Em mais uma atividade da campanha Itaú 100 Bancos Diferentes – que faz um contraponto ao marketing do centenário do banco - o Sindicato realizou um protesto nesta quarta 27 no CEIC (Centro Empresarial Itaú Conceição), concentração bancária localizada na zona sul de São Paulo.
Durante o protesto, dirigentes do Sindicato levaram até o CEIC uma panela de pressão gigante, simbolizando o cenário enfrentado pelos bancários do Itaú dia após dia, no qual sobram metas abusivas, assédio moral, adoecimento e demissões.
No terceiro trimestre de 2019, o Itaú tinha 80,8 milhões de clientes e 83,5 mil bancários, uma relação de 967 clientes por trabalhador. Cinco anos depois, no final do terceiro trimestre de 2024, a holding contava com 86,2 mil trabalhadores e 99,1 milhões de clientes, uma relação de 1149 clientes por trabalhador. Nos últimos 12 meses encerrados em setembro, foram fechados 334 postos de trabalho. Porém foram abertos 570 postos no trimestre.
“O objetivo do protesto de hoje foi dialogar com os trabalhadores do CEIC e denunciar as condições de trabalho no Itaú. Não existe saúde mental que resista a tanto assédio moral, tantas metas abusivas, terceirizações e demissões. Os bancários trabalham, dia após dia, em uma verdadeira panela de pressão”,
Edegar Faria, dirigente do Sindicato e bancário do Itaú
No Sindicato, 60% dos atendimentos relacionados com a saúde dos trabalhadores são de bancários do Itaú. Somente nos últimos 12 meses, o Itaú fechou 175 agências e terceirizou mais de 3 mil trabalhadores.
“Queremos saber do Itaú se os seus próximos 100 anos também serão feitos com assédio moral, metas abusiva, demissões e adoecimento”, questiona Edegar.
"Confraternizações" de final de ano revoltam bancários
As festividades de final do ano do Itaú, antes aguardadas com expectativa pelos funcionários do banco, passaram a ser mais um motivo de frustração e revolta dos trabalhadores. O Sindicato recebeu denúncias que alguns Gerentes de Atendimento (GAs) e Gerentes Gerais de Agências (GGAs) estariam sendo coagidos a pagar valores para custear a própria festa de confraternização.
Este ano, o Itaú repassou para as agências o valor de R$ 70 por funcionário para a realização de confraternizações. Cada local de trabalho decide como utilizar a verba. Porém, o valor é insuficiente para custear uma confraternização. Em uma das regionais, os GAs (Gerentes de Agências) e GGAs (Gerentes Gerais de Agência) estão sendo pressionados a contribuir do próprio bolso com o valor de R$ 175 para custear a festa de confraternização com a justificativa de que esse valor cobriria as despesas com estagiários, jovens aprendizes, entre outros.
“É um completo absurdo que bancários, em qualquer nível hierárquico, tenham de pagar por uma festa de confraternização no contexto de um banco que só nos primeiros nove meses do ano lucrou R$ 30,518 bilhões. É importante também frisar que, no contexto de uma relação de trabalho na qual o network faz muita diferença na carreira, não existem contribuições de caráter voluntário. O bancário tem medo de não participar de uma confraternização, com receio de que isso possa prejudicá-lo. Da mesma forma que tem medo de negar-se a contribuir financeiramente”, afirma a dirigente do Sindicato e bancária do Itaú, Adriana Magalhães.
Outra questão que está gerando revolta entre os bancários é o envio de um link para que ANs (agentes de negócio) e GRs (gerentes de relacionamento) assistam à celebração dos seus gestores (gerentes gerais, regionais, superintendentes, etc.) pelo Teams, em um evento batizado de “Itaú em Movimento”.
“O que gera mais revolta nos colegas é a segregação, pois o suor de cada venda e do lucro bilionário do banco está nas mãos justamente dos GRs e dos ANs que passam pela humilhação de assistir seus gestores curtindo uma festa enquanto eles continuam trabalhando nas agências físicas e digitais”, protesta Edegar Faria.
O Sindicato entrou em contato com a Relações Sindicais do Itaú para cobrar que valores que já tenham sido pagos por bancários para custeio de confraternizações sejam devolvidos e que não ocorram mais cobranças deste tipo, sejam elas feitas de forma institucional ou por deliberalidade de gestores. Por sua vez, a Relações Sindicais se comprometeu a verificar os fatos e dar retorno para a entidade.
O bancário que se sentir pressionado a colaborar financeiramente com confraternizações deve entrar em contato com o Sindicato através do Canal de Denúncias, pelo telefone (3188-5200), chat, e-mail ou WhatsApp. O sigilo é garantido.