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Chapéu
'Inatingíveis'

Nubank implanta mudanças que geram sobrecarga, metas abusivas e demissões

Imagem Destaque
Imagem mostra uma trabalhadora com semblante preocupado, sentada diante de um computador, enquanto leva as mãos à cabeça. A imagem tem um filtro roxo e, do lado esquerdo, o logo do banco

Recentemente o Nubank adotou mudanças na área “Fraud - Investigative Operations”, o que tem gerado pressão para a obtenção de resultados, classificados pelos trabalhadores como “inatingíveis”.

Os empregados da área apontam excesso de metas e acúmulo de demandas (sobrecarga de trabalho). A análise de casos muda o tempo todo, gerando uma rotina de tensão e desgaste, o que tem levado ao adoecimento dos “nubankers”.

Relatos recebidos pelo Sindicato afirmam que a situação se tornou insustentável depois da nova regra que limita a apenas duas horas e meia por dia o tratamento de demandas do “pack”. O tempo exigido (“time spent”) é insuficiente para dar conta de todas as demandas estipuladas, e que se acumulam com as anteriores.

Demissões sem motivo no Nubank

Ainda em 2024, no setor de fraudes, ocorreram demissões de diversos funcionários e funcionárias que sempre se dedicaram, “vestiam e suavam a camisa roxinha”.

Esses trabalhadores foram demitidos mesmo entregando 95% a 99% da meta. Muitos estavam em tratamento de saúde e, ainda, passando por processo de mudanças em suas vidas. Mas, mesmo fazendo uma entrega próxima da meta exigida, foram demitidos sem qualquer falta grave.

O “time spent” (entre outras situações relatadas) tem causado muita cobrança. Também houve uma revisão das funções, ou “job”.

Trabalhar mais, sob mais pressão

O resultado, segundo denúncias recebidas pelo Sindicato, é que os empregados estão sendo forçados a trabalharem mais horas, sob mais pressão, para tentarem cumprir metas, por vezes, abusivas.

Análise de cadastrados e de e-mails, alterações nas pontuações, bem como as mudanças constantes na forma do trabalho tornam o ambiente muito difícil. É preciso uma revisão, sobretudo, na gestão de metas e entregas.

“Muita pressão por metas, e com a troca da liderança sempre, a cobrança muda o tempo todo. Isso só faz a gente adoecer”, relata uma trabalhadora.

“A fim de exigir o máximo de produção em tempo mínimo, a gestão do banco idealiza uma rotina de metas e de exigências impossíveis de serem executadas, causando apreensão, angústia e adoecimentos. O Nubank precisa redimensionar essas metas, sobretudo na área de Fraudes (“Fraud - Investigative Operations”), além de ter compromisso com a sociedade e com os seus trabalhadores, por meio da geração de novos empregos. E, com isto, reduzir a sobrecarga de trabalho na empresa.”

Marcelo Gonçalves, trabalhador bancário e representante sindical do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo

A reivindicação dos Nubankers é objetiva: um ambiente justo e equilibrado para todas as funcionárias e funcionários. Que respeite as pessoas, sobretudo a saúde dos funcionários. E o fim da instabilidade (demissões), recorrentes no setor de fraudes e em todo o Nubank.

Demissões deixam Nubank “nu” diante dos compromissos sociais

A taxa de rotatividade (leia-se demissões) na “Nu Holdings” saltou do alto índice de 15% em 2021 para uma taxa de 20% da força de trabalho em 2023 , segundo o relatório de ESG de 2023 do próprio banco.

Isto representa mais de 1.180 Nubankers demitidos, e significa que a vida profissional de um funcionário no “Nu” dura menos de cinco anos. Um dos maiores graus de instabilidades e de incerteza na carreira de um trabalhador no sistema financeiro.

“É urgente o desafio de superar essa realidade injusta. Não existe ou existirá uma economia ou empresa ética, mas que idealize ou ache normal ‘um funcionário executando a tarefa de cinco’, gerando sobrecarga e alta rotatividade, desemprego e desigualdades sociais. Isso seria uma aberração do ponto de vista civilizatório, se não ganância e avareza travestidas de inovação”, ressalta Marcelo Gonçalves.

É preciso uma séria contrapartida social e civilizatória

E como é possível reverter a situação na área de Fraudes (ou em outras áreas com situação semelhante) no Nubank?

Negociação séria e transparente entre a direção do Nubank e o Sindicato. Tratar de forma objetiva – e com soluções concretas – a sobrecarga de trabalho e as demissões;

Debater com seriedade a jornada de trabalho

Com um desempenho excepcional, ano após ano, o “Nu” tem condições de assumir uma verdadeira contrapartida civilizatória para com seus funcionários e com o Brasil: a redução da jornada de trabalho sem redução dos salários (tema que está na ordem do dia em todo o mundo).

Sobretudo diante do resultado conquistado e fruto do trabalho, suor e dedicação dos Nubankers: somente no 3º trimestre de 2024, o banco apresentou aumento de 83% no seu lucro, em comparação ao mesmo período de 2023.

Isto garantiu, ainda, um retorno sobre patrimônio (“ROE”) que chegou a 33% no “Nu“ (muito acima dos demais concorrentes). Esses resultados permitem uma contrapartida na redução da jornada que garanta melhores condições de trabalho e de valorização dos trabalhadores.

O Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo é pioneiro na discussão da redução da jornada de trabalho sem redução de salário. Importante relembrar que na Campanha Nacional da categoria, o Sindicato apresentou para os bancos e financeiras a proposta da jornada semanal de quatro dias de trabalho sem redução dos salários.

“Uma inovação civilizatória, e realidade que já existe em empresas com alta intensidade tecnológica e que se propõem inovadoras, éticas e íntegras com a sociedade, clientes e, principalmente, com os seus trabalhadores. Além de ser uma tendência internacional, como o movimento ‘4 Day Week Global’, com resultados surpreendentes e positivos para empresas e, sobretudo, empregados”, afirma Marcelo.

Para o dirigente, esta seria uma possibilidade para por fim à sobrecarga nas tarefas, cobranças exaustivas e na instabilidade na carreira dos Nubankers. Enquanto estimularia a criação de mais postos de trabalho.

“O Conselho de Administração do Nubank, para ser coerente com os valores “ESG”, precisa abrir essa discussão com o Sindicato e com os Nubankers. Em pleno século 21, são urgentes iniciativas inovadoras, mesmo que como um piloto, que valorize a qualidade de vida, seja no ambiente de trabalho, seja fora dele, pois há vida além do trabalho”, afirma Marcelo.

“A hora é essa, Nubankers. É a nossa oportunidade de nos engajarmos nessa luta urgente e histórica (e que é permanente) por uma jornada e semana de trabalho mais saudável. Mantenha-se em contato, conosco. Faça a sua sindicalização. E, principalmente, participe do Sindicato. É fundamental os Nubankers se somarem a toda a categoria bancária, ao nosso Sindicato, e a sociedade brasileira nesta luta”, enfatiza o dirigente.

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