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Prêmio CUT é reconhecimento a quem fez história

Linha fina
Sob o lema Democracia e Liberdade Sempre, cerimônia homenageou cidadãos essenciais para o país
Imagem Destaque

São Paulo - Qualquer pessoa que investiu pelo menos um dia da sua vida na luta por um país livre, com justiça social, emocionou-se durante a cerimônia do 1º Prêmio CUT Democracia e Liberdade Sempre. Entre os indicados, brasileiros com trajetórias de luta pelos direitos da cidadania. Muitos, mortos na defesa dessas causas, foram representados por seus familiares. Outros, que puderam comparecer ao evento na noite de terça-feira 13, foram unânimes em repartir o prêmio com todos que lutam e lutaram por um Brasil melhor. A votação dos premiados foi feita via internet.

Rosalina de Santa Cruz foi a primeira, vencedora na categoria de personalidade na luta na redemocratização, e dedicou o prêmio – um belo troféu criado pelo artista plástico Elifas Andreato – a seu irmão, Fernando Santa Cruz, morto em “muitos dos campos de concentração existentes aqui durante a ditadura”.

> Fotos: galeria com imagens da premiação

Com Rosalina, outra indicada arrancou lágrimas de parte do público. Maria Augusta Capistrano, do alto dos seus 93 anos, fez questão de permanecer no palco para saudar o marido David Capistrano – morto pela ditadura em 1974 – e David Capistrano Filho, “o médico dos pobres”. Ela mesma dirigente do Partido Comunista da Paraíba nos anos 1940, declarou: “enquanto estiver viva, estarei ao lado da luta dos trabalhadores”.

Frei Betto, premiado como personalidade na luta por democracia, cidadania e direitos humanos, ressaltou: “não somos concorrentes, somos companheiros. Prêmio social é para o movimento e não para a pessoa”. Um dos fundadores da CUT, Frei Betto lembrou do importante papel da central e em tom de brincadeira provocou: “Governo é como feijão, só funciona na panela de pressão”.

A farmacêutica Maria da Penha, que inspirou a lei que combate a violência doméstica, foi reconhecida como personalidade na luta pelos direitos dos trabalhadores. Participando da conferência de política para mulheres, Penha foi representada por Tião Simpatia, que leu um cordel sobre a lei.

Dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito de São Félix do Araguaia (MT), premiado como personalidade da luta por justiça no campo, não compareceu por questões de saúde. Enviou carta em que lembrou as palavras, sempre “modernas”, de Jesus de Nazaré: “Não podemos servir a dois senhores, o senhor do capital e o senhor do trabalho”.

O prêmio instituição de destaque foi para o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Gilmar Mauro, um dos coordenadores do MST, e Atiliana, viúva de Egídio Brunetto, homenagearam este líder do movimento morto em acidente de carro há duas semanas.

A cerimônia foi encerrada com a premiação de Luiz Inácio Lula da Silva, como personalidade de destaque na luta por democracia e liberdade, escolhido pela CUT e colaboradores do prêmio. Lula, que havia deixado o hospital há poucas horas, após a terceira sessão de quimioterapia em razão do tratamento de câncer na laringe, foi representado por Paulo Okamotto, diretor-presidente do Instituto Lula. Em carta, o ex-presidente da República agradeceu o prêmio afirmando estar “cheio de orgulho” pela indicação, “ainda mais se vem dos trabalhadores”.

Música – O evento, realizado no Teatro da Pontifícia Universidade Católica (Tuca), marcou os 43 anos da edição do AI-5 – que retirou direitos dos cidadãos durante a ditadura militar.

Apresentado pelos atores Paulo Betti e Ester Góes, a premiação foi aberta por um espetáculo musical com o maestro e pianista Wagner Tiso. O Hino Nacional foi cantado ao som de berimbaus e violas do grupo Teatro Popular União e Olho Vivo.

O trabalho realizado pelos blogueiros progressistas, em prol da democratização da comunicação, foi lembrado com homenagem a Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania. Os 100 anos de Carlos Marighella, morto pela ditadura em 1969, também foram lembrados.

O presidente da CUT, Artur Henrique da Silva, afirmou que a premiação – que deve se repetir em 2013, nos 30 anos da Central – tem duas tarefas. “Uma é essa de em 13 de dezembro resgatar a história de quem defendeu a democracia e a liberdade e continuar essa luta para que o período sombrio jamais retorne. Luta que envolve, inclusive, a transformação do modelo de sindicalismo no Brasil. Queremos a liberdade também para que o trabalhador possa decidir como organizar o seu sindicato, sem interferência do Estado. Por isso esse prêmio é parte de nossa campanha em defesa da Convenção 87 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), que trata da liberdade e da autonomia sindical”, encerrou.


Cláudia Motta - 14/12/2011

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