescimento de 12,5% nos colaboradores da área de tecnologia e a redução de 0,7% no quadro de colaboradores total em relação ao mesmo período do ano anterior.”
A Campanha Nacional 2024 conquistou a concessão de 3.000 bolsas de curso para capacitar mulheres, pessoas trans e PCDs em programação; 100 bolsas para a formação avançada de mulheres na tecnologia; e ex-bancárias poderão utilizar verba de requalificação caso se inscrevam em curso de capacitação em TI. Medidas obtidas por meio da negociação coletiva visando aumentar o número de mulheres na área de TI, onde predominam os homens.
Itaú fecha mais de 200 agências
Em doze meses encerrados em setembro foram fechadas 207 agências físicas no Brasil em doze meses.
“O Itaú opera como concessão pública, mas ao fechar agências, o banco dificulta ou impede o atendimento bancário a grande parcela da população, que não conta com unidades físicas bancárias perto de casa ou no município onde vive. Sem contar que o atendimento digital não supre nem de longe o atendimento feito por um humano”, enfatiza Valeska.
Rentabilidade aumenta
O retorno recorrente consolidado sobre o Patrimônio Líquido médio anualizado do país (ROE) foi de 23,3% no período, com alta de 1,8 ponto percentual em doze meses.
O crescimento da margem financeira com clientes em 6,7%, somado a alta da margem com o mercado e a redução do custo do crédito, explicam em parte, o crescimento do lucro em doze meses.
Soma-se a isso a alta de 7,6% nas receitas de prestação de serviços e seguros e de 13,8% no resultado com previdência e capitalização. A carteira de crédito do banco cresceu 9,9% em doze meses e 1,9% no trimestre, atingindo R$ 1.278 bilhão.
“Mais dados que comprovam a total condição do Itaú de contratar mais para dar conta das metas sempre crescentes, e para reduzir a sobrecarga de trabalho que causa uma epidemia de adoecimentos, a qual a sociedade arca ao custear os benefícios por incapacidade temporária do INSS”, afirma Valeska.
Importante lembrar que apesar de representar 0,8% do emprego formal no Brasil, em 2022, a categoria bancária respondeu por 3,7% dos 105,2 mil afastamentos acidentários e 1,5% dos 928,5 mil afastamentos previdenciários naquele ano.
“O Itaú, como um dos maiores bancos do país, tem grande parcela de responsabilidade nestes números alarmantes, por se recusar a contratar mais a fim de reduzir a sobrecarga e dar conta das metas abusivas. Por isto, cobramos uma nova postura do banco que se apresenta como ‘feito de futuro’”, finaliza Valeska.